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sábado, 8 de dezembro de 2012

O Segredo de Janaína

                 

Ela era morena, esbelta e triste. Seus cabelos compridos, estendidos até a cintura, sempre soltos e tocados pelo vento, arrebatavam as miradas dos jovens atentos e dos adultos inconformados. Ela era envolvida por seu segredo que guardava com tanta obstinação. Seus passos registravam na areia pegadas leves e sem cessar eram apagados pela cheia das marés. Ninguém entendia o seu caminho cotidiano em frente ao mar, no cais. Nunca tive coragem de perguntá-la sobre o que ela tanto buscava, tampouco supri a minha curiosidade de entender a razão de, todas as tardes, seu contemplar do entardecer. Todos queriam saber o segredo dela, embora todos tinham claro que nunca ela deixara a sua voz ser ouvida. Eu arrisquei...

“Despedi-me com lágrimas no rosto, olhei nos olhos dele e percebi o seu afastamento contido e, aos poucos, o barco deixou a orla da praia”, contou-me ela. “Acenei com a mão direita, e ao passo que ia me distanciando acenei com a esquerda. A partir daquele crescente sentimento de solidão que me invadia, acenei freneticamente com ambas as mãos, com a vontade de dizer para que ele permanecesse. Naquele dia, eu usava este vestido, agora velho e gasto. Mantenho até hoje o comprimento do meu cabelo e o espero aqui, para que se cumpra a sua promessa de regresso. E, se ele voltar, que não tenha dúvidas de que aqui estou e estive esperando todo esse tempo, sozinha. Caminhei pelas areias para que o tempo se compadecesse de mim e ouvi as pessoas dizerem que a louca do cais nunca se separaria desse mar. Muitas tardes eu conheci, das lindas às temerosas, das esperançosas às inconformadas. Juntei o tempo, mensurei as lágrimas e sempre me fortaleci com as esperanças. Hoje, a ilusão e a tristeza já não me afetam mais, o entardecer se tornou uma energia necessária, esqueci-me da face dele e do jeito que ele me olhava, das palavras doces que me dizia”.

- Hoje - disse-me - tenho fios de prata na cabeça e ainda não o tenho, pois acredito que já se esquecera de mim. Já não me importa o julgamento de alheios e vivo de uma maneira que consigo identificar na natureza a paz que eu precisava. Ainda que eu permaneça nesse cais, aqui é o meu lugar, aqui eu ficarei até o fim dos meus dias.

E, depois daquela confissão, eu a entendi e passei a admirá-la, por sua convicção e amor. Mudei as minhas ideias pré-concebidas de partir de uma opnião sem refletir, apenas baseado em boatos alheios.

Mesmo que essa seja apenas uma lembrança, acredito que ela ainda estaria ali por entre aquelas águas, caminhando até o cais e admirando aqueles belos fins de tardes, se fosse imortal. Seu nome era Janaína, sua voz era doce e seu comportamento era consciente. Ela era livre e determinada, não importava qual fosse seu obstáculo, ela cumpriu seu destino.

E depois desse tempo, ao chegar ao cais me lembro daquele dia, o dia que a coragem me tocou e eu fui conhecê-la. Soube de sua história e de suas frustrações, seu desejo e seu fim. E sempre quando escuto “En el muelle de San Blás” é impossível não me lembrar daquela mulher que guardou o seu segredo, rompeu milhares de tardes, e permaneceu sozinha até o fim.

“Sola, sola en el olvido
Sola, sola con su espíritu
Sola, sola con su amor en mar
Sola en el muelle de San Blas
Se quedó ahí
Se quedó hasta el fin
Se quedó ahí
Se quedó en el muelle de San Blas
Sola, sola, se quedó” - En El Muelle De San Blas - Maná


