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sexta-feira, 25 de março de 2011

Pobrezinho

Porque ainda escrevo com a esperança que você me leia com cuidado. Que perceba a simplicidade das minhas palavras e a fragilidade das minhas atitudes, que conheça o significado entrelinhas. O futuro é tão imprevisível e eu me amedronto perante a ele e me recuo como uma criança no seu primeiro dia de aula. Tímido, quieto, taciturno. Por que me deu o privilégio de amar você? Talvez eu seja forte à distância e enternecido à espreita, escolho estradas sem asfalto e caminho descalço, forneço alegria e gero entusiasmo, porém esqueço de me abastecer de tais sentimentos importantes, aqueles que é impossível comprar. Vivendo recordo o passado e deixo o presente abandonado, pobrezinho!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Prestes a adormecer


Escrevo em uma sexta-feira à noite escutando Carla Bruni e acompanhando o som das águas de março a cair mansa lá fora. A brisa refrescante que entra sem convite pela veneziana se instala confortavelmente por todo o meu quarto e “Quelqu’um M’a Dit” me parece ainda mais melodiosa.
O outono ainda não se aproximou, porém consigo perceber que lento ele se torna vizinho. Sozinho imagino dias diferentes, mais alegres, menos nostálgicos. Sinto como se a companhia de outra pessoa me fosse meramente desnecessária por ora e aproveito esse estado de espírito explorando os sons, a magia e a natureza.
Essa noite as estrelas estão encobertas e felizes, aproveitam o anonimato celestial, ocultas por nuvens d’água.
As agulhas finas do relógio, que mensuram o tempo invisível, são parceiras por aqui, as evito brincando de fingir que não pertenço esse compasso real. Afasto essa ampulheta precisa e me presenteio com o sabor delicado do desconhecido, das horas que cercam os meus pensamentos flutuantes.
Venho me embriagar como o prazer da música, desfaço a lei natural da escassez e da pressão do tempo, venho tecer pensamento e cedo gratuitamente ao prazer de escrever. Soletro essas coisas simples, que me ocupam e agradam, as sentindo intensamente.
Nessa noite solitária eu desfruto do aguçado poder da audição e inesperadamente eu me surpreendo ouvindo você, como se fosse algo simples e natural, como se fosse isso algo censurável prestes a adormecer.