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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Balanço de 2009

Falta pouco para que 2009 passe a ser o ano do passado e 2010 torne-se o ano do presente. Foi em dois mil e nove que aconteceram coisas que eu não havia planejado para o ano todo. Estive no terceiro ano da graduação, fiquei com dez no primeiro estágio do trabalho de conclusão de curso, fortaleci os laços de amizade com as meninas da segunda fila da sala 209, chorei quando a Elis esteve no hospital, senti muita saudade da Mariann, conversei muito por Messenger e escutei música, conheci uma argentina maravilhosa, freqüentei aulas que a maioria da turma era do curso de direito. Dancei muito naquelas baladas de sábado a noite, me enlouqueci com os trabalhos do Moretti e as provas de final de semestre, li pouco livros, li muitos textos, assisti os melhores filmes. Conversei com a Vânia nos finais de semana ao som de Burt Barcarah, Bárbara Streisand, Vivaldi, Bach, MPB, Roberto Carlos, e tomamos cerveja e discutimos sobre as hipocrisias da nossa família. Perdi o amor da minha vida, sofri, chorei, me recuperei, superei. Ganhei um novo CD da Laura Pausini, perdi o show dela, ganhei um Dvd do RC, também não fui ao show dele. Ganhei presentes de aniversário, de natal, ganhei beijos, briguei com a Pi, fiquei estressado, tomei chuva, fiquei irado. Roubaram a minha bicicleta, fizeram uma rifa e compraram outra para mim. Passei no concurso para estagiário de uma autarquia estadual, passei de ano.
Dormi na minha cama de solteiro muitas vezes esse ano, dormi no chão quando eu não estava em casa, viajei pra praia, namorei, amei.
Fui à formatura da Amanda, Assisti Potter, revi Orgulho e Preconceito, ganhei o livro da Luiza de amigo secreto. Não organizei as minhas caixas de recordações, comprei um travesseiro novo, roupas de cama em branco, amarelo, azul e laranja. Fronhas verdes. O Blue seduction acabou. O trio parado dura se separou: o Dalton se aposentou, a Elis ficou no Cadastro imobiliário e eu no fiscal. O Tom foi para os States, fizemos festa de despedida, tomei sorvete, caminhei, escutei muita música em espanhol, fui muito feliz, fiquei deprimido, perdi o ônibus, viajei pra uma cidade nova, fui pra São Paulo, conheci pessoas diferentes, fingi ser o forte, quando por dentro eu era fraco.
Fiz um blog, publiquei textos, meus amigos me leram, meus amigos me elogiaram. Armamos à árvore de natal, o gato brincou tanto com ela que queimou o pisca-pisca. Conheci você. Ufa!
Foi um ano repleto de coisas que é impossível lembrar de tudo, mas ainda persistem as minhas manias. Eu continuo não gostando de legumes, continuo adorando os lançamentos da Natura, em especial os sabonetes, de leite condensado, de verde, de espanhol, de tomar cerveja com as meninas da facul, do vinho artesanal, do strogonoff de frango da Pi, das irritantes perguntas da Dona Hosana, continuo acordando que nem um zumbi e dormindo perto da uma da madrugada. O Cats’beer tá aqui ainda, manhoso e preguiçoso. Chegou a Úrsula, a Sara tá enorme, que nem um pônei... E é verão de ruas molhadas e dias cinza, e isso foi uma síntese do balanço de 2009. Que seja bem-vindo 2010. Uma página em branco de novas histórias.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sob o guarda-chuva

