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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Together

“I can’t see me loving noboby but you. For all my life.
When you’re with me, Baby. The skies will be blue for all my life.
So happy together”.
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É noite fria de domingo, estou aqui no computador, de rádio ligado escutando aquelas variadas músicas minhas. Escrevo para você um pouco exausto, de vista cansada, levemente deprimido, faço você saber que foi muito divertido o final de semana, fui feliz ao seu lado e adotei os seus amigos como meus, dancei as melhores músicas e juntos compartilhamos a agitada madrugada de sábado. A última vez que eu o vi, ao crepúsculo desse fim de domingo ensolarado, você sustentava aquele sorrisinho largo que marcava as suas bochechas brancas, logo acima, seus olhos miúdos refletiam ternura comovendo-me. Desfaço das minhas ilusões idealizadas que construí enquanto cotidianamente pensava em você, serei aquela boa lembrança registrada no passado que perpetuará, se assim você quiser recordar de mim, enfrentarei a culpa com valentia, se a minha decisão for interpretada como precoce e impensada, por minha defesa me tomo de razão e digo que impensada nada há, ainda que precoce seja.
Acredito consciente que meu desejo de abandonar seus braços e não mais tocar seus lábios com os meus, é uma tarefa difícil e dolorosa, porém cabível e sensata. Embora essa decisão seja apenas para me preservar daquilo que vivi, o futuro me amedronta por que uso parâmetros do passado, de experiências empíricas, adotando a despedida como forma de minimizar esse apreço que tenho por você. Sinto uma imensa vontade de chorar, então que elas rolem, não vou inibi-las, são autênticas demonstrações de renúncia.
Ainda que eu espere juras de amor, cartas direcionadas a mim, ou talvez algumas gérberas vermelhas, laranjas ou amarelas, não conseguiria me privar do ciúme incontrolável, da possessividade momentânea, da vontade de saber como foi o seu dia, se sente a minha falta, se me trai.
Momentos memoráveis com você eu vivi, impossível esquecer. Trago agora as palavras, no momento que eu deveria trazer o contato físico, espero que me perdoe, mas o que me impede de te tocar agora é somente a distância geográfica, por que nos meus sonhos venho te tocando a cada noite solitária.
Sem conhecer você profundamente reflito, cansado e deitado, sobre a agradável maneira que me toca, o carinho com que se preocupa, o brilho dos seus olhos quando se aproximam dos meus, as mensagens recíprocas. Em compensação aborreço-me com o tempo que a nos é disponibilizado, a sua agitada vida social, a sua característica de libertinagem.
“Together” é a sua palavra favorita em inglês, que atípico, eu não tenho uma definida, mas eu gosto bastante da palavra em espanhol “Te extraño”. Espero que “together” possamos ficar bem, embora eu vá “extrañarte” um bocado.
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“Esto llegó a su final, cuanto te voy a extrañar.
Jamás podré remplazar tu amor ni repetir lo que logramos sentir.
Siempre estaré agradecido, amor. Tú me has dado lo que siempre soñe.
Y hoy te digo adiós”.