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eu te proponho


Escrevo pra você porque sinto que as palavras ditas me prendem, sinto que o verbal me limita. Sinto falta de você nas manhãs de domingo, da sua risada presa entre seus lábios finos, das suas mãos mornas percorrendo o meu rosto e me fazendo cócegas.
Agora escrevo para registrar aquilo que as palavras separam, para dizer que agradeço o seu abraço quando estou sem energia, a maneira que a sua voz se silencia ao celular para escutar os meus problemas do trabalho, do seu sorriso doce a me alegrar.
Há tempo que não saimos de mãos dadas, que desperdiçamos nossos beijos entre selinhos tímidos, que nos ocupamos de afazeres que nos privam de nos amar, de conversar.
Quero te propor a sairmos juntos em uma noite quente de primavera entre o vento da preeminência da chuva. Proponho a sermos corajosos a não nos esconder dela, a cantar aquela música que nos apaixonamos no passado, a comer macarrão e nos sujar de molho de tomate. Proponho a planejar sonhos irreais, de brincar de criança divagando entre a imaginação do impossível, redescobrir a sua pele em contato com a minha sem a pressão do tempo, sem a invasão do sentido de terminar, quero o seu abraço quente, a sua gargalhada contida, o seu otimismo equilibrado.
Quero que saiba que quando penso em você ainda sinto a invasão da alegria instantanea do sentimento de segurança e calmaria.
Confesso que tardei demais em escrever algo tão definitivo e seguro, porque era fraco e envolto de uma insegurança mascarada. Porém me sinto forte em descrever que nenhuma lágrima me faz esquecer o seu sorriso e que tampouco uma tempestade poderá fazer com que o nosso amor acabe sem luta.
Quando viajo entre pensamentos, envolto de seus braços que me protegem, reflito que não poderei estar tão seguro quanto estou com você. Que meus problemas são meros medos ilusórios e efêmeros de qualidade excessiva e fraca.
Somos seres inconstantes e recheados de erros e ações mal feitas e é você que dribla essa minha imperfeição me fazendo a pessoa mais feliz, daquela alegria, daquele charme de sorriso semiaberto, me fazendo crescer com os obstáculos cotidianos.
Gosto de sorrir pra você, gosto quando nossos sorrisos se beijam, de navegar com meus dedos curtos nos seus cabelos e sentir a sua respiração lenta. Venha! Vamos namorar, que o tempo seja generoso e que a noite seja testemunha do nosso amor.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Conversa com o meu avô


Era uma manhã de sol com poucas nuvens no céu, sentado ali no jardim a sombra de uma amoreira duas gerações conversavam:

            Quando sento aqui com o senhor para conversar sobre os meus problemas eu fico tão entusiasmado sobre as conquistas futuras e o meu desenvolvimento, que me esqueço de que enfrento problemas cotidianos, e ás vezes penso em não ter forças para prosseguir.
Vô: - Ah, meu querido, a sua companhia para mim é sempre um conforto, quando conversamos nessas manhãs de sol ameno e céu limpo eu também me sinto feliz, pois sempre precisamos ouvir e sermos ouvidos, necessitamos de pessoas amigas nas quais confiamos e nos têm respeito. Sugiro a você se desfazer da palavra “problemas” e substituí-la por oportunidades. Não admita que está sem forças para prosseguir, apenas que se sente um pouco cansado. Esse momento é um privilégio para a reflexão e para o delineamento para atividades futuras. São nesses momentos em que você está aberto para pensar com confiança nas coisas boas do porvir.
Neto: - Mas, então como eu faço para substituir a palavra “problemas” por oportunidades? Isso é difícil, uma maneira nova de encarar a vida e a realidade.
Vô: - É gracioso esse pensamento e tão natural, é simples, tudo o que nos acontece e a maneira como agimos é um desejo nosso. Nenhuma criança começa já andando, ela primeiro engatinha, depois dá seus primeiros passos, em seguida, ela anda e futuramente corre. Assim será com todos nós. Primeiro tente refletir que seus problemas, na verdade, são oportunidades de crescimento e todas as pessoas ao seu redor são meios nos quais você se inspira e as compreende.
Neto: - Entendi, mas como eu saberei se as pessoas ao meu redor são essas ferramentas para o meu progresso?
Vô: - Ah querido, você não é responsável pelos pensamentos, atitudes e decisões alheias, o objetivo é ter foco em você. É necessário não julgar as atitudes alheias, é preciso mapear o seu caminho de forma que  você se desenvolva sem prejudicar ninguém no percurso. Veja só um exemplo: um amigo meu trabalhou em um lugar durante seis anos e já não aguentava mais o mesmo marasmo, as mesmas coisas e a rotina, até que um dia ele recebeu uma nova proposta de trabalho e com isso ficou feliz, partiu dali e se aventurou nessa nova empreitada, passados dois meses ele concluiu que não queria mais aquilo e pediu pra voltar. Você consegue entender por que isso ocorreu?
Neto: - Ah. Não sei, talvez ele estivesse cansado de fazer as mesmas coisas, de ver as mesmas pessoas.
Avó: - É pode ser, mas o que eu queria que você compreendesse é a essência. Você tem claro o seu objetivo de vida, pelo menos a curto prazo? Você se conhece a ponto de perceber que suas ações o influenciam independentemente de onde estiver? Não basta somente você mudar de lugar, você precisa se modificar, ter novas ideias, novos pensamentos, atitudes diferenciadas e comprometimento com você, sem precisar fazer disso um castigo.
Neto: Difícil. E quando alguém faz algo que você reprova ou briga com você ou fala coisas indesejáveis? Você consegue ficar sereno e tranquilo em relação a isso? Você não sente vontade de gritar e discutir?
Com um sorriso tímido e amável o avô disse: - Ah meu garoto, isso é natural a todos, claro que isso é o primeiro sentimento e não se culpe por isso, mas é preciso que você compreenda essa pessoa, aquela que está te ajudando a melhorar suas ações, é necessário que você não devolva o que ela está te dando. A compreensão e a gentileza geram relações harmoniosas e há várias situações que permeiam as relações humanas, não são todos os dias em que as pessoas estão equilibradas. Há dias em que  você mesmo faz e fala coisas que não queria. Por isso, você deve se vigiar e conviver de maneira que haja o discernimento nas suas ações. Se não é possível sorrir e dizer palavras gentis, limite-se ao silêncio, não se faça de vítima, apenas compreenda a situação e mude de atitude. Se você errou, não fuja de sua responsabilidade, busque mecanismos para solucionar o problema. Que objetivo você tem de encontrar o culpado, se a solução é o melhor caminho, e o aprendizado é o objetivo comum para o bem da coletividade?
Neto: - Muito fácil falar isso, mas é difícil agir.
E novamente com paciência o avô disse: - E quem disse que é fácil agir? É como tudo na vida, os primeiros passos são essenciais. Não queira promover coisas grandiosas se você não tem um bom alicerce para isso. Vá completando, aos poucos, dia a dia, um ciclo que o preparará para um futuro brilhante. Se instrua, conviva bem, silencie-se, promova conversas edificantes, fuja das mediocridades de palavras fúteis sem objetivo de crescimento, não perca seu tempo. Conservar o mau humor e as intrigas, só lhe servirá para se limitar e se estacionar em um piso cimentado que o impedirá de prosseguir.
Neto: - Então, praticamente o que devo fazer? Ser feliz com todo mundo, alegre, encarando os problemas como oportunidades sem atritos e contendas? Isso é utópico demais.
E o avô parecendo se divertir respondeu: - Você é tão engraçado, sabia? O objetivo é esse sim, porém, seria desumano dizer que isso é alcançado imediatamente, tudo que passamos é efêmero, ou você já viu alguém viver para semente? Confie em você, estude, se instrua, conheça, faça boas amizades, vigie o seu comportamento e aos poucos você irá solidificar a sua base para crescer forte. Todas as nossas angústias e desesperos são momentâneos e ninguém sofre pra sempre, assim como ninguém é feliz a todo momento. Você precisa se organizar e viver a vida de uma maneira a não dar valor a coisas passageiras. O que ficará é a sua conduta e o desejo de ter feito coisas que vão ao encontro de seus ideais. Um dia você estará velho, como eu, e se sentirá feliz por ter alcançado coisas através da gentileza, do comprometimento e da verdade. Não se culpe por atitudes alheias e não se sinta responsável por aquilo que não te compete, viva, tenha paciência, converse, faça algo de bom para você e para as pessoas ao seu redor, não é necessário mudar o mundo, mas modifique o seu redor, plante um jardim e você sempre terá árvores para se proteger do sol ardente.
Neto: - Sabe vô, gosto muito de conversar com o senhor, embora eu seja um garoto imediatista e ansioso. Com seus conselhos, aos poucos, vou amadurecendo e vivendo o dia a dia. Eu sei que na maioria das vezes eu não entendo e, por isso, é necessário praticar. Obrigado por me ouvir e por ser tão generoso com suas palavras.
Vô: - Ah, que garoto inteligente, isso aí, e lembre-se: busque o seu aperfeiçoamento por si só, respeite os outros, busque crescimento em você e para você, no seu tempo, afinal cada um precisa aprender. E vamos almoçar que a sua avó já está nos chamando.
E assim terminou a conversa entre o avô e seu neto.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Coisas de mãe



Você já pensou em fazer uma entrevista com a sua mãe? Sim, uma entrevista pra conhecer detalhes que ela gosta e que você, provavelmente, desconheça. É um mundo gigantesco, afinal mãe é cheia de mistérios, sempre sabem se irá chover ou fazer frio, é uma das primeiras pessoas que você se lembra quando está dividido entre algo, precisa de um colo ou... está com fome.
Invade a sua privacidade na adolescência, quer saber como você arrumou aquela mancha roxa nas costas, o porque você não contou a ela que está namorando. Ela não quer saber se a sua relação está começando, se você está inseguro de conversar sobre, ela quer saber o por quê.
Mãe é dramática, “Ah, deixa quando eu não estiver mais aqui, quero ver”. “Quando você era criança você não fazia isso, era tão educado”. Será que eu era mesmo? Bom, mãe gosta de atenção dos filhos, fato. Pensando um pouco na sua infância, há coisas que elas provavelmente gostaram e você naquele momento da sua vida não gostou. Veja algumas possíveis situações: Beijar você na frente dos seus “futuros colegas” de classe no primeiro dia de aula, apontar a cabeça no meio da aula e dizer: “Com licença professora, mas o Fernando esqueceu a lancheira”. Ela sorri, sacode aquela coisa de plástico azul, olha pra você, que está sentado na quarta carteira ao lado da parede e diz: “Vem pegar”, e depois do beijinho diz: Cuide-se bebê. Depois de agradecer a professora ela sai feliz e você é vítima de Bullying durante a aula inteira. Sempre há aqueles caras que começam imitando a sua mãe com uma vozinha fina. Sim, dá ódio. Mãe é autoritária, veja só um exemplo: Você está lá feliz para ir na sua primeira balada com a sua prima, chega lá pelas 19h, você pede: Mãe, posso ir com a Beth na festa da Cláudia?
Ela não é boba, ela sabe que a Cláudia não irá fazer festa alguma, afinal ela também já teve a sua idade, ela diz: Não.
E você tenta argumentar: Nãããooo, porque mãe?
Ela responde: Por que eu sou a sua mãe e ponto. Sim, você fica irritada, mas passa.
Como eu disse, mãe é misteriosa, Não iremos saber o porquê elas nos pedem para acasalharmos, levar o guarda chuva, não comer porcaria, e nos perguntam sempre: Você tá bem?
Sim, essa é uma pergunta batida. Uma pergunta batida sempre tem uma resposta batida: “Sim, mãe, tudo bem”. Claro que você não vai contar como está a sua situação financeira-amorosa-existencial pra ela, mas ela te conhece. “Ah, filho se precisar de alguma coisa a mãe tá aqui”. Mãe são fofas e na maioria das vezes não se importam em enfrentar o mundo por você, de abrir caminho, de proteger. Conselhos às mães:
Superprotetoras: Deixe ele ir, observe em paralelo, ele é capaz, confie nele, você pode ficar segura, você o construiu com uma boa base, agora ele precisa praticar.
Cuidadosas: Seu filho precisa aprender, deixe-o livre, não existe aprendizado sem prática, você o ensinou a teoria.
Curiosas: Pergunte uma vez, no máximo duas, se nós não respondermos é que não queremos levar uma bronca básica e a resposta não vai vir, ah, pode vir, porém modificada. Vocês querem ser enganadas? Achamos que não.
Pensemos racionalmente, as nossas mães são mulheres fortes, que nos criaram e nos querem bem. São mulheres apaixonadas por flores, algumas chocolates, outras cartinhas, quase todas perfumes, e há várias alérgicas. Mãe gosta de saber que seus filhos estão bem e dar palpites. Mãe é igual na proteção, no carinho, no interesse por seus filhotes e também são diferentes entre si. Vai perguntar o que ela gosta, sempre começa assim: Ah, eu gosto de todos, mas prefiro: Chocolates: Meio amargo, ao leite, preto, branco, sem açucar, tanto faz.
Flores: Gérberas, margaridas, rosas vermelhas, brancas, amarelas, lírios, orquídeas, ah todas.
Perfume: Ah, aquele que aquela moça da novela faz o comercial. Então, sabe, eu quero aquele que a sua prima trouxe daquela cidade.
Conclusão, a maioria não são objetivas, sabe por quê? A sua mãe não se importa na particularidade da coisa recebida, ela apenas quer que você pense nela, o presente, ah! Esse não é importante. Se você chega em casa e diz: Ah, mãe, que saudade da senhora! Ela ficará com os olhinhos marejados de felicidade. Mães, tantos mistérios, tantas alegrias.

