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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Manhã de Quinta-feira



Escrevo a você com a vontade de lhe falar aos olhos, porém careço de coragem e o maior grau de valentia que disponho resiste a essas poucas linhas. A manhã dessa quinta-feira estava cinza, grandes nuvens cobriam a minha janela e através dela eu observava a rua se enchendo. Despertei como uma anagrama, como desenhos mal feitos de cadernos infantis, meio agitado, inquieto. Esquentei um pouco de leite, enchi uma caneca de louça e parei em frente a janela para dar boas vindas ao sol que chegaria alí por volta das seis. É voluntário o meu desejo de amanhecer ao seu lado, de sentir o seu coração encostado ao meu, batendo em ritmos diferentes. Sinto saudades suas e é sobre esse sentimento que descansam os meus desejos que são alimentados pelo silêncio cotidiano que recheia esse meu dia.
Poderia você perceber como na natureza nada é igual? É perceptível que as coisas iguais são de natureza humana. Veja que somos parte de um universo grandioso e singular, cada qual distinto entre si. Pensando nisso lhe peço que não me julgue, não busque alguém como reflexo, por que não há de encontrar. Comprometa-se a aceitar a diferença. Sou um desses seres imperfeitos, um ser que aprende a arte de amar, amando, que sabe por prática e não por teoria. E hoje a minha alegria sente falta do seu sorriso e todas essas lembranças vão tecendo dentro de mim uma experiência que não quero me afastar. Por aqui a sua lembrança rouba o meu dia e a concentração se afastou de mim. Pode, por favor, pedi-la que volte?

Não precisa mudar,
Vou me adaptar ao seu jeito,
Seus costumes, seus defeitos,
Seus ciúmes, suas caras,
Pra que mudá-las?

Não precisa mudar,
Vou saber fazer o seu jogo.
Fazer tudo do seu gosto
Sem guardar nenhuma mágoa,
Sem cobrar nada.

Se eu sei que no final fica tudo bem.
A gente se ajeita numa cama pequena,
Te faço poema, te cubro de amor
.

Então você adormece
Meu coração enobrece
E a gente sempre se esquece
De tudo que passou.
(Não precisa mudar - Ivete & Saulo)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Para atravessar Agosto


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro — e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções — úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas — coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.

(“Para atravessar Agosto”. Caio Fernando Loureiro de Abreu, 1948-1996. Crônica publicada no jornal O Estado de São Paulo em 6 de agosto de 1995)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Perdi



Por aqui amanheceu um dia nublado sob um sol preguiçoso e um vento caprichado. Faz frio e as pessoas caminham pelas ruas agasalhadas com a finalidade de se proteger, eu tento me desvencilhar desse sentimento que me entristece temporariamente. São elementos comuns ao ser humano, poucas palavras, simples situações, desiluções amorosas tão inerente à nos. Fico feliz por analisar essas relações e perceber que há um lado positivo, ainda que eu permaneça descontente. Poderia escrever como é suave o seu sorriso ao me cumprimentar, de como seria o futuro se me aceitasse, porém racionalmente eu entendo como me custa esquecer você. Nessa vida, tudo tem uma razão, embora eu não saiba instantaneamente essa, eu confio nessa palavra: “Tudo tem o seu tempo, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Vou praticar os conselhos dos poetas, escrever um pouco, externar essa emoção efêmera. É difícil acreditar que com o passar dos dias eu esquecerei desse sentimento que você, agora, conhece tão bem. Sou daqueles que se simpatizam pela conversa informal, das palavras diretas, das coisas compreendidas facilmente, descomplicadas. Obrigado por me satisfazer e dizer um não rápido e direto, encerrando assim as minhas ambições imaginárias. E parece que sempre quando estamos assim, sentindo assim, temos as músicas certas para nos ajudar, eu tenho essa:

“Eu me perdi, perdi você, perdi a voz, o seu querer.
Agora sou somente um, longe de nós um ser comum.
Agora sou um vento só, a escuridão, eu virei pó, fotografia, sou lembrança do passado.
Agora sou a prova viva de que nada nessa vida é pra sempre até que prove o contrário.
Estar assim, sentir assim, um turbilhão de sensações dentro de mim.
Eu amanheço, eu estremeço, eu enlouqueço, eu te cavalgo embaixo do cair da chuva eu reconheço: Estar assim, sentir assim, um turbilhão de sensações dentro de mim.
Eu me aqueço, eu endureço
Eu me derreto, eu evaporo
Eu caio em forma de chuva eu reconheço: Eu me transformo”. (Paula Fernandes - Sensações)

domingo, 21 de agosto de 2011

Imagino

Gosto de imaginar situações, daquelas, como domingo de manhã, céu nublado e um vento gélido nos tocando. Daqueles ventos velozes que você fica descabelada e tenta, sem sucesso, arrumar o seu cabelo. Gosto de imaginar você dirigindo e eu a observando do lado do passageiro. Imagino a sua atenção no trânsito, de como você a dividiria comigo e sorriria em seguida, mesmo eu desacreditando daquelas piadinhas fajutas que faria a você. Seria uma sensação que não consigo descrever como o seu cheiro ao amanhecer, como o seu toque macio, do seu perfume no seu pescoço, da sua orelha pequena. Não me importo se você se interessa por horóscopo, ou se desconhece as minhas intenções, isso não me importa. Seria importante se você olhasse pra mim daquele jeito todos os dias, apaixonada.