domingo, 23 de agosto de 2009

Algodão Cru


Protegido das águas de agosto e sentindo o ar frio que entra pela janela nessa manhã cinza de domingo, escrevo registrando os momentos marcantes do meu encontro com a felicidade. Bendita tecnologia que permitiu as trocas de recados via internet, de mensagens via celulares e longas conversas via telefone.
Aos seus olhos espero parecer sensato e que a tolerância esteja presente se interpretar essas linhas como uma confissão de brejeiro ou uma exibição cafona e desalinhada. Ainda que eu recuse a ser explícito e oculte o óbvio, confesso cobiçar o poder de ler mentes com o objetivo de conhecer com que freqüência os pensamentos seus são direcionados a mim. Você vestia aquela justa camisa de verão e tremia interiormente afetada pelo vento frio daquela noite que anunciava o final de semana. Dotada de um sorriso contagiante de lábios largos e olhos brilhantes, você abanava a mão por cima dos ombros para indicar que ali estava, rompendo o ar frio que sugava o pouco calor que existia dentro da minha jaqueta azul eu fui ao seu encontro retribuindo com um abraço tímido. Como exploradores sagazes de vidas particulares, conversamos. Eu te interroguei moderadamente e conheci seu cotidiano, sua paixão pelo inglês, a sua inclinação por músicas americanas e o desconhecimento desprevenido do encantador idioma espanhol.
Caminhei sobre um porcelanato bege e percebi uma combinação discreta com largas cortinas brancas parecidas de algodão cru. Bebemos aquela sua bebida favorita, dançamos, conversamos e nos beijamos sob uma fraca luz branca que eu desconhecia.
A noite era silenciosa, fria, aconchegante, envolvida pelos abraços carinhosos compartidos, despida pelas nossas poucas roupas, enevoada pelo nosso desejo e embalada pelas músicas de Frank Sinatra. Eu ainda me pergunto de onde é que vem esse dom de tocar, usando mãos de dedos delgados e brancos, um Celviano de três pedais, pousando o pé direito sobre o último pedal e extraindo dali: Aline, Roberta, Bach... Escutei atento como se fosse um concerto particular encontrando um espaço singelo recheado de um sentimento indescritível e novo que me invadiu e foram transformados em legítimas lágrimas mornas que chegaram sem apresentações. O Sol aqueceu a janela amanhecendo, e a noite se foi rápida. Naquele sábado de manhã fui pra aula, um pouco depois das dez, cheguei em uma rodoviária ampla, rodeada por árvores agitadas e de placas amarelas compostas por letras garrafais, fui de ônibus pensando, escrevendo e sentindo algo diferente sem designação.
Você entrou na minha vida insistente e apressada, contive você exibindo o poder da paciência, me surpreendi com a sua sensibilidade e a sua iniciativa de atos verdadeiros. Você se apresentou como uma pessoa encantadora e versátil, generosa e amável, confiou em mim me libertando e dentre as várias descrições que possa vir suceder de você, uma delas é de um exímia “jogadora de confete”. Imperdoável seria se eu esquecesse de agradecer as suas gentilezas em classificar o meu sorriso como lindo e a maneira como a minha prosa é escrita. E depois de tudo, as palavras me abandonam e eu penso que estarei ai presente se você conseguisse sentir o meu cheiro que adormeceu sobre os seus travesseiros de capas brancas e de uma colcha de letras pretas japonesas.

Angelo Ribeiro

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A escassez do tempo


É manhã chuvosa de uma terça-feira, ontem começou a chover, o tempo estava seco e o sol quase desaparecendo enquanto as nuvens escureciam o céu pintando-o de cinza escuro. Depois das férias ainda não me acostumei a dormir tarde e acordar cedo, ontem voltei às aulas, ontem voltei à rotina, ontem mais uma vez senti a sua falta.
Li seu e-mail na hora do intervalo, depois de tempo sem receber notícias suas, reconheço a sua falta de tempo, a intensa vida de trabalho misturada as viagens cotidianas. Fico feliz pelos meninos estarem bem e por você está se realizando, cada vez mais contente e esperançosa, ainda que a sua vida profissional tome o seu tempo todo, isso é bom se te faz feliz. Como fazíamos, eu te enviei uma música do Luis Fonsi e outra do Sin Bandera, combinamos de trocar textos, de publicá-los na segunda, mas eu entendo, o tempo é escasso e vai consumindo e espremendo, desprovendo oportunidades. Espero que em breve você consiga encontrar um lugar novo para morar, que sua casa seja confortável e que você se sinta bem evitando o ir e vir de todos os dias. Sempre é bom conversar com alguém que não esteja relacionado ao trabalho, gargalhando sentindo a felicidade caminhar pelo corpo, ainda que por pouco tempo ou uma ou duas horas na semana, conversar por telefone e ser feliz nas poucas horas estando junto de uma pessoa nova, secreta, que no primeiro momento, observamos com olhos receosos e exploradores, sentindo precocemente que compartimos de poucas coisas em comum. Aprovado, continue.
Pude perceber então que compartimos dessa tristeza do silêncio e do espaço que nos separa, sentimos falta dos diálogos freqüentes, e não compreendemos a falta de interesse que pensamos existir, que as respostas curtas esfolam machucando as expectativas.
Porém esquecemos por momento, que somos dotados de passado e história, de tristeza e alegria, de espaço e tempo, portanto não permitiremos pensar na solidão como companhia da saudade, nem que exista a falta de interesse ou que a nossa amizade seja abalada, somos mais que isso, pensemos então que estamos felizes atarefados, que os dias são recheados de organização e controle, imprevistos e desequilíbrios, lágrimas e risos, momentos de estresse, momentos de calma.
Aqui estarei como sempre, assim como eu sei que você estará sempre ai, como eu esperando novas notícias, como você pronta a recebê-las, talvez não respondendo imediato, mas tranqüilo por saber que não estamos longe mesmo que a distância prove que sim.
Um beijo.