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terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma inclinação momentânea

Você deve se lembrar de como é isso, uma ansiedade exagerada sem razão, uma situação meio Camões? O vento tem mais significado e as noites são portos seguros para a reflexão. Você se torna mais simpático com os livros e as músicas constantes que você ouve são telepatas de seus pensamentos tortuosos. As manhãs de outono são acolhedoras, ali, por volta das oito, um gentil sopro lhe toca, acariciando. Você se protege, mas ele não lhe abandona. Poderia falar do seu cabelo, mas é o seu sorriso que me fixo. Seria fácil descrever as suas mãos tão diferentes das minhas, no entanto são seus lábios que eu me dirijo, são eles, na ausência dos meus que me fazem tão pensativo. Entretanto um menino acredita que talvez não seja nada, apenas uma inclinação momentânea.

domingo, 8 de maio de 2011

Respirar

O relógio anuncia a aurora, embora eu não esteja convencido em me recolher.

Suspiro, maquiando os meus anseios, nessa madrugada de sábado. Espero ainda o seu telefonema, de noite tardia, de frases feitas, de sutileza contestável. O passado se tornou memórias saudáveis, combustível para a minha sensibilidade. Por aqui os minutos seguem horas improvisando o tempo, arremessando brisas, ajuizando lembranças.

Quem disse que sou um precursor do futuro, acredito que a minha estratégia me arruinou. Fui um papel sob a sua assinatura e agora desejo suas mãos me escrevendo, desenhando em um rascunho tão rabiscado.

E se respirar, um evento óbvio, fosse como metáfora para adicionar açúcar nas minhas horas amargas, assim eu faria delas palavras repetidas refletindo idéias embaçadas, um preço acordado por tanta distância. Seria por falar de amor que confesso que a frieza do outono desse ano me parece precoce e ilegítima.

Legião Urbana - Quase Sem Querer

terça-feira, 3 de maio de 2011

O tempo






Escrevo em uma noite fria, de brisa esperta que paira, que entra, que brinca, acariciando-me. A natureza está cada vez mais bonita, nas ruas as árvores estão completando o quadro perfeito que fora pintado sem registro. Sinto vontade de gastar tempo sem aprisioná-lo na circunferência do meu relógio de pulso. Caminho por ruas movimentadas pelas manhãs e respiro esse ar frio típico de um outono modesto. O céu azul em conjunto com o sol das nove me faz tão bem que sinto a felicidade se desenvolver lentamente dentro dos meus lábios que sorri sem eu perceber. Gosto tanto de recordar das pessoas que eu quero bem, dos meus amigos que não estão perto, da minha família que anseia pela minha presença no final de semana. Sou um jovem feliz, animado e realizado, sou um abençoado por tantas coisas invisíveis que me acontecem, de coisas que não posso mensurar. Conservo os sonhos com data para realizá-los, vivo o meu dia feliz sempre lembrando as pessoas ao meu redor que a felicidade existe e dependem da nossa força de vontade. Reflito com os problemas e tento solucioná-los, os obstáculos estão aos montes e os montes são escalados por pés corajosos e determinados. E penso que só podemos oferecer aquilo que temos, seria injusto exigir amor daqueles que não o possuem, seria infantil ditar regras e enquadrar tudo em uma fórmula específica, o tempo se encarrega de amadurecer o verde, às vezes o deixa podre, às vezes o transforma em admirável.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. - Eclesiastes 3:1