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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

As músicas me trouxeram aqui



 
As horas pintavam o passado cada vez mais veloz, a janela aberta balançava a cortina que dançava ao som de Je reste la même de Annabelle Mouloudji. Era tarde de uma noite fria, mesmo assim ela deixava o vento noturno roçar em sua pele eriçada. Desliguei a luz da sala e continuei ali, através da minha janela, observando ela se despir, imaginei-a com um jeans e um salto alto, estava com uma jaqueta preta que ao tirar reluzia, à luz da lua, uma saboneteira alva. Imaginei-a dançar por aquela sala enquanto se mantinha elegante e sedutora.

Liguei o abajur e se fez uma luz indireta, mantinha a esperança de que ela me notasse, que acenasse para o apartamento da frente. Estava pronto para retribuir com um sorriso e um gentil movimento de sim com a cabeça. Continuei ali, e ela continuou a dançar, estava feliz, parecia feliz. Eu costumava ser assim, calado sem coragem, não me atrevia tampouco a acender a luz, pensei que ela poderia se aborrecer ou encerrar aquele espetáculo tão prazeroso e bonito. Eu a queria e a observava.

Ela mudou de música, a noite estava tão silenciosa, ou eu imaginativo, que escutava La quiero a morir de Shakira, era aquela versão que ela canta em francês. “Que mulher fantástica”, pensei. A um piscar lento ela desapareceu, a janela continuou aberta, a morena de cabelos longos ausentou-se, meu rosto se entristeceu, minha consciência pesou, por pensar que, talvez, ela tivesse percebido aquele atrevido observador.

 Eu me lamentava, mirando apenas o meu assoalho gasto de madeira quando ela ressurgiu, ainda mais feminina. Continuava a dançar naquela sua sala escura, iluminada apenas pela luz daquela lua cheia que me ajudava a ser o perfeito investigador, que percebia tudo, cada passo, cada volta, cada sorriso.

Ela parou em frente à janela, começou a observar a rua deserta e com um simples piscar ela olhou na minha direção, eu ali, estático, acenou, eu não acreditei, acenou novamente, olhei ridiculamente para trás, e sorri, retribuí o aceno. Ela desapareceu da janela. Eu conscientemente pensei que ela chamaria a polícia, mas continuei ali. Ela voltou, acendeu a luz da sala e me convenci que, sim, ela também me observava, sorriu e mandou um beijo com as mãos, apagou a luz, fechou a janela, cerrou a cortina e fiquei sentado até amanhecer, imaginando se tudo foi um sonho maluco. Entendi que o que houve foi apenas um episódio das músicas que me trouxeram aqui.

domingo, 3 de novembro de 2013

O importante é ser



Ele chegou suado, por correr daquela chuva torrencial. Seus sapatos estavam molhados, grudado ao corpo, o uniforme encharcado parecia mais uma segunda pele, mas nada parecia embaçar aquele seu sorriso. Tirou as botinas, suas meias enlameadas e entrou em casa. Tomou banho, ajeitou o cabelo, vestiu seu jeans, uma camiseta de manga curta vermelha e se abrigou abaixo do guarda-chuva, para sair novamente à rua.
Naquela noite ele estava atento a toda a iluminação pública, as janelas do bairro, ora fechadas com cortinas enfeitadas por fitas e enfeites de pinheiro e azevinho, ora abertas com o peitoril exibindo presépios e pequenas velas de natal, casinhas iluminadas. Os pisca-piscas não faltavam, era de sua responsabilidade dar o charme para aquela época do ano. Aquilo o enchia de alegria, voltou a ser menino, era natal. Tocou a campanhia e aguardou, foi recebido com um grande sorriso por uma senhora de cabelos grisalhos curtos, entrou pedindo licença.
- Estou feliz por ter aceito o meu convite, Emanuel.
- Estou feliz por ter me convidado, Clarice.
A pequena casa estava iluminada por velas de mesa. Uma árvore de natal de um pouco mais de um metro iluminava a sala dando um ar de achonchego e paz. Clarice ouvia Vivaldi em uma vitrola de madeira.
- Sente-se, fique à vontade, vou buscar uma taça de vinho para você. Enquanto isso você poderia colocar esse disco que está sobre a mesa? Adoro as músicas dele, é uma noite para desfrutarmos suas canções.
- Claro!
Ele pegou o vinil das mais lindas canções de natal, ergueu a agulha da vitrola, trocou o disco, e começou alí jingle bells.
- Espero que o peru esteja saboroso, - ela disse sorrindo. Testei uma nova receita com ervas frescas, acredito que você vai gostar bastante.
Sentaram-se a mesa e comeram. Depois do cafezinho, ele retirou os pratos, colocou-os sobre a pia e se juntou a ela para voltarem a conversar.
- Como foi o seu dia? Ainda tralhando no jardim da Carmen?
- Terminei hoje, ficou muito bonito, sai de lá correndo e fui surpreendido no caminho por aquela chuva, mas nada que um banho quente e esse convite não me fizesse feliz novamente.
Ela sorriu timidamente e continuou: - É evidente o seu cuidado e o seu gosto por aquilo que você faz tão bem, com a sua ajuda eu consigo ter um jardim organizado e uma horta sempre bem cuidada. Mas me conte, onde está a sua família?
Ele ficou meio sem jeito com o elogio e surpreso por uma pergunta tão pessoal, mas estava tão à vontade e respondeu tranquilamente: - Desconheço onde vivem, na verdade não sei se tenho uma família, como todo mundo. Nasci em um orfanato e aprendi o ofício de jardineiro lá, gosto de cuidar da terra, de fazê-la produzir, isso me enche de alegria, trabalhar para mim é uma motivação. E você, Clarice, tem algum motivo por viver aqui, sozinha? Onde está a sua família?
Clarice se supreendeu com a pergunta, ergueu suas sobrancelhas, respirou e após uma pequena pausa respondeu: - Ah, jovem! Às vezes isso acontece, as coisas mudam, tudo que você acredita se vai e você tem que estar preparado para entender que nada é para sempre e o que o faz continuar é a sua vontade de viver e a sensação de produzir, de se sentir vivo. Eu vivo sozinha, mas não me sinto solitária, pois encontrei aqui um refúgio, um recanto de paz. Admiro você pela sua simplicidade e a maneira como você conduz a sua vida, você vai perceber que isso é fudamental. Com o tempo você vai perceber o essencial para estar feliz não é a sua posição social, seus bens materiais, as reuniões sociais, afinal você encontra a felicidade diariamente, se tiver tempo para percebê-la. Estar feliz é ter autoconhecimento, é saber o que te motiva, você será completo quando se conhecer, quando o importante é ser e não ter.
Ele a ouvia atentamente e quando deu meia noite, ela pediu licença, se levantou, pegou um embrulho que estava embaixo da árvore e disse:
- Emanuel, esse é seu presente!
Ele, emocionado, sorriu, a abraçou e agradeceu: - Muito obrigado Clarice, sinto em não ter nada a oferecer.
Ela sorriu novamente, o olhou nos olhos e disse: - Querido, você me presenteia sempre, o seu sorriso, a sua educação, seu cuidado e a sua amizade, são presentes cotidianos, é a essência do ser, se lembra?
Os dois sorriram juntos e aquela noite de natal foi espetacular para ambos que fortaleceram os laços de amizade em uma noite muito propícia.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Como eu me lembro dela




Sabe aquelas pessoas de quem você chega perto e se sente bem? Que desconhece e logo vira amigo e começa uma conversa entre risadas e quando vê já amanheceu? Talvez você já tenha tido alguma experiência assim, pois é, ela era assim. Cabelos castanhos curtos, com lóbulo colado e marcada por cicatrizes de acnes que adquiriu na adolescência. Seu sorriso era espontanêo e verdadeiro, tinha uma pinta na perna esquerda e suas sobrancelhas eram ralas, seus olhos miúdos e sua boca, hmmm... apetecedora. 

Gostava de gérberas e lantanas, seu perfume era frutal e não media mais que um metro e setenta. Conheci Jesse & Joy, Julieta Venegas, Bensé, Yiruma, Alexander Rybak e tantos outros cantores através do seu fone de ouvido. Descobri, que A festa de Babette,  Immortal beloved, Big Fish, Miss Potter e Orgulho e Preconceito estavam entre seus filmes favoritos. Aprendeu tocar violino, porque se apaixonou pelo protagonista Andrea de Ladies in Lavender. 

Tomava café sem açúcar e gostava de suco de caju, quando ofereciam doces a ela, pegava apenas um pedacinho, comia rápido e agradecia com um sorriso. A ouvi dizer que um quarto organizado com cheiro de lavanda, lençois e fronhas perfumadas com amaciante, pijama liso sem estampa a faziam feliz. 

A última vez em que a vi era manhã de sol, vestia uma calça jeans azul, um sapato preto e uma camiseta básica branca, estava com seus olhos úmidos, porque o rímel que usava estava borrando seus olhos tristes. Cumprimentei-a com um bom dia e perguntei se estava tudo bem, ela sorriu com o canto da boca e disse, quase sussurrando: “agora sim”. Foi o último dia que a vi. Ela deixou as lantanas, que plantara na entrada do prédio solitárias, e no meu coração um vazio que até hoje não foi preenchido.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Setembro compartilhado





Espero que esse mês se vá, carregando com ele essa saudade que ainda me anima, sinto como se ela fosse uma pequena menina, com mãos delicadas, estamos de mãos dadas, mas os dedos se afastam... Isso é maravilhoso, não? Está passando...

