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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Feliz natal, leitor!

Há tempos que não escrevo por aqui, por isso venho contar a vocês o motivo. Estudo em Aveiro, Portugal desde agosto e tem sido uma experiência muito agradável. Sou estudante intercambista do Programa de Licenciaturas Internacionais – PLI, uma parceria da minha universidade: UFTM – Universidade Federal do Triangulo Mineiro com a Universidade de Aveiro.

Para quem quiser saber como tudo aconteceu, vou deixar nessa postagem os links que direcionam ao Blog do PLI, esse blog é uma iniciativa da minha orientadora para registrar a minha estadia aqui. Escrevo uma vez por semana um texto novo, portanto o “Asas” fica meio de ladinho, mas é por uma boa causa. Gostei dessa ideia, de ter um blog, afinal me faz escrever mais e no futuro eu poderei recordar com mais exatidão tudo que eu fiz por aqui. Acreditam que eu já escrevi 21 textos? Pois é!

O inverno chegou na quarta-feira, dia 21, e se prolongará até o próximo ano, mais especificamente até o dia 20 de março. É o meu primeiro natal com frio, portanto é atípico para mim. Por aqui o sol não aquece como no Brasil e o vento é uma presença constante nas ruas. Andar de bicicleta faz com que as mãos fiquem muito frias, luvas são necessárias. A umidade do ar também é algo a se perceber, cobre tudo como um manto invisível. Sempre me dou conta ao pegar a minha bicicleta no estacionamento da universidade ao voltar pra casa. Toda molhada.

Na quarta-feira passada tive a minha última prova e a partir de então estou em férias teoricamente. Só preciso entregar agora o meu estudo orientado. Estou lendo sobre educação literária, literatura Infantojuvenil, leitura e mediação. Estou gostando muito desse tema, ainda mais que a minha orientadora é uma querida, de olhos alegres, de sorriso fácil, um poço de gentileza e inteligência.

2016 me trouxe muitas experiências boas. Conheci Belo Horizonte, Aveiro, Porto, Coimbra, Valência, Paris. Aprendi sobre variação linguística, prestígio e preconceito linguístico, crenças e atitudes linguísticas, as três ondas da sociolinguística. Estudei Literatura Infantojuvenil, Literatura Portuguesa. Fiz Ioga e tentei aprender inglês novamente. Estou muito feliz por escrever esse texto, pois lá no futuro eu poderei ler e ver esse pequeno resumo da minha vida, e talvez pensar: Poxa, que bacana!

Gostaria de finalizar esse texto agradecendo você, leitor do Asas, obrigado! De vez em quando eu apareço para contar algo, para dividir algumas outras experiências, daqueles textos loucos que eu sempre posto aqui, que você já bem conhece. Feliz natal e um próspero ano novo.


Até daqui a pouco. 

domingo, 20 de novembro de 2016

Obrigado por ser


Há algum tempo tenho vontade de conversar contigo, mas nunca consigo tempo e nossos encontros são muito rápidos. Gostaria de compartilhar algumas linhas com a senhora.

Desde que a conheci, por meio de nossas aulas, pude perceber que se tratava de uma profissional ímpar. Longe de elogios infundados e frouxos, escrevo com a total convicção de que estas poucas linhas nada possuem a não ser o objetivo de tentar agradecê-la e mostrar o quanto a sua condição, de educadora, me faz feliz no meu caminho de aprendiz.

Escrevo para externar esse sentimento de admiração, de exemplo, de orientação a que me proponho a seguir.

Cada indivíduo tem a sua maneira de expor seus anseios, dúvidas e admiração. Confesso que não conseguiria ordenar as minhas ideias em uma conversa de minutos e me esqueceria de pontuar os fatos. Por isso, optei por fazer essa pequena análise. Vale lembrar que não desejo nada, além de agradecer.

Confesso que é desafiador o exercício da leitura e escrita e os faço com o maior cuidado, ainda que não consiga uma nota a altura do que eu pensava, mas não estremeço, me vale de incentivo para melhor entender e prosseguir.

Gostaria de agradecer o cuidado em me orientar, a sua delicadeza ao nos tocar com as palavras. Gosto de saber que existem pessoas como à senhora e que o mundo pode contar com seres que se dedicam, estudam e empenham-se para a educação de seus iguais.
Sinto-me feliz quando ouço em seu discurso matutino, pequenos enxertos de sua vida cotidiana, sua relação com a literatura, a leitura e pequenas histórias que exemplificam tão pertinentemente a disciplina.