É noite de segunda-feira. Chove fraco e eu tomo alguns poucos goles de Cabernet Sauvignom Syrah ouvindo aquelas músicas de ficar abraçado em noite chuvosa.
Percebo que você me apetece deliciosamente, percebo que a distância que nos separa é alimento pra saudade que rompe no meu peito ou qualquer parte do meu corpo procurando o seu sinal de vida.
Talvez seja transparente dizer, ou talvez não prudente dizê-lo, mas eu sinto a vontade imensa de poder tocar você por inteiro agora, sinto vontade de beijar seus lábios e escorregar por entre seus braços sem um rumo fixo.
Não vou narrar os medos previsíveis de um garoto que teme o futuro desconhecido, vou narrar à coragem do homem que desbrava os caminhos sem o medo no olhar, preservarei a valentia infantil que é dotada às crianças que estão aprendendo andar de bicicleta.
Se conhecesse a arte de ler as mãos, interpretaria as linhas das suas em uma sentença favorável de um futuro ao meu lado. Se eu conseguisse ler borras de café em uma xícara de borda larga, veria as previsões tão utópicas que faria as minhas covinhas marcantes salientes e seu riso fraco me contagiar até o meu corpo estremecer.
Gosto de como você me olha de longe, e como me acaricia devagar, gosto do seu beijo tímido e dos seus beijos na minha nuca, gosto das suas letras e da sua cautela. Gosto da sua personalidade e do seu cabelo de fogo, do barulhinho que sai do seu sorriso e da sua voz ao telefone.
Ainda quero conhecer a sua caligrafia, quero conhecer como são seus olhos molhados e o seu rosto de alegria quando eu estiver chegando.
Se você soubesse como são as minhas noites sem a sua presença, como caminho pela manhã quando o sol me faz refém, me tornando aquele japonês de olhos entre abertos. Descreveria você através das poucas horas que passamos juntos, de como conheço pouco de você: as suas cotidianidades, as suas implicâncias, as suas preferências. Talvez eu seja falho em mencionar essas características, mas diria assim para o amigo que compartilha os melhores momentos: Sobre mim, me causa um efeito que me toma o corpo, que eu pareço um palhaço que não sei onde eu achei a alegria, essa que invade e permanece naquele sorriso que não sai dos lábios, e por dentro eu me sinto confortável. Como os detalhes me fazem bem, embora eu os oculte de você, e que possa parecer que eu os não reconheça. Pareço redundante? Acho que sim, é porque eu escrevo a você, queria que se tornasse belíssimo, meio bobo, meio Angelo.
Não queria parecer que compartilho daquelas frases feitas, de romances de gaveta, mas ainda que se assemelhe e essas bobagens. Espero que aceite. Por que eu não agüentaria viver sem seus beijos nem um só dia mais.
Vamos esquecer o passado, os monstros daquele tempo, vamos escrever uma história singular, do verde e do azul, do ARBO e do bonequinho de neve, da melancia e suas sementes, do menino na janela, do menino de pijama, da garoa tímida que cai transformando-se em chuva.
Posso parecer um tanto prepotente, mas eu acredito que acredito em você, que acredito em mim, que acredito em nós. E com esse pensamento eu sigo, eu vivo e a cada dia eu penso mais em você, mais que ontem e ainda mais do que o dia em que eu o convidei: - Vamos praticar espanhol?

Detrás de esa ventana


O garoto saía de casa com um pedaço de melancia na mão. Ele adorava melancia, mas não gostava das sementes que ali se espalhavam. Ao sair pela porta, uma garoa extremamente fina tomou o céu. Colocou um dos pés descalços para fora e recolheu rapidamente. Mas não por conta do respigar. Era por outro garoto que comia um pedaço de melancia, da janela de sua casa. Sentiu o coração gelar, as mãos estremecerem, as pernas ficarem agitadas e bambas. Ele já sabia que seu futuro estava ali, bem em frente da sua porta. E, por isso, sentiu-se esquisito.

Durante vários dias, o garoto ensaiou para sair de casa e pular a janela do outro garoto, que possuía covinhas. Comprou um novo tênis, penteou os cabelos, até passou perfume. Mas a garoa, a melancia, o garoto na janela, e a consciência do futuro o faziam travar. Ele não conseguia dar um passo sequer, se movimentar coordenadamente: as pernas tremiam muito, e por várias vezes caiu (!). Até que, com o vidro embaçado pelo vapor da boca, que encostava pela vontade de ver mais de perto, o garoto da janela resolveu escrever algo para ele. “Hola, quiero estar em tu vida. ¿Puedo?”.

Sem jeito, o garoto demorou a responder. Ensaiava com freqüência e pensava muito, até que o vapor simplesmente sumiu. E ele ficou triste por ter demorado a responder e deixar escorrer pelos dedos aquela oportunidade. Para sua sorte, no outro dia, o garoto da janela estabeleceu contato novamente. E mais que depressa respondeu: “Hola, yo no sé hablar español muy bien. Pero quiero que estés en mi vida, sí”. E todos os dias eles se comunicavam.

Sair da janela, caminhar até o outro lado da rua, porém, não foi uma tarefa fácil. O garoto já amava o menino da janela, mas sentia medo da sua melancia e da melancia que ele carregava. Todas possuíam muitas sementes, que eles faziam questão de exibir, cada um em sua janela. Por alguns dias de garoa, ficou de costas para a janela e até disse “No vamos a hablar”. As noites silenciavam e a amargura tomava aqueles corações, que voltavam a se unir.

Em uma tarde quente e chuvosa, decidiram brincarem juntos em frente à casa dos anjos, bem longe de suas casas. O garoto vestiu uma camiseta verde e, comendo sua melancia, ficou sentado esperando. Os ponteiros demoravam a passar e a cada minuto tentava alguma ligação com sinais de fumaça. “¿Dónde estás? Te quiero aquí”. E ele chegou. Com uma mochila das costas, covinhas evidentes, melancia na mão e sorriso mais que encantador, ele encontrou os olhos do garoto. Abraçaram-se profundamente, embora sem jeito.