domingo, 14 de agosto de 2011

Ócio

Hoje por aqui o vento me visita, entra pela janela como uma criança sapeca. Aproveito para me dar o prazer de exercitar o ócio. Há tempo que estava procurando esse momento sozinho, aquele que você não tem que trabalhar, nem estudar, somente ouvir música e refletir, cantar junto, pensar. Conversei com uma mocinha que me disse para eu não deixar o Asas tão abandonado, prometo que assim o farei. Tentarei escrever mais e exercitar esse hábito que eu gosto tanto. Embora a vida cotidiana seja tão repleta de atividades e o momento pós-trabalho tenha suas obrigações, eu vou conseguir. Escreverei pouco, nada muito longo, coisas simples, porém necessárias para me fazer feliz. Quero estar mais junto de você Asas.

sábado, 13 de agosto de 2011

Claridade



E pernoito por noites perturbadas escutando músicas até adormecer. Desvelo-me entre clássicas e contemporâneas sentindo as sensações maravilhosas que elas nos traz. Sinto que em pouco tempo me envergonharei de contar tais situações, porém hoje me encorajo para dizer a você que sofro entre lençóis esperando o seu toque sutil e o roce da sua pele delicada. Penso a cada estrofe nas maneiras que poderia cantar a você entre sussurros compridos e entre toques cuidadosos. Reflito nessa noite de sábado a maneira como receberei você nas manhãs cotidianas que compartimos, sem ao menos você perceber que a desejo. Sem esforço acredito que a luz dos seus olhos são como pequenas lamparinas que decoram a minha vida, enchendo-a de claridade e felicidade. Sei que um dia respiraremos o mesmo ar e nesse dia você poderá me confidenciar o que fez para eu me apaixonar por você.


sábado, 6 de agosto de 2011

Ya extraño todo.


Extraño las mañanas que llegaba y saludaba todas, extraño nuestras bromas, los printes, todo. Poco a poco me acordaré y reiré solo, de las bromas que hice con Ari, Pri, Poli, Rai, Inês. La mejor generación de auditores SSA.

Siempre quedo pensando de la ventana invisible que teníamos, yo y Ari, así pegado a nuestras mesas. La manera que reíamos por nada, solamente por ser feliz. Siempre preguntaba cosas a Pri y mismo con muchas cosas por hacer, nunca fue contestado con rabia. En el principio preguntaba a Poli las cosas de Colombia, después ella se fue y nació una nueva auditora de Colombia, tan competente y hermosa. Pronto llego al nuestro cuadrado la chiquita Rai y todo se paso en un ratito de tiempo, tres meses. Como era sencillo tenerlas al lado cotidianamente. Era agradable reír de cosas que ahora nadie entiende. Aprendí mucho, pregunte demasiado, fue un niño feliz compartiendo momentos con las mas bellas, inteligentes y indomables mujeres. “No me regañes, no me pegues” “Que fuerte, tio”, “Gays boys, bitch”, “No me aguanto”, “En tierra de bruja…”, “besitos, chao”, “SLA”, “TVC”, “Soltar drafts”, “Fup”, “Horas extras” y muchas cositas mas.

Dios pone cada persona en nuestra vida para que podremos vivir intensamente, ser feliz, aprender, construir, alimentar, y ahora puedo decirlas que soy feliz por tenerlas conocido. Cada una con su particularidad, sus miedos, sus defectos. Los amigos son amigos por que no los importa los errores que hacen, más si lo que significan. Muchas gracias cariños! Siempre estaremos en contacto, aunque lejos, pero nunca olvidaremos de todo lo que construimos y el hilo que tejemos.

Vontade


Há tempos que desconheço esse lugar, parece meio abandonado. Estive desprovido de emoção e gana para escrever. A vida mudou um pouco nesses últimos meses que ainda estou me adaptando com as minhas novas responsabilidades. Conheci pessoas, estou construindo novas amizades e descobrindo novas músicas. Sinto saudades de coisas da rotina do passado, dos amigos da faculdade e de momentos que não retrocederão. Às vezes a ansiedade me invade e eu tenho vontade de pedir ao tempo que acelere, mas pensando bem isso não seria uma maneira de aprender, seria uma fuga para não me desenvolver. Então seguimos passo a passo, dia a dia, sorrindo e aprendendo.