A sua aula tem me transformado intimamente e tenho me dedicado a observar coisas antes não percebidas, tais como: o importante contato das crianças com a literatura, e a especial atenção às competências comunicativas e reflexivas que podem conduzir o ensino. Isso me traz uma vontade de aprender ainda mais e nada é pesado. A vontade sustenta o saber.

Gostaria de dizer isso para que tenha um exemplo do grande poder que um educador tem na vida do educando. É claro que esse poder é conhecido e muitos trabalhos têm sido feitos acerca dos benefícios de um bom professor, mas nessa carta quis abordar minha experiência pessoal.
Por favor, continue assim, continue desenvolvendo novos seres humanos com esse mesmo carinho e profissionalismo que me tem cativado.

Obrigado por acordar pela manhã, mesmo não tendo dormido bem à noite e tendo consigo inúmeras outras responsabilidades intimas que desconhecemos. Obrigado por dividir conosco a sua real situação, pois é por meio dela que reconhecemos que também é como nós. Embora mesmo padecendo por algum infortúnio, sua perseverança e responsabilidade a impulsiona a sempre nos atender nas aulas com o mesmo carinho e atenção.

Poucas pessoas têm a certeza que escolheram bem a sua profissão, dúvidas as assaltam a vida inteira diante das escolhas as quais somos conduzidos a fazer durante a vida. Penso eu que a sua escolha em ser professora foi assertiva, ainda que qualquer trabalho não seja apenas flores, esse é um trabalho que aparentemente parece te dar grande prazer.

Um dia gostaria de ter essa segurança que eu vejo estampada na sua oratória, esse estado de ânimo e essa assistência que nos comparte.

Obrigado por ser!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

À minha pequena



Você pode ler esse texto ouvindo essa música


Oi, minha pequena.

Você não está por aqui ainda, não respira esse ar ora poluído demasiadamente, ora relativamente fresco quando filtrado pela chuva. Fico admirando seu crescimento na barriga da sua mãe, e isso me causa às vezes mais ansiedade de contemplar o seu rostinho e sentir seus dedos pequeninos.

Quando você chegar eu planejo fazer dezenas, centenas, milhares de coisas, confesso que temo não conseguir realizar todo o planejado, mas ao pensar em você parece-me já te sentir por aqui. Acredito que serei aquele pai ciumento e protetor, espero que você releve esse meu jeito mandão e detalhista que tanto zanga a sua mãe e a faz lançar críticas com rispidez em nossas discussões esporádicas na cozinha.

Sabe, minha filha, o pai imagina que você será uma criança muito feliz, uma adolescente rebelde, porém, sensata, e uma mulher forte e inteligente. Imagino que será uma festa acompanhar o seu desenvolvimento, quero estar ao seu lado nos primeiros balbucios, nos primeiros passos e na primeira leitura de um livro.

Hoje eu escrevo acompanhado de uma taça de vinho tinto e escutando músicas de Chris Tomlin, talvez, quando você crescer e conhecer as músicas dele poderá concluir que esse não é o idioma que eu mais gosto, mas, hoje, nesse momento, são suas músicas que me trazem tranquilidade. Você saberá que seu pai gosta mais de músicas latinas, mas não despreza outros estilos, vai perceber também que gosto muito de música, ainda que não consiga tocar nem uma flauta doce ou de bisel como dizem por aqui.

Escrevo hoje da cidade de Aveiro, Portugal. Estou cursando Letras na universidade portuguesa e cá estarei por um ano. Essa oportunidade é uma grande benção e esforço do “menino grande” que a escreve. Um dia quero dizer a você que tudo é possível com esforço e vontade e que estarei ao seu lado auxiliando-a e promovendo o seu crescimento, claro, se me for permitido fazê-lo.

Filha, quando você nascer vai encontrar muitas coisas bonitas no mundo. Por favor, tente vê-las como um presente cotidiano, há também coisas não tão bonitas, mas elas serão uma grande oportunidade para você se desafiar e crescer como ser humano. Digo isso, pois é por meio dessas oportunidades de mudança que você crescerá plenamente. Você irá perceber que a solidariedade e a felicidade andam de mãos dadas, assim como eu e você nas nossas caminhadas matutinas ao parque, aos finais de semana, enquanto buscamos uma sombra fresca para ler aquela história de que você tanto gostará.

Sabe filha, às vezes é necessário saber a hora certa de falar, de pedir ajuda, de solicitar um ouvido paciente, eu vou tentar ser esse amigo ouvinte, não tema falar comigo, sinta-se à vontade, tranquila.

Nada em excesso é bom, lembre-se disso. Quero compartilhar contigo as minhas experiências e saber das suas, mas não se preocupe se você quiser manter-se reservada em qualquer assunto, não vou me incomodar.

Ah, quero que tenha em conta que sou um homem cheio de defeitos e posso, mesmo tentando não fazer isso, errar com você. Claro, me policiarei ao máximo, mas sou humano como qualquer pessoa e talvez eu possa magoar você em algum momento. Por isso, sabendo disso e refletindo exaustivamente sobre o meu comportamento cotidiano, já te peço antecipadamente: perdoe-me!

Gostaria que você crescesse entendendo que tudo é possível, mas nem tudo é permitido. Que embora queiramos muito algo, essa coisa pode não se concretizar, mas não desanime. É fato que o seu velho aqui já experimentou muitas decepções, mas acredite isso só o fez enxergar coisas maravilhosas. Não estou dizendo que você tem que adotar um espírito masoquista, não! Eu só estou tentando passar a você que nada é pra sempre e que a frustração de agora pode ser uma oportunidade de entendimento futuro.

Eu tenho tanta vontade de ler para você, ainda mais agora que estou tendo aulas de literatura Infanto-Juvenil e aprendo muita coisa interessante. Eu imagino irmos à biblioteca municipal ou aquela do shopping perto da nossa casa. Imagino comer com você na praça de alimentação e após aquele café básico, que você sabe que seu pai adora, irmos à seção infantil e ficar horas, tentando encontrar aquele livro que leremos à noite e por vários dias, porque eu sei que apetece as crianças a repetição, eu vou tentar não me cansar, mas isso pode acontecer e quando isso suceder vou pedir, gentilmente, que você leia pra mim e por favor, não fique chateada se eu ocupar a maior parte do seu travesseiro e, tampouco, me chame a gritos, peço que beije meu rosto e diga: papai, acredito que é hora de dormir com a mamãe.

Bom, eu tenho muito ainda a dizer, ou escrever a você, antes que você saia dessa bolsinha dentro da barriga da mamãe, mas por hoje isso é suficiente. Em breve você será muito bem-vinda e iremos nos emocionar com o seu nascimento, nos vemos em breve, minha querida.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Ainda era uma madrugada desconexa

Créditos da imagem: A encontrei nessa postagem.

Por aqui é uma madrugada de sábado, o domingo ainda não nasceu, pois o sol tardará mais cinco ou seis horas a nascer. Ele bebe um vinho português ácido de alto teor alcoólico e ouve música em inglês, outras em espanhol, salvo as músicas brasileiras que equilibram o seu idioma torto.

O indivíduo é um homem com síndrome de Peter Pan, de relações afetivas perturbadas, que alimenta, consome, envelhece, passos naturais mortais de natureza intrínseca. Ele segue sonhando e acreditando, tais crenças baseadas em um sentido de respeito e confiança particular.

O vinho tinge a taça de vidro e escorre por sua língua sedenta, podia ser uma metáfora se fosse possível. Você, leitor, consegue atribuir sentido a esse amontoado de frases, aparentemente desconexas? Percebe tal raciocínio embriagado? Talvez, se calhar, você também já se sentiu meio assim, mas não foi corajoso o bastante para expor a sua incredulidade e sanidade perante julgamentos tão injustos das lentes de míopes, analistas sociais de cadeira que movimenta a sua “timeline”.

Ele foge da explicação, é parente próximo da balbúrdia, é ser sendo! Se ele conseguisse explicar que a cada música ouvida, compartida, gerasse um círculo vicioso entre a magia da vida e a sua efemeridade se perderia na graça da sua intepretação.

Ah, mas não é possível, então nos resta acreditar que cada pessoa tem seus dogmas, seu ato de interpretar, alguns poderiam limitar à uma régua plana e chata como primitivos ou libertários, reagindo a sentença falida e eminente.


Movimente-se! Uma leve inclinação para a esquerda com o seu pescoço, lentamente, vai demonstrar que você está tenso, relaxe e permita descobrir que viver é diferente de existir.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Em cada pequeno desastre

Você pode ler isso ao som de Home - Gabrielle Aplin 

Boa noite, minha querida.

Escrevo para você nessa noite ao som de músicas agradáveis e de um vinho que comprei no mercado ao lado de casa. Sinto saudades, se eu estivesse perto eu não duvidaria que em seus braços sentiria aquele calor aconchegante. Ah, mas estou a um atlântico de distância e isso dificulta o contato físico. Sinto sua falta, do seu ouvido a me escutar tão atentamente, dos seus olhos a me mirar lentamente quando estou assim, como hoje.

Escrevo para contar nada além do meu estado emocional, pois já nos falamos sobre a minha rotina e ela está cada vez mais "se ajeitando", ainda com algumas novidades, mas nada que me impulsiona a escrever a você para que me tenha perto, para que eu me sinta perto de seus ouvidos a não sei o que sinto hoje.

Temo por essa carta se estender longamente, mas te peço paciência para que leia até o final, pois só por meio dela eu consigo fazer chegar a você os meus mais íntimos sentimentos.

Ela partiu. Sim, agora sinto que definitivamente, e sinto um vazio aqui dentro como se fosse uma gérbera que permaneceu naquele solitário de vidro que eu te dei há semanas. Ai, nossas metáforas! Sabe, eu tenho um sentimento de gratidão por ela, ainda que eu sofra um pouco, ainda que eu tenha abraçado o eufemismo nessa situação para tentar não te preocupar tanto. Tenho em minha companhia as nossas músicas e um vinho nacional de 2014 e entre essas coisas o meu relato.

Eu cozinhei para ela, para nós. Gosto de vê-la comer macarrão e tomar vinho, da maneira que passa o guardanapo de papel nos lábios e o seu sorriso, da maneira que sorri e pergunta: - O que você está olhando? Gosto quando os seus dedos finos e brancos de suas mãos passeiam em meus cabelos curtos, me faz sentir um arrepio e eu confesso que sinto tanta ternura que fecho os olhos e sorrio. Gostamos de grama, gostamos de nos deitar nela e sentir o vento gelado passear por nossos corpos, gostamos de conversar embaixo das árvores, tiramos fotos e depois comentamos que estamos estranhos, isso é tão mágico e me causa uma alegria que nasce ali perto da barriga e cresce até o peito, acho que isso aquece meu coração esse momento.

Hoje estou sozinho e imagino estando aí, no seu quarto, acompanhado de umas cervejas e nossas músicas. Essa imaginação me faz escrever a você como se estivéssemos frente a frente. Sinto saudades de poder te abraçar e chorar sem ninguém nos ver, pois é aí no seu "colinho" que eu sou o mais livre dos homens.

Bom, ela beijou outro cara. Sim, e eu vi. Eu não sou capaz de descrever aquela cena e tampouco dizer como eu me senti. Estávamos em um bar cheio e ela me disse: - Vou ali e já venho. Eu esperei, ela demorou, eu fui procurá-la, não devia ter feito isso.

Não estou a culpando, tampouco dizendo que isso é errado. Não, ela é livre e deve fazer o que gosta, pois é linda, livre, bonita, sensível, mulher, autônoma, inteligente. Sou eu que tenho que perceber que aquela ilusão foi a minha imaginação. Eu quero dizer que não estou bem com isso, mas estou feliz por me sentir vivo.

Ela reviveu em mim a capacidade de gostar de alguém. Foi ela que com seu carisma, suas palavras, seu toque me despertou. Hoje eu sei que aquilo que eu pensara era um mito. Eu sou capaz de sentir atração, desejo, paixão, sofrer, sorrir por ouvir a música dela (aquela que toca na minha playlist do youtube e eu acho que é dela).  

Ah, ela me permitiu ler Mário Benedetti outra vez e sentir toda aquela poesia, foi por sua permissão que sei que a vida é breve, que nada é para sempre, que sentimentos não morrem, só estão adormecidos. Ah, eu nunca pensei que escreveria novamente algo assim, tão meu.

Hoje pela manhã eu a vi, ela estava com um jeans azul justo, uma camiseta (que o meu daltonismo me priva de saber a cor exatamente), e seus cabelos cacheados úmidos dançando e exalando aquele cheiro de shampoo que denunciava um banho matinal. 

Ah, eu não sei o que sinto, acredito que o Neruda me explicaria melhor nos seus versos do poema XX: “Yo la quise, y a veces ella también me quiso.” Isso, você pode entender? Eu já a quis, e às vezes (eu acho) que ela também me quis, hoje não!


Acabou, ufa! Só escrevo essa noite a você para contar o que sinto e como é bom sentir tudo isso novamente. Não sofro muito, apenas sinto as amenidades de uma relação efêmera.  

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Devaneio


Sentir. Sen-ti.

Sinto! 

Sen-ti-mento que divago, enterneço, vacilo, afiro, nulifico, _ _ _ _ _ _ _ _ , insinuo, obedeço.

A porta fecha, o expresso está pronto, é hora de IR.