domingo, 1 de abril de 2012

Pensamentos de um diálogo matutino





E o tempo mudou bruscamente, ainda estava escuro quando os trovões o despertou, os relâmpagos iluminaram o seu quarto e a água da chuva golpeou a sua janela de forma audaciosa e exibicionista. Ao despertar pela manhã o tempo havia mudado, o calor diário que aquecia a sua cama já não se mostrava tão vigoroso. Pelas calçadas pessoas protegidas por seus cachecóis de um vento que movia os cabelos, que os invadia fazendo-os tremer dentro de suas roupas de lã. Você é muito observador, o que ocorre com pessoas como você é a delicadeza dos detalhes imperando sobre as coisas superficiais e a essência nas palavras agindo no sentimento. Perceba que com o tempo adotamos outras prioridades, a infância tem as suas, assim como a adolescência, a vida adulta e a velhice comporta suas perspectivas e frustrações. E ela o tocou como fazia sempre, o puxou pelo braço, acercando-se dele, com a cabeça sobre seu colo, ela continuou a falar: Ás vezes pensamos no que podemos possuir para sermos felizes, não se preocupe muito com isso, pense que eu estou aqui por você, especialmente por você e o meu amor cresce e é alimentado cotidianamente através do brilho do seu olhar, pense em ser, do que ter.
- Mãe, porque há tantas pessoas infelizes quando não tem, aparentemente, nenhum problema físico? Ah, carinho, somos tão complexos, não devemos analisar dessa forma, cada pessoa apresenta suas dificuldades e as encara de modo como acreditam ser o melhor. Devemos pensar que cada novo dia é dado a nós para refletir e vivê-lo de maneira que não carreguemos coisas destrutivas. Quando você era pequeno seu sonho era crescer e poder comer quanto sorvete aguentasse, dormir tarde e não ter que levantar cedo, seus problemas eram esses e agora são outros, o que difere uma pessoa de outra não são os seus problemas, mas a capacidade de enfrentá-los. Pense de uma maneira como se a vida fosse uma eterna escola, que os obstáculos são as provas para o seu desenvolvimento, que os seus amigos e a sua família são a base que te fortalece, são o corrimão da escada para você se apoiar, porém apenas você pode escolher, e executar as suas ações, ninguém é capaz de fazer por você, e assim que ter que ser, caso contrário, você não poderia ler, escrever, comer, beber se não tivesse realizado o seu esforço.
- E se alguém me magoa, me fere com palavras, o que eu devo fazer? Filho, meu querido, você não tem que fazer nada, tente olhar para a pessoa e ver nela a dificuldade de entender as pessoas, a frustração de ser incompreendida. São essas pessoas que devemos agradecer por estar em nossas vidas e nos fazer com que pratiquemos a paciência, a compreensão, a solidariedade e o amor. São essas pessoas que permitem que saiamos da nossa zona de conforto e possamos nos avaliar se realmente somos pessoas em um caminho para a nossa felicidade. Não é possível saber se você consegue se não for submetido a provas. Mas fique tranquilo: tudo tem seu tempo e há tempo para todo próposito debaixo do céu.
- Como assim, eu devo deixar todo mundo me xingar? Calma, todo mundo não irá fazer isso com você, a vida é recheada de momentos e sempre haverá pessoas simpáticas a você. Se isso acontecer, primeiro reflita, depois tente conversar com a pessoa, o diálogo é muito importante para você conhecer o ponto de vista dela e manifestar o seu. É na conversa que podemos desenvolver a compreensão, nos colocar na situação do outro e a partir disso entendermos a situação. É claro que nem sempre há pessoas preocupadas em dialogar, por isso o silêncio é um caminho, não a difame, a entenda, não é o caminho se encher de mágoa por coisas que podem ser resolvidas, mesmo que momentâneamente não haja brecha para tal, como eu disse, tudo tem seu tempo.
- O que eu posso fazer quando eu estiver irritado com alguém? Você pode adotar a técnica do reverso e pensar: se fosse eu, como eu gostaria de que me abordassem e a partir daí você resolve o seu problema de maneira a orientar a sua vida sem marcas, sem mágoas e vivendo cada dia com as suas responsabilidades.
- O que eu tenho que conquistar para que a senhora sinta orgulho de mim? E ela riu de maneira doce, roçou os dedos pelos cabelos curtos dele e disse: Você precisa conquistar a segurança de si próprio, ter a verdade como base para suas ações e a compreensão nos seus julgamentos.
- Eu não preciso te comprar nada? Ela o olhou de maneira afetuosa e disse: Filho, tudo que se compra, se perde, o tempo acaba por consumir. Quero que você conquiste e eu apenas preciso daquilo que é intocável pelo tempo, eu preciso de sentimentos, esses que nos nutre e nos acompanham por toda a vida.
Houve um suspiro profundo e ele percebeu que já era tarde e ainda estava naquela janela observando as pessoas nas ruas, sentiu uma alegria que o preenchia, sorriu e pensou: Obrigado mãe, por me ensinar a superar as dificuldades e encarar o dia como um presente, mesmo não estando mais aqui para me acariciar e conversar comigo, seguirei os seus conselhos, viverei cada dia da melhor maneira que eu conseguir.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Envelhecendo



Já pensou em como envelhecer? Pois é, isso acontece naturalmente, todos os dias. E o que você está fazendo para que isso aconteça de uma maneira despreocupada, saudável e feliz? Sorria mais, não se preocupe com aquilo que sabemos que realmente não importa, permita-se a viver e construir. Seu legado, depende apenas de você.

terça-feira, 20 de março de 2012

Silêncio



É comum não expor os seus fracassos, é natural reconhecer e enaltecer os prêmios recebidos, os elogios que te motiva, mas qual a razão em expor aos outros ao escárnio das suas palavras mal elaboradas? Acreditamos se a língua fosse passível de um filtro, mais da metade das palavras não sairia. Então, por favor, se não te motiva a manifestar a aceitação, a solidariedade e o entendimento, não fale. Por que sempre temos o prazer de destilar palavras ofensivas àqueles que não conhecemos a real situação do acusado? Vamos tentar a falar somente o necessário quando discordamos de uma posição em relação aquilo que julgamos, precocemente, errado. Acredito que a vida será menos difícil e haverá pessoas mais amigáveis e a paz gerará um circulo de caridade instantâneo.
Se você não expõe suas atitudes infelizes, que pertence a você e é de sua responsabilidade, não é certo manifestar os pontos fracos daqueles que você não sente.
Reflita, cresça e seja mais feliz.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tente não confundir



Por favor, não confunda esse sentimento de carência, egoísmo e posse com um sentimento nobre que é o amor.
Quem ama, ama por que precisa da felicidade do outro, isso independe da sua própria felicidade. Um exemplo de amor: “Mãe, posso ir brincar na rua agora a noite?” “Pode, mas não volta tarde que você tem que tomar banho”. É óbvio que ela não quer que você vá, ela está com medo que aconteça algo com você, afinal é noite. Porém ela quer que você seja feliz com seus coleguinhas. Um exemplo de amor incondicional, esse sentimento é tão puro que nós, reles mortais, estamos um pouco longe de alcançar. Seria muito bom se experimentássemos uma pitada desse amor nos nossos relacionamentos amorosos. Por isso, quando ousar dizer: Eu te amo, que seja verdadeiro. Amor não é paixão, posse, controle, isso é um processo de dificuldade de compreensão de sentimentos. Cresça, desenvolva, aprenda, não é fácil, mas é possível.

Lembrei dessa frase do Fernando Pessoa:

"Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não poderemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser único."

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Permita-se



Era noite de sexta-feira, de vento ligeiro que entrava pela janela aberta sem cuidado e sem respeito, deslizando sobre a mesa, soprando folhas de papel branco que aquele menino de cabelos curtos escrevia. Ali ele deixava marcas no papel, pressionva o grafite e descrevia a sua semana como se fosse um balanço semanal obrigatório. Descreveu como fora bom aqueles dias, que aprendeu e cresceu mais um pouco. Falou sobre a natureza que naturalmente o acompanha da escola até em casa, das ruas movimentadas, de pessoas e meios de transporte, tudo tão corrido, veloz, congestionado. Também escreveu sobre o quanto há pessoas abandonadas nas ruas, animais famintos, lixo nas sarjetas, e calçadas mal conservadas, observou que os toldos das casas aparentam marcas pretas de pingos contínuos de chuvas que mancham e fazem um caminho curioso, divagou sobre as sibipirunas floridas nessa época do ano e fez um teste: se ele sorrir primeiro e dizer bom dia é difícil a outra pessoa não fazer o mesmo, ainda que esteja com pressa e perturbada com a segunda-feira.
Conheceu um pouco de si próprio, falou consigo mesmo, refletiu. Parou um pouco e meditou ao lado da janela ao entardecer, fechou os olhos e tentou sentir um pouco daquele vento que antecede a chuva de verão, percebeu que a vida é algo passageiro quando soube que uma menina tinha perdido a oportunidade de crescer por morrer de leucemia dois meses depois de descobrir a sua doença. Pensou um pouco e pode imaginar como seria a vida de seus pais, do trabalho, da rotina, das responsabilidades que os cabem, a intenção de sustentar uma família, construir uma carreira, lidar com pessoas diferentes, de pensamentos distintos de personalidade incongruentes.
Reconheceu que a sombra pode ser uma diversão se você sabe brincar com as mãos, ela pode ser pássaros ou um cachorrinho, que não é tão ruim ficar no silêncio. Respirou fundo e pausadamente e percebeu que o equilíbrio não é encarar a vida como se fosse uma maravilha, recheada de alegrias ebrias e festas cotidianas, mas encarar a vida é estar encorajado a enfrentá-la. A superação é uma energia que nos motiva a ir mais longe e isso ele percebeu quando não conseguia realizar uma tarefa, após consegui-la sentiu-se vitorioso, deu um sorriso e gritou: “Mãe, eu consegui!”. Dizer a você que no momento está difícil é fato, continuar persistindo e aprendendo é preciso, vencer é indescritível, uma felicidade instantânea se instala e você sorri e diz: Eu consegui.
A noite ameaçava chegar, aquele vento sapeca cessou, trouxe nuvens carregadas de água que caia lá fora molhando os vidros da veneziana agora fechada, o som da chuva foi percebido pelo garoto que também escreveu: Ouço a chuva com prazer, ela molha tudo e todos, ela não poupa, ela acalma, refresca e me faz bem. Assim como o sol que toca a terra e a grama úmida ele não privilegia. E foi assim que ele terminou de escrever, os reflexos do tempo através do seu olhar, e percebeu que cada um pode olhar de maneira diferente para tudo, porém para refletir temos que nos conhecer e saber o que nos faz bem. Esse bem não pode ser prejudicial aos outros, que um sorriso não encobre uma tristeza interior, porém é uma boa maneira de evitar falar de assuntos que não corresponde a outras pessoas. Que a felicidade está em cada instante de tempo compartilhado ou sozinho, daqueles instantes dedicados ao construir e conhecer, de viver deixando a simplicidade explícita e nos abstendo das efemeridades óbvias que nos cria e nos aprisiona. O resto passa, tudo passa, o que permanece são aquilo que gardamos dentro de nós.
Permita-se a reflexão nos minutos que acompanham a sua rotina, para que um dia não pensemos que a vida passou e não tivemos a oportunidade de fazer o nosso balanço diário, ainda que às vezes ele seja semanal ou até anual.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Siento dudas





Las calles se quedan mojadas y las árboles sonríen a punto de se agitaren de una alegría visible. A veces creo que la naturaleza siente ganas de compartir su estado de ánimo conmigo, pero no estoy dispuesto a oírlas y quedo preso a eso estado de ousadia, de periodos grises, de sonrisa falsa que llevo en la cara como disfraces para las preguntas indiscretas. Desperté hoy en una mañana fría, con muchas personas con sus paraguas, corriendo, llevando el tiempo en sus bolsillos, desperté con ganas de escribirte, como se he tomado una medicina que ayuda a expresar los deseos mas perturbados de mi mente. Siento dudas que corren por mi cuerpo, juegan con mis venas en alta velocidad. Siento miedo por no saber como manejar mis actos, como hacer para que todo sea distinto. Creo que te quiero, pero no puedo tenerte. El respecto es un límite, la nostalgia es el sentimiento, la duda es mi corbata. Hoy hay muchas nubes grises arriba y el agua no tarda a caer. Estoy un poco enfermo, la gripa no quiere abandonarme y siento mi cuerpo cansado, mis ojos a cada parpadeo vacilante, vivo por el combustible que a mí suena canciones. Quedo aquí escuchándolas, así olvídame las tardes grises, la mente insana y los habitantes de mis sentimientos.
Le comento que soñó cosas prohibidas y eso no tiene color por que son solamente sueños, riegos que no quiero tenerlos cerca de mí, todo vuelve lento y no logro saber si es cierto.
Mi alrededor no hay sonrisas y busco en la memoria sus dientes blancos, sus labios rojos y el brillo en su mirar. Tengo ganas de abrazarte y buscote en la ilusión que no existe, en la mirada de las personas que cruzo por la calle y a veces soy el loco por pedirte que huyas y nunca más vuelva a verme, a pensarme. Siéntome desequilibrado por imaginar sus pensamientos rotos que se convergen por mi mente.
Tengo ahora mis manos, mis escritos, mi caligrafía como la mía coartada y frente a eso puedo sentirme feliz por saber que nada puedo ser juzgado por ser sensible, despresando lo que siento al imaginar su presencia.
Por favor, no me juzgue un chico dramático envuelto en su soledad y lleno de sensibilidad aprisionada sin las claves por su libertad, pido que me dé tiempo para que yo pueda reflejar, que me dé brazos para que yo pueda descansar, un piso seguro donde yo pueda caminar descalzo sin miedo de herirme. Sé que puedo estar pidiéndote cosas mayores que tú puedas soportar, aunque sea eso verdad, dígame que logras hacerlo, mentiras piadosas se convierten en mensajes necesarias hasta que llegues tú.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As mentirinhas que elas nos contam


Elas são versáteis, criativas, inteligentes e determinadas, preocupam-se com a família, os amigos, o trabalho, estudam e não se descuidam da beleza, ah, a beleza, como existem coisas para as mulheres. Elas se ajudam nessas coisas de mulher. Posso imaginar os olhinhos brilharem quando ouvem falar sobre maquiagem, cabelo, produtos para o corpo, cosméticos, unhas e horóscopo, porque elas também se preocupam como está o astral, como está o ascendente e por ai vai. Sem mencionar os vários tipos de produtos para essas coisas, para cada tipo de cabelo, para cada tipo de pele, acessórios para o rosto, oval, redondo, quadrado, orelha pequena, orelhão... Ufa! Quanta diversidade. Elas nos tocam com a sua sensibilidade e se uma amiga chega de surpresa e há tempos que não se vêem seguem aqueles gritinhos de alegria. Sim, você já deve ter presenciado uma cena dessas. No mínimo é engraçado. E quando estão em uma festa, dançam juntas mesmo, às vezes nem é por falta de par, acompanhada com alguma dancinha divertida e um drink tudo fica mais alegre.

Mulheres são detalhistas, elas não se têm receio de achar outra bonita, elas falam mesmo: Amiga, olha aquela moça, ela é bonita, mas que cabelo é aquele, e aquela bolsa, meu Deus, tadinha, ela não tem amigas? As mais ousadas dizem: Não é falta de amizade, meu bem, é de espelho mesmo.

Exercitam o narcisismo: Poses em frente ao espelho, de fotos mesmo, às vezes só para reparar nos detalhes do tempo ou como nasceu aquela espinha justo naquele lugar. Os assuntos mais comentados: Perca de peso, cremes para rejuvenescimento, óleos essenciais, qual é a melhor dieta, qual o mais novo produto para redução das linhas de expressão e os óleos mais perfumados. Quantos conhecimentos atribuídos e divulgados, esses são os poucos atributos conhecidos das mulheres, porém há também as mentirinhas, claro, inofensivas, que elas nos contam, e que na maioria das vezes não percebemos, afinal elas são astutas. Quando ouvimos: "Que simpática a sua ex", é meio estranho ouvir isso, porque sempre imaginamos que ela não ia gostar, porém parece tão segura falando isso. Na verdade ela está odiando ver aquela pessoa, tão mal cuidada e horrorosa, mas não podem demonstrar insegurança, elas não criticam e são tolerantes. Algumas podem pensar assim: Antes próximo que longe, aqui eu posso controlar.

"Não está acontecendo nada" – Se vier acompanhada com aqueles olhos semicerrados e sobrancelhas arqueadas, sai de baixo, melhor deixá-las em paz por enquanto, elas estão furiosas, até voltar e ouvir: Oi coração, tudo bem?

"Saia com seus amigos, não tem problema" – Cuidado, há problema sim, embora essa frase venha acompanhada com: Ciumenta eu? Imagina. Não, confio 100% em você, relaxa, coração. Claro que não vamos deixar de sair com a turma, mas sempre teremos que nos cuidar para que isso não seja freqüente.

“Eu me arrumo pra me sentir bem” – Só pra isso? Sabemos que sim. Por que elas não querem que outras as vejam mal vestidas, descabeladas, sem maquiagem e comecem a falar que elas próprias não têm espelhos em casa, ou são desprovidas de amigas sinceras.

“Um minutinho, já estou saindo” – Isso nunca é verdade. Só se o relógio dela estiver parado. Mas, tudo bem, somos compreensivos, às vezes soltamos um: Ô louco amor, que minutinho grande esse, hein?

“Nada” – Sempre pensamos que isso é verdadeiro, mas não é. – O que houve? – NADA. Se vier antes um suspiro alto, significa: Você é cego ou tem algum problema? Claro que está acontecendo algo. Tenha calma, não pergunte mais nada, silencie-se, é melhor.

Situações típicas: Com cara de brava:

- Vamos conversar.

- O que houve?

- Nada.

Você acabou de comprar um sorvete:

- Você quer experimentar?

- Não.

Ela quer que você insista mais uma vez, para demonstrar que realmente você se importa com ela. Por isso diga: Ah, experimenta, está gostoso, você vai gostar, só um pedacinho. Às vezes é melhor não ser tão objetivo.

Do nada, ela muda a expressão e você pergunta:

- Está tudo bem?

- ESTÁ.

Ai ai... Não parece óbvio, eu sei, porém não está tudo bem. Isso significa que ela está pensando como irá falar pra você de modo que não pareça algo tão mal quanto ela imagina, algo entendível para nossos ouvidos.

Ah, esse mundo incrível e cheio de particularidades, não que conseguimos escrever com tanta propriedade, porém sabemos de alguma coisa, se estivermos atentos para observar.

Advertência: Esse texto contém ironia suficiente para não ser totalmente bem interpretado, não precisa dizer:

- Você gostou?

- Claro, é lindo. Vamos entender que isso pode ser o que não é, afinal nunca vamos saber se tudo é o que parece ser, vamos rir e ser feliz. Mulheres um universo de significados.