Talvez eles nem tenham notado, mas a fina garoa se transformou em chuva. Afinal, os anjos daquela igreja choravam com a união daquelas almas. E assim como as gotas que brotavam do céu, todas as sementes de melancia tocavam o chão.
Neto Lucon

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Belezinha


Belezinha diz:
Que fico pensando em você...
Que eu gosto de escutar sua voz...
Fiquei achando que vc não gostou de mim...
Fiquei com ciumes das pessoas que ficaram com você, sendo que eu não tinha te beijado até então.
Que adorei ter te visto a tarde... que queria te beijado antes de ir embora.
Que gostei muito da sua pele... De dormir com você.
Das músicas que você colocou naquele cd, dos seus beijos.
Do seu jeitinho, do seu sorriso.
Que odiava toda vez que você falava do passado, ou das experiências na balada.
Enfim...
Talvez não exista uma pessoa "do mau". Talvez exista sim. Mas talvez eu só tivesse medo de sentir tudo isso que você me faz sentir.
Belezinha diz:
Sei que você pode não querer mais depois das coisas que fiz e dizia - e eu entenderia... - mas eu não consigo te esquecer.
E não vejo a hora de te ver de novo.
E sinceramente, a melhor parte do dia é quando sinto você perto de mim - através das mensagens, de e-mail e aqui.
Todas as vezes que queria ir embora é pq me incomodava eu gostar tanto de você. Pq vc me faz tão bem...
Como se fosse uma droga boa...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mis mejores canciones por ahora


A Encontrarte - Sin Bandera

Caminando veo la vida, veo que va desentendida, sin preocupación. Veo que sin razón el mundo nos aplasta en un segundo, esconde el amor. Lo que necesito es dejarme descubrir, lo único que quiero es detenerme junto a ti, aun no te conozco y ya te puedo distinguir, quiero hallarte para amarte. Estas en cada paso en cada instante siénteme, te puedo tocar y cada vez que mire hacia delante tu mirada me llevará. Dibujando veo el futuro como un niño me aventuro a la imaginación. Ese mundo sin bandera, siempre con la fe de fuera, hoy ya no es ilusión. Cerca te llevo de mí, tú eres quien me hace sentir que si a veces duele la vida no duele si voy a encontrarte


Que Me Alcance La Vida - Sin Bandera

Tantos momentos de felicidad, tanta claridad, tanta fantasía, tanta pasión, tanta imaginación y tanto dar amor hasta llegar el día, tantas maneras de decir Te Amo no parece humano lo que tu me das. Cada deseo que tu me adivinas, cada vez que ríes, rompes mi rutina y la paciencia con la que me escuchas y la convicción con la que siempre luchas, como me llenas, como me liberas quiero estar contigo si vuelvo a nacer. Le pido a Dios que me alcance la vida y me de tiempo para regresar aunque sea tan solo un poco de lo mucho que me das, le pido a Dios que me alcance la vida para decirte todo lo que siento gracias a tu amor. El sentimiento de que no soy yoy que hay algo más cuando tu me miras la sensación de que no existe el tiempo cuando están tus manos sobre mis mejillas, como me llenas como me liberas, quiero estar contigo si vuelvo a nacer.


Si Me Besas - Sin Bandera


Sé bien que ya no puedes dormir. Sueñas que yo sueño junto a ti. Sé bien que no quieres despertar sin mí. Yo sé que no hay nada qué perder. Que tú puedes ser esa mujer. La piel de la noche y del amanecer. Mírame no lo pienses más. Déjate llevar.
Si me besas una vez. Pongo el mundo a tus pies. Por tus labios pierdo la razón. Si me besas dos o tres. Mil estrellas bajaré. No hay medidas para el corazón. Si me besas una vez, yo vuelvo a nacer. Lo sé tienes miedo yo también. Lo sé es difícil de entender. Hablar sé que puede hacernos tanto bien. Es nuestra oportunidad. Basta de esperar.


Noviembre Sin Ti - Reik


La tarde se aleja, el cielo esta gris, la noche aparece sin ti.
Callado en la playa, te lloro en silencio otra vez. Me ahoga esta pena, no puedo vivir, las olas no me hablan de ti. Sentado en la arena escribo tu nombre otra vez. Por que te extraño desde aquel noviembre, cuando soñamos juntos a querernos siempre. Me duele, este frio noviembre, cuando las hojas caen a morir por siempre...
Noviembre sin ti, es sentir que la lluvia, me dice llorando que todo acabo.
Noviembre sin ti, es pedirle a la luna que brille en la noche de mi corazon, Otra vezz...Oh oh... otra vez...
Quisiera decirte, que quiero volver, tu nombre va escrito en mi piel. Ya es de madrugada, te sigo esperando otra vez. Por que te extraño desde aquel noviembre cuando soñamos juntos a querernos siempre. Me duele, este frio noviembre, cuando las hojas caen a morir por siempre...

Amores extraños - Laura Pausini

...Y cúantas noches lloraré por él. Cúantas veces volveré a leer aquellas cartas que yo recibía cuando mis penas eran alegrías. Son amores esporádicos, pero en ti quedarán. Amores, tan extraños que vienen y se van. Ya sabia que no llegaría, esta vez me lo prometeré, tengo ganas de un amor sincero. Ya sin él...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Melancia


Há meses que não escrevo algo assim para ninguém, e agora você me proporciona a oportunidade de escrever o que eu pensei que tão depressa eu não faria. O dia segue diferente de ontem. Hoje sobre as nuvens há um sol tímido que aquece lentamente as ruas daqui. É pouco mais de dez da manhã e eu reservo um tempo para escrever os meus infortúnios. Confesso que me falta coragem para insistir mais nesse relacionamento tão peculiar. Contudo se demonstrasse uma motivação interior de idéias transparentes, ou quem sabe uma inclinação de um desejo que me fizesse acreditar que em vão nada seria, eu acredito que desenvolveria a insistência tão logo que me surpreenderia com tal rapidez.
Relembro as conversas de questionamentos tortos, de caminhos obscuros que jamais outro par se proporia a oferecer um ao outro. Ainda que pouco sei de você posso detalhar o seu gosto pelo azul e as suas variantes, a sua espontaneidade pelos assuntos mais cautelosos, o seu senso de humor leve e a sua insistência de ocultar as respostas das minhas pertinentes perguntas insistentes.
Hoje mora aqui dentro um sentimento que chegou de pronto, ele já tinha ido há tempos e eu não mais me lembrava as suas reações adversas. De verdade, eu não fui tão esperto quanto eu pensei que poderia ser, caminhei pelo campo, descalço e desprotegido. Mostrei aquilo que sou sem censura e consenti a porta aberta como se tivesse coberto de alguma película indestrutível e impenetrável. Claro! Deixei que a minha própria sorte cuidasse do meu coração que acreditava na impossibilidade de acolher outro habitante.
Sinto a saudade daquilo que não tive, do abrigo que procurei, do olhar que nunca conheci, do som da sua voz que me fez feliz ao telefone. Provocando o meu riso de covinhas marcantes, o conhecimento que a minha presença instigava um movimento das suas pernas inquietas, da sua preocupação do encontro e do seu medo de apaixonar-se.
Deixo que parta, para que logo isso evapore de dentro de mim, para que eu possa relembrar desse momento como se fosse mais um dia que vivi apaixonado.
Não temo, ao contrário de você que não saboreia a melancia só por ela cometer o sacrilégio de conter sementes; vivo para amar, vivo para sangrar, vivo para viver, entre todos os possíveis cenários que o ser humano é capaz de criar e desenvolver-se.
Um beijo, fique bem e até logo.

domingo, 29 de novembro de 2009

O meu se


Sobre um céu chuvoso de domingo à noite, de um clima úmido de ruas molhadas daqui da janela do meu quarto eu confesso que declinei há dias escrever à você as minhas cotidianidades.
Em verdade eu não quero fazê-lo, não quero adiantar o meu temperamento.
Nesse final de semana último eu passei mais caseiro que o de costume. Em uma sexta-feira sem aula depois do trabalho eu relaxei sob um pijama amarelo listrado e um par de havaianas verde limão, foi o traje que me acompanhou por todo o final de semana tranqüilo. A chuva como outra aliada, constantemente golpeava as telhas fazendo aquele barulho típico de noite ideal para dormir. As músicas que eu ouvi foram tão variadas que rendeu até essa carta inesperada. De Antonio Vivaldi, passando pelas músicas deliciosamente latinas às canções contemporâneas americanas, sempre com um toque gentil da MPB que é de igual prazer. Assiste outra vez ao filme de Jane Austen, aquele estimulante romance do século XVIII.
Por incrível que possa parecer, se eu estivesse com você, ainda não sei o que exatamente eu faria, se levasse as minhas vontades a sério, acredito que nada me oporia a satisfazer os meus anseios, porém eu não conheceria seus desejos tampouco a sua maneira de viver singularmente.
Como de fato, eu não estava com você essa tarde e esse final de semana foi solitário. Embora eu não me queixe se a sua companhia é inconstante ou se a ausência é definitiva, só fantasio como seria se estive acerca.
Por fim, escrevi a você de forma rápida para que eu consiga ocultar os mais íntimos desejos que se assim não o fizer narrarei sem censura as minhas preocupações.
Agora você conheceu a síntese de como foi o meu final de semana e eu seria um tolo se confirmasse que não gostaria de saber como foi o seu.
Proponho constrangedoramente que você me escreva. Quero conhecer se suas noites foram isoladas ou coletivas, se o seu final de domingo foi preenchido pelo meