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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Literatura e vida


Estabeleço aqui uma relação entre a literatura e o soprar da vida. Claro! Não estará tão evidente para você, leitor. Mas é possível conceber essa ligação entre linhas, com as suas experiências, com a literatura, com a vida.
Era uma noite de verão, o céu estava estrelado e o mar intranquilo, em seu movimento de vai e vem, molhava a beirada da areia, encharcava nossos pés, resfriava meu corpo. Seguimos caminhando e conversando, enfrentando o vento taciturno e sentindo aquela magia de sorrir, ouvir e piscar. Ainda receio definir, pois a memória é tão seletiva e parcial que corrompe os fatos, ora mascara, ora enfeita, mas posso dizer que foi tão prazeroso estar a caminhar contigo, descalço, entre olhares e dúvidas, entre perguntas e respostas, sorrisos e timidez. 
Um beijo medroso e rápido me despertou.
          Quando vivemos muito é comum reconhecer que a sensação da paixão é aprendida e que por ela não mais estabelecerá alguma conexão. Quanta inverdade está recheado esse discurso, o controle e o autoconhecimento é tão impreciso quanto as esferas incrédulas do comportamento humano.
É nesse sentido que encontro um lugar comum de refúgio, de satisfação, de graciosidade nas linhas de Jane Austen, quando o Sr. Darcy tenta localizar no tempo quando aconteceu o seu apaixonar.

“Sentindo-se tranquila, Elizabeth começou logo a gracejar. Pediu a Mr. Darcy que explicasse como se tinha apaixonado por ela.
- Como pôde começar? - perguntou ela. - Posso compreender perfeitamente que tenha continuado uma vez feito o primeiro passo, mas que foi que o impulsionou?
- Não posso fixar a hora ou o lugar. Isto já foi há muito tempo. Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado.
- Minha beleza, você a tinha negado desde o princípio. E quanto às minhas maneiras, meu comportamento para com você sempre beirou a falta de educação. E quase sempre, quando me dirigia a você, era com o intuito de feri-lo. Agora seja sincero: foi por causa da minha impertinência que me admirou?
- Pela vivacidade da sua inteligência, sim”. (Capítulo 60 - Orgulho e Preconceito).