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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Caminhando na Chuva


Pela janela do quarto entra sem avisar uma luz do apartamento a frente e me priva da escuridão, que por ora, seria ideal.
O sol já se foi e aguardando a noite chegar o céu é cinza, há nuvens carregadas ainda por aqui, a chuva da tarde não conseguiu eliminar toda a carga d’água que existia. Como se fosse eu que anunciasse, ela chegou, e é feroz, há relâmpagos e raios, como flash em uma discoteca lotada, como pisca-pisca em noites de dezembro.
Sinto aqui dentro uma saudade conhecida, daquelas que revivemos as lembranças e as colocamos como se fossem tesouros. Imagino o tempo passando lento e eu sob o toque macio das suas mãos e o doce sabor dos seus lábios quentes. Quando penso que hoje não foi um bom dia, eu reflito que sou muito egoísta ao pensar assim, por que se o dia não foi bom para mim é porque eu o transformei assim, cadê a minhas perspectivas de futuro, e a minha alegria estocada, onde está a vontade de ser feliz que prezamos tanto, é fácil culpar as circunstâncias pelo nosso mal estar, é tudo complexo, parte de cada indivíduo a vontade de ser feliz, e se eu tenho a vontade eu vou sorrir mais, ser educado e gentil e tentar driblar os obstáculos, pedindo ajuda para os meus amigos e lendo um pouco para equilibrar a minha alma. Um dia eu ouvi que ler é divino, precisamos estar atentos para absorver o que lemos, e esse estágio é complicado, se você está tão perturbado por aquelas bolas de neve que não passam de bolinhas de gude. Hoje à tarde eu postei uma carta para uma moça do Rio de Janeiro, Macaé. Quando sai do correio estava uma tempestade lá fora e eu fiquei com preguiça de esperar, no começo eu corri, ai percebi que as minhas havaianas verdes estavam escorregadias, também percebi que não havia porque correr, eu não estava com documentos, não estava atrasado e não era noite. Parei embaixo de um toldo azul de uma padaria que servia de abrigo para outras pessoas e pensei por que cargas d’água eu não vou andando, e fui. Os pingos das chuvas de verão são mornos, porém hoje estavam geladíssimos e densos, as ruas se molhavam rapidamente e já não havia lugares secos nas calçadas. A cada passo que eu dava, me escondendo entre os beirais dos imóveis centrais, eu via pessoas correndo, e eu caminhando na chuva. Claro! Foi uma sensação meio incômoda, afinal é água fria e vento gelado a todo o momento, mas foi divertido, e lembrando nisso já havia tempo que isso não me acontecia, eu fiquei feliz.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Ele não quer sair pra passear


Por aqui a noite de sábado é silenciosa, recheada por um clima ameno de brisa leve que sinto ao olhar pela janela. Dá pra sentir o mar se você estiver com bastante imaginação, se contar com a ajuda de um solo de piano ou violino fica ainda melhor, feche os olhos e imagine.
Sinto desencorajado de olhar nos seus olhos e fazer um diálogo entre lágrimas. Revivo o passado de modo nada natural e percebo que as lembranças só me servem para acreditar que o futuro é incerto e não me cabe desejá-lo com perspectivas tão funestas.
É precoce ainda descrever o que há aqui dentro, se há vazio maltratado ou uma ferida em um estado lento de cicatrização. As músicas que ouço por aqui me fazem companhia e são tão generosas. É no silêncio que me sinto flutuar entre os meus suspiros e os meus constantes batimentos cardíacos.
Agora pela janela há uma noite iluminada pela iluminação pública e no horizonte há diversos edifícios de janelas acesas, cada uma com sua história, tudo tão complexo, tudo imperceptível.
Já faltam as palavras necessárias para aliviar essa sensação de mal estar, que se fosse física qualquer remédio ajudaria. O tempo se encarrega disso, ele é um remédio santo, porém o enfermo tem que ter o dom da paciência e me falta essa virtude milagrosa. Estou tão imediatista e ansioso ultimamente.
Já beira as dez e ainda estou escrevendo aos poucos, como se não tivesse aprendido conjugar verbos e fazer orações. Por fim, acho que termino aqui, essas linhas soletradas de um mau humor passageiro e suave, que reclama, mas não sai pra passear.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Esfumaçados


E você não mirava as músicas que tentei enviar a você indiretamente, aquelas inúmeras como “Falando de amor” “A rosa” “A banda” “I Say a Little Prayer for You” assim, como essas, o meu comportamento não satisfez e o medo estreitou fisicamente aqueles corpos que já estavam distantes pela desacreditada conduta. Os detalhes já não eram simples e fácil de assimilar, o final estava iminente, embora a coragem se desvanecesse ao tentar tocá-lo. Sofria por uma ilusão que eu sustentava como sólida, controvérsia, esfumaçada a cada passo que os dias se transformavam em semanas, em meses.
Ainda desconheço o caminho de apaziguar brigas inúteis de relacionamento calcados no egocentrismo e nas atitudes sem fundamento, agitadas por elevação de vozes e gesticulação excessiva. Por ora, escrevo as coisas que domino, diferentes dos mistérios que rondam um relacionamento amoroso.
E sobre o prazer nada posso dizer aos outros, apenas o que sou e o que me apetece. São as noites chuvosas regadas a um vinho tinto e músicas que me alegram. Uma boa conversa sobre a vida e talvez um cigarro seja prazeroso, compartilhado por uma brisa noturna que entra sem se apresentar, pelas venezianas abertas, é tudo tão invisível, é tocante.
O tempo dá sinais de um verão chuvoso, de ruas molhadas e árvores verdejantes, de pessoas com suas capas de chuva seguindo um ano novo repleto de esperanças. E é o tempo de imaginar coisas boas, e os problemas serão solucionáveis à medida que acontecerão, serão fumaças frente ao sopro, um nada. E vamos soprando, tecendo, amando, vivendo.