Ainda que tivemos uma história, ela ficará no passado, nos meses que antecederam a primavera, e a vida seguirá. Eu a escreverei em uma folha branca, sentado no sofá ouvindo a chuva, com o caderno recheado de lembranças. Por aqui chove pouco, mas parece um preságio de boas novas, aquelas que eu construirei com tudo que aprendi.

Ouço o barulho da chuva fina que cai lá fora, molhando telhados, folhas secas e flores soltas. É fim de setembro e espero que a água lave os restos da dor que ficou em mim, de um ano meio morto que finalmente se renova. Mas há coisas que nunca mudam. Cá estou eu, ainda, em meio a amores que me machucam dizendo palavras delicadas, a histórias que me arrastam em meio a um turbilhão do qual somente eu me vitimizo. E em meio ao silêncio entrecortado pelo vento, tomo a liberdade de me sentir tocado por coisas que não foram feitas para mim, e me deixam com um gosto amargo e doce n’alma.

domingo, 29 de setembro de 2013

Canções torpes


É madrugada de terça-feira e ainda sem sono, penso em você. Sim, é inevitável, brota em um instante o seu sorriso na minha mente e nos segundos seguintes meu sorriso também aparece. Ontem eu ouvi aquela música sem chorar. Tudo bem; confesso, fiquei saudoso, melancólico, pensativo, em silêncio, até ela terminar. Qual música? Ué! Aquela que decidimos ser nossa, que agora é apenas minha, porque você não está. Fui pego de surpresa, queria pedir para desligar o som, mas quem sou eu para impedir que ela tocasse o coração de outros apaixonados. Uma música bobinha, mas quem tem o poder de julgar uma canção que nunca teve um significado? As músicas são perfeitas para fazer isso, transformar seu sentimento em melodia. O estranho ou o natural disso tudo, desse turbilhão de sensações que sinto, é que ainda penso em como eu gostaria que fôssemos, usávamos os verbos conjugados no futuro e eu agora os conjugo no passado.
Sim, dói um pouco, mas logo passa. Como escreveu o escritor Caio Fernando, "vai passar não minto", mas sinceramente, desejaria que você cantasse Vambora da Adriana Calcanhoto. Apesar dessas reflexões eu acho que está passando, e essa sua ausência está me fazendo bem, já não mais encontro você nos meus sonhos e as noites têm sido mais calmas, ainda que continue escrevendo sobre você, porém, isso deve ser natural. No silêncio, finjo ser forte e me refugio na leitura como escudo emocional. Tenho pensado menos em você e espero que o tempo cuide dessas minhas esperanças ilusórias. A curiosidade me toca quando beira às dez e penso no que você está fazendo, no que ocupa seus pensamentos. Talvez apenas o trabalho ou um novo amor brotando em um solo do qual fui removido. Cumpro os afazeres cotidianos por obrigação, e sigo respeitando o seu silêncio como forma de agradecimento por me tornar tão sentimental. Embora gostaria que fosse diferente, que você me ligasse, que me fizesse suspirar novamente, porém compreendo, nada me fará esquecer que gostava de como você reagia às minhas cócegas, da comunicação graciosa do seu sorriso com os meus lábios, do meu olhar a encontrar você. Aquele brilho está aqui, um pouco apagado, mas vivo, belo e adormecido. Racionalmente já não consigo te descrever com adjetivos de coragem, astúcia, verdade, sinceridade, qualidades que lhe serviam tão bem, no entanto, agora, seria incapaz de usá-los para tal fim. Continue assim, longe de mim, até que esse sentimento evapore, liberte-se e eu consiga ouvir novamente essas canções torpes sem pensar em você.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sensatez




E tudo passou como uma tempestade, você chegou, revirou tudo e se foi sem se despedir.
Ainda conto os sessenta segundos que preenchem os meus minutos solitários. Escrevo para que você me leia, ou não, na verdade, não quero que me leia. Se por acaso, isso acontecer, não demonstre pena, fique feliz, pois você foi o motivo de tantos sentimentos florescendo. A confusão paira por aqui e a tranquilidade me abandonou, já não consigo dormir após as 22 horas e a noite só me acalma depois que consigo alcançar o sono exaustivo que o corpo consente. As manhãs chegam rápidas e a minha motivação para trabalhar é preguiçosa. Ainda me arrisco a imaginar a presença dos seus lábios a centímetros dos meus, seu toque suave brincando com as minhas risadas frouxas, a sua voz ao telefone me despertando. Às vezes te quero bem perto, mas sua existência geográfica não permite e isso me priva de expor todo o meu desejo de te alcançar. Não consigo disfarçar essa tristeza que me enche por dentro, tampouco demonstrar a minha insatisfação perante esse tempo longe de você. Estou sendo sincero e medroso, pois, sei que você poderá julgar como um ato precipitado, meloso e louco. Sinto em dizer que não quero mendigar atenção, não quero ficar longe de você por um tempo indeterminado a espera de horas de abraços limitados pelo tempo. Quero que saiba que estou apaixonado e que a sua presença me deixa tão feliz a ponto de explodir. Mas tenho que ser sensato e dizer a mim mesmo que posso estar fantasiando. Não quero ser seu dono, o cobrador, o solicitante, o inventor de encontros, situações que, a meu ver, parecem ser confortáveis apenas para mim. Confesso que fico esperando sua ligação, uma mensagem ou algum contato imediato. Sofro pela distância e tento não transparecer que estou chateado. Mas também nada posso cobrar de você, tampouco da gente, estamos nos conhecendo e é esse período que devemos avaliar. Por favor, seja sincero com você mesmo, se estiver passando por uma fase na sua vida que a responsabilidade de um relacionamento for pesada, não me ligue mais, só me posicione com a certeza de que entendeu os meus motivos para encerrar uma história que não passará setembro. Hoje eu li isso: “Esperar dói, esquecer dói, e não saber se devemos esperar ou esquecer é a pior das dores”. Acredito que não saber é a  pior das dores, por isso escolhi esquecer.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Amanhã é uma incógnita




Amanheceu e o sol estava escondido entre nuvens cinzas, a manhã era fria, e ele tinha que trabalhar. Tomou um banho quente, daqueles em que o banheiro é todo preenchido por uma neblina espessa. Passou a sua camisa branca enquanto o café estava sendo preparado na cafeteira, tomou meia xícara e partiu para mais um dia de trabalho. O trânsito estava péssimo, se irritou com a demora. Com todo esse cenário, ligou o rádio e nada de música, ficou irritado novamente. Murmurou algumas palavras, pegou o pen drive na bolsa e inseriu no rádio para ter uma surpresa.

Oi, amor

Talvez você esteja em algum lugar diferente, ou somente indo ao trabalho, espero que esteja bem, gravei essa mensagem para quando eu não estiver perto de você, ou não possa olhar pra você e te acalmar. Sinto a tua falta, mas em breve estaremos juntos.

Ao som instrumental de All you need is love, ele ouviu atentamente.

Querido, nunca conseguiremos superar a perda de alguém, afinal estamos condicionados a pensar que as pessoas são imortais, não é mesmo? Mas não são, ninguém é! Por isso, por favor, revise seus julgamentos bobos, não há motivo para menosprezar, agir de uma maneira mal educada, apenas por divergências de opiniões. Vamos viver a vida como uma passagem, com amor ao próximo, e se você é incapaz de aceitar certas coisas, silencie-se! Não deixe que o veneno seja proferido, pois, o arrependimento só o tempo e a reflexão o trará e isso pode ser um pouco tarde! O mundo precisa de amor, ser amado, ame! Eu amo você.
Se começarmos a enxergar a nossa vida como uma breve passagem, algo em torno de décadas, poderemos entender que não são mais necessárias as brigas, o orgulho de ter a opinião atendida, a felicidade mascarada por sair vitorioso em uma discussão que não tem um caminho para o crescimento mútuo. Sentiremos que é vazio persistir em um caminho, em uma busca de entender tudo e fazer com que a nossa vontade prevaleça. Então, sugiro partirmos para o que realmente interessa, a vida. Vamos viver de maneira menos intrigueira, menos nefasta. Se algo nos incomoda, tentemos nos colocar no lugar do outro, dialogar de maneira saudável e se não der certo, teremos ao menos em nosso íntimo, a certeza, que fizemos a coisa certa para prosseguir de uma maneira conciente e prática. Se pensarmos racionalmente no que nos motiva, nos faz feliz e nos impulsiona para uma melhor qualidade de vida, observaremos atentos que todos os nossos sonhos são comuns. Portanto, se há a possibilidade de amar, amaremos, se existe chance de conversar, conversaremos. Não deixe que o medo, o orgulho, a vaidade tome conta de suas ações, faça diferente, construa o seu bem estar, agindo da maneira como gostaria que tratassem você, afinal precisamos de cada um em nosso caminho e cada ser é responsável por nos tornar uma pessoa melhor. Agradeça por mais um dia, por sentir vontade de mudar o seu futuro, por ter a chance de se tornar melhor. Ao meditar, peça entendimento, maturidade, paciência e palavras gentis para contornar qualquer possibilidade de discussão infundada. Respeite o outro, e se não concordar com ele, reflita! Pense um pouco mais e entenda que nada na vida é padronizado, perfeito, conforme suas concepções, tudo está inserido em uma diversidade incrível, por que você quer que tudo saia da sua maneira? Talvez seja isso que o incomode tanto, aprenda a aceitar e a respeitar você, acredito que assim o mundo parecerá familiar e com certeza você se tornará uma pessoa mais feliz.  Tudo o que você precisa é de amor! Ame, ame tudo como se hoje fosse seu último dia aqui, afinal amanhã é uma incógnita.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um menino de virgem




Ele nem acreditava em signos, mas, às vezes, se perguntava porque buscava a combinação entre virgem e sagitário no horóscopo. Um menino tão racional que ficava irreconhecível quando tomava uma atitude tão peculiar em comparação ao seu jeito metódico. Era uma coisa incrível, ele começou a recortar os trechos de músicas que o agradavam e singelamente escrevia em post-it e colava no seu computador como forma de recordar o que ele estava vivendo a semanas. Ficava esperando o seu celular soar aquele barulho de mensagem e sorria ao imaginar que fosse ela, mas não, era apenas mais uma mensagem da operadora avisando que seu celular precisava de créditos. Pablo Neruda, Mario Benedetti e Jane Austen faziam com que ele entrasse em um mundo de fantasia e romantismo, ele queria escrever a ela com trechos que o faziam voar, mas tinha cautela, o medo o fazia prender a vontade de enviar, pois não queria parecer “meloso” demais. As músicas que ouvia, no seu quarto antes de dormir, eram poemas cantados aos seus ouvidos e seus pensamentos eram como vontade incessante de estar ao seu lado. Ele se sentia feliz e se sentia triste, seus sentimentos eram como montanha russa, às vezes se sentia completo e apaixonado, outrora frágil e solitário. E esse turbilhão de emoções, não sabia explicar. E tudo que ele fez foi pensar, até que decidiu alterar o seu modo de vida. Não mais viveria na ânsia de imaginar, daria o que tinha, só receberia o que fosse entregue, não faria exigências, ainda que a intenção era fazê-las. “Que seja eterno enquanto dure”, pensou. Conheceu o monte Brasil, pois ninguém sabia dizer o que seria isso, descobriu que esse lugar ficava na freguesia da Sé, Angra do Heroísmo, nos Açores, em Portugal, na costa sul da ilha terceira. Aquela imensidão azul e verde, que lhe transmitiu grande felicidade em contato com a natureza. Assistiu o filme 50/50 e se identificou com o estilo de vida do protagonista, tão igual ao seu. Ouviu Ricardo Arjona todas as noites de terça e se matriculou em um curso de espanhol, para tentar entender melhor as metáforas do artista. Nas noites de sexta ouvia Carla Bruni, estudou o francês online, aprendeu como se dava bom dia e como agradecer, e dizia essas pequenas expressões mentalmente quando falava com alguém. Tentou ler a versão original de Orgulho e Preconceito, parou no segundo parágrafo e releu a versão em português. Experimentou Subji, um prato feito com vegetais cozidos e arroz, e acabou por perder a sua antipatia pelos legumes. Mudou a estratégia, resolveu adotar uma maneira diferente de viver a vida, não mais queria fazer o típico, o trivial, passou a encarar a vida como uma aventura cotidiana. Tornou-se mais gentil, aprendeu a recusar quando não desejava fazer alguma coisa e passou a ser mais paciente. Essas novas atitudes tornaram-se exercícios diários. E depois de todas essas novas experiências seguiu o seu caminho com mais ânimo e vontade de modificar o seu futuro, afinal se temos um presente, por que não torná-lo especial?

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Primeiro de Agosto

"Quando a toco sinto como ondas frenéticas invadissem meu corpo, fazendo com que minha sanidade se perturbe. Careço de entendimento para definir tal sensação, seria precoce dizer que é algum sentimento? Ainda que quando a distância nos separa é o meu coração que desperta por você, é o meu primeiro pensamento ao acordar e o último que me acompanha ao adormecer. Confesso que temo que tudo que vivo seja algo efêmero, e ao terminar agosto, essa sensação não conheça setembro".

sábado, 8 de junho de 2013

Eu já não mais me decepciono com as pessoas


Era uma manhã de domingo, daquelas que o sol invade o seu quarto e aquece os pés da sua cama. 
A claridade permitida pela janela aberta o fez acordar como todos os dias. Ele se levantou, se espreguiçou, escovou os dentes, fez café e encarou aquele domingo como um dia diferente. Tomou banho, colocou o seu tênis e resolveu caminhar um pouco para pensar. Estava decepcionado com as pessoas, com sua vida, com a sua rotina. 
O trabalho estava demais, seus amigos também envolvidos com seus afazeres se afastaram e ele não parecia não ter uma razão para continuar. Caminhando pela avenida ele avistou aquela praça, aqueles bancos de madeira, pintados de branco, a natureza em volta o convidava a sentar ali, pensar e meditar um pouco. Aquele momento foi decisivo para ele mudar a sua visão sobre a vida. 
“Bom dia”, ele disse àquele senhor que estava ali, sentado no banco, dando farelo de milho aos pássaros. “Garoto, porque essa cara de pensativo? Parece triste? Aconteceu alguma coisa?” Ele ficou surpreso pela indagação daquele senhor, pensou se estava assim tão nítido o seu desânimo e respondeu monossilábico: “sim”. O senhor sorriu, como se não acreditasse naquilo. E continuaram ali por mais alguns minutos em silêncio, até que o senhor perguntou novamente: “Você está vendo esses passáros? Eles não se preocupam muito com o que vão comer, ou como suas vidas, aparentemente, parecem monótonas e sem novidades, é assim que temos que refletir sobre as nossas relações.” 
E mais uma vez o menino, de moleton e tênis, não acreditava naquele monólogo, mas resolveu conversar com aquele simpático senhor. “Sabe, quando você está decepcionado com as pessoas ao seu redor? Quando todos parecem fazer coisas que você não concorda e isso afeta você de tal modo que a sua vida pede uma mudança? Estou me sentindo assim. O trabalho está sugando as minhas energias, não tenho tempo para fazer as coisas que gosto, me afastei um pouco da minha família e meus amigos devem estar também ocupados com suas rotinas inevitáveis, isso tudo está me deixando sem perspectivas para continuar.” 
O velhinho escutou todo aquele desabafo atentamente e o perguntou se era permitido dizer o que ele pensava, e o menino, como se pedisse isso, abaixou a cabeça e disse um sim quase inaudível. 
“Jovem, a vida o tornará mais forte se você conhecer seus limites, se você disciplinar suas emoções e entender as pessoas. São essas experiências que o moldará, que o fará com que esteja pronto para novos desafios, o que acontece com você hoje é um exercicío para alcançar degraus superiores. 
Você precisa confiar em você, é necessário acreditar que tem um coração forte, não precisa se envergonhar de nada, não deve se sentir impotente, deve conhecer seus limites, isso é uma atitude sábia. Já tentou dizer que tal trabalho você não poderá executar naquele momento?Ou se dispor em fazer em um futuro próximo? Abraçar o mundo é um erro, você ainda não tem toda a bagagem necessária para fazer isso, afinal nunca podemos acreditar que podemos fazer tudo e agradar a todos, isso se chama humildade, ela o faz reconhecer que somos pequenos, porém capazes de fazer tudo, dentro do nosso limite. 
Sobre disciplinar suas emoções e entender as pessoas, acredito ser o essencial para se sentir bem.Ninguém é igual a ninguém, vivemos em um mundo em que nada é igual e querer que todos ao nosso redor atendam as nossas expectativas é encarar a vida com olhos superficiais e imaturos. Pense que as pessoas que decepcionam você, na verdade, não decepcionaram você, mas a fantasia que você criou de como elas deveriam agir, elas agem do modo que são e aprenderam.Foi você que criou essa fantasia e com base nessa percepção limitada e isolada, você se decepciona. 
Sugiro que mude de atitude e passe a encarar as pessoas com suas virtudes e defeitos, que o que fazem não é para afetar você diretamente, elas somente realizam ações conforme aprenderam, um mecanismo de viver de acordo com os seus ideais. Entender isso é se bloquear de sentimentos de decepção, tristeza que desmotiva e viver direcionando o seu crescimento, aproveitando as oportunidades de lidar com conflitos e amadurecer.” 
E o menino ouviu cada palavra do senhor, refletindo a cada frase, e perguntou: “Seria eu assim tão ingênuo de acreditar nas pessoas e permitir que façam coisas que me ferem?” 
E o sábio sorriu e começou a falar: “Jovem, é tão natural esse seu questionamento, quanto é a fotossíntese para essas árvores. Não se preocupe em pensar o que os outros pensam sobre você, afinal não temos responsabilidade sobre os pensamentos alheios, cuide do seu caráter e em não ferir o seu próximo, cuide de executar suas obrigações de maneira correta, seja simples, entenda que cada indivíduo erra assim como você.
Peça desculpas se magoou alguém, seja sincero com você mesmo e acredite que a vida só trará a você oportunidades, mesmo que no primeiro momento você acredite que não são.Confie nas pessoas, elas são maravilhosas. 
E quanto ao amor, esse sentimento difícil de descrever e definir, sugiro que medite sobre a frase do escritor português, Fernando Pessoa: Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.” 
E depois de toda aquela conversa, o jovem se tornou mais confiante, agradeceu ao senhor por suas palavras de incentivo, apertou a sua mão direita, sorriu, levantou, e partiu para mudar a sua rotina.

domingo, 5 de maio de 2013

Alguém que eu costumava conhecer


Sinto escrever a você essas linhas verdadeiras, alguns dirão que é somente mais uma jovem desiludida e melancólica, porém, você não julgará assim, pela nossa amizade que a mim é cara, acredito que me entenderá perfeitamente.

Aconteceu a pouco mais de uma semana e ainda estou me recuperando, tentando sair daquela rotina diária que me acompanhou por tanto tempo. Sofro por pensar em tê-lo perdido, todavia me alegro por deixá-lo livre para seguir o seu caminho, já que agora receio mais nada tenha a acrescentar. Às vezes, a saudade me estrangula e a minha companhia são as músicas francesas, ainda que nada entenda, a melodia me conforta, canto ao coro de loucos por repetir sem nada entender. Por aqui as noites são diferentes e parece que não me reconheço e o desejo de abandonar essa fase tão dolorosa é tão urgente, sigo refém do tempo, na esperança de aprender algo com essa situação. Escrevo para tranquilizá-la, para poder contar a você como tudo acabou e, desta forma, posso colocar tudo em ordem, ao menos no papel.

Talvez agora, você consiga entender a minha ausência e reclusão. Espero a tempestade passar para ver os raios solares novamente. Saiba que a minha rotina não foi alterada, continuo com as minhas obrigações diárias e maquio a minha dor com um sorriso disfarçado. Escrevo-te com palavras recheadas de sentimentos tristes, mas quero dizer que sofro racionalmente e que sei que como a felicidade não é para sempre, a tristeza nada mais é que um descanso para a reflexão. Sinto-me privilegiada por ser dotada de tal amizade e a liberdade de te escrever me acalma.

Já não estava mais feliz e tampouco acreditava em uma recuperação desse amor, que não fora cuidado por tanto tempo. Não consigo entender como me mantive presa a algo que não existia, porém, só agora tive coragem para romper com alguém que eu costumava conhecer.

Espero que o tempo cuide das cicatrizes e me faça entender esse processo.

No próximo mês estou pensando em visitá-la, gostaria de saber se você estará disponível, pensei em irmos até o sítio do seu tio e passar um final de semana diferente. Poderíamos levar aqueles nossos Cds antigos, convidar alguns amigos da faculdade e promover um reencontro, acredito que seria uma experiência incrível.

Por favor, me escreva o mais breve possível.

Estou me sentindo bem em poder compartilhar isso tudo com você, quando receber essa carta, pode me ligar se quiser, vai entender que preferi transferir toda essa história para o papel como uma forma de descrever essa crise de maneira linear.

Nos falamos em breve, saudades de você.

Um grande abraço.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Não inveje!

 
 
"Não inveje com olhos o bem do seu irmão, pois é desconhecido pra você o presente que lhe é separado. Sinta-se feliz por compatilhar a felicidade com ele e siga a confiança do que é seu, está esperando a hora para você alcançá-lo".

Não posso!

"- Você já se sentiu assim?
- Assim, como?
- Meio triste e desanimado, cansado e pronto pra fugir?
- Fugir? Fugir pra onde?
- Sei lá, para algum lugar.
- Ah, claro. Mas eu não posso.
- Ué, porque você não pode?
- Porque eu não posso abandonar a minha oportunidade de me tornar mais forte".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O que você está esperando?


Morávamos no campo, onde as árvores pareciam mais alegres e o vento as tocava sem cessar. Um conjunto harmonioso entre a natureza e a humanidade que me encantava. Observei que sobre seus cabelos ondulados, o sol a aquecia naquela manhã de sábado. Ela despertou com a mesma palidez de sempre, seu caminhar paciente e seu avental florido, acompanhado do lenço no cabelo, a tornavam um personagem ímpar.
Sua rotina era preenchida entre os afazeres domésticos e o cuidado com os animais.
Foi em uma manhã qualquer que tudo mudou. Ela apareceu sem o seu lenço matinal com os cabelos curtos, e no seu corpo delgado um vestido azul a trazia de um lugar que eu desconhecia. Parecia cantar enquanto dava de comer aos carneiros, parecia ter se encontrado e querer aproveitar mais a vida.
Eu a analisava através da janela do meu quarto, enquanto eu ainda estava na cama e o sol me despertava com aquela luz, ela já estava em pé, e eu, sentado na cama, abria a cortina e a via.
O que essa menina estava esperando para aproveitar realmente a vida? Porque demorou tanto para aparecer, sempre escondida por trás daquela fantasia.
Ouvi a sua voz, ela parecia cantar “Je Veux” de Zaz, sim, ela cantava: “Je Veux d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeurc' n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur, moi j'veux crever la main sur le coeur”. Como isso era fantástico, ela mudou, parecia uma mulher mais feliz, transpirava felicidade e sua voz estava tão doce quanto o seu sorriso delicado. Fiquei empolgado com aquilo. Acredito que acordei realmente e pensei, o que eu estou esperando para mudar? Criei coragem e a abordei, e descobri que aquela moça, aparentemente frágil, era mais incrível que eu imaginava. Depois de algo que aconteceu em sua vida, que a transformou, ela resolveu mudar seu destino, aproveitar a natureza, compartilhar músicas, ensinar e aprender, sorrir após o bom dia, prestar atenção ao seu redor, pedir ajuda, focar na felicidade e compreender que vivemos em um mundo efêmero, no qual tudo muda, se você quiser.
E a partir daquela conversa, nos tornamos amigos, ela me ensinou a tratar os animais, como colher morangos e decorei Je Veux. Aprendi sobre plantas medicinais, geografia e um pouco de magia.
Era muito engraçado quando chovia e estávamos no meio do campo, era correr ou aproveitar a chuva, escolhíamos molhar a roupa, tirar o sapato e correr entre o capim molhado enchendo nossos pés de barro, era incrível, era a felicidade invisível invadindo e fortalecendo a nossa amizade.
E como chegou, ela se foi, aconteceu assim, um dia não mais a encontrei e boatos alcoviteiros anunciaram a sua partida. Meu mundo pareceu ficar cinza, mas pensei: eu tenho escolha! Ou fico triste, ou entendo e sigo em frente. Escolhi ser feliz e agradecer por aquele momento em que não esperei algo extraordinário acontecer para eu ser feliz, eu parti para a felicidade e a descobri. Obrigado moça de olhos e cabelos castanhos, por impulsionar a minha escolha.

domingo, 6 de janeiro de 2013

O Paraíso dos Meninos


Foi em uma tarde de segunda-feira, depois do almoço, estava eu correndo à beira da estrada procurando a mangueira que recheada de mangas amarelas me convidava a escalá-la, eu conheci a amizade. O chão parecia um tapete de retalhos, misturado com capim verde, pedras sujas de terra e folhas secas. O vento era veloz, anunciava uma tempestade iminente, roçava meus cabelos curtos e me fazia cócegas. Ali, as tardes eram rápidas, pois a felicidade não tinha figura, era abstrata e presente.
Quase sempre depois da escola, deixava minha mochila na cama, tirava o uniforme e encontrava com você, debaixo daquela mangueira que chamávamos de castelo de Bodiam, só porque estudávamos, naquele ano, tais curiosidades infantis. Tínhamos uma casa na árvore, estilingues usuais e os de reserva, facas de serra para cortar folhas e um balanço com um pneu enorme de caminhão.
Nessa época eu não sabia o que era trabalho – a não ser os da escola – não imaginava como alguém poderia ficar nervoso por ter tantos compromissos e não saber recusá-los. Não conhecia a palavra responsabilidade, essa condição que os adultos devem ter de arcar com o próprio comportamento, errávamos, chorávamos, pedíamos desculpa e íamos dormir. No outro dia, tudo estava bem.
Não me lembro exatamente como foi, como aconteceu, se foi algo repentino ou gradual, mas acredito que foi ali que conheci a amizade. E é esse sentimento que me impulsiona a escrevê-lo, independentemente de saber se você lerá ou não. Eu tenho que manifestar essa saudade que me invade quando vou ao mercado e tenho nas góndolas mangas maduras, quando me sento na varanda e aquele vento me traz a lembrança daquelas tardes memoráveis.
Hoje estou aposentado e vejo meus filhos em duas ocasiões anuais: no Natal e na última semana do ano para entregar a declaração de imposto de renda. A vida por aqui não é nada má, porém, já perdi aquela energia que tínhamos ao nos lançar do tronco do castelo de Bodiam ao chão, para mensurar a nossa capacidade de heróis, de ser ágeis e fortes.
Sinto falta de conversar com você, de brigar por ideais idiotas e fazer as pazes com nosso dedo mindinho. Soube que sua saúde está debilitada e que o vento não pode tocá-lo com tanta agilidade, por estar frágil, alguns cuidados são necessários, porém soube também que a sua coragem permanece a mesma e o brilho dos seus olhos ilumina a esperança da sua esposa.
Meu amigo, escrevo a você com o desejo de que melhore, porém, se assim não for possível, desejo que se lembre da nossa amizade, que embora distante, permanece viva dentro dos nossos corações. Que a paz o acompanhe e que você sinta-se feliz.
Foi por meio de você que esse sentimento brotou dentro de mim. A amizade é fruto da compreensão, da capacidade de entender as falhas, as ideias contraditórias, as diferenças. Amigos são imperfeitos, pois como disse Fernando Pessoa: “O perfeito é desumano, pois o humano é imperfeito”.
E quando chegar a nossa hora, saberei refletir como um velho sábio e dizer adeus como uma criança alegre que já esteve no paraíso, aquele em que sorríamos e brincávamos: o paraíso dos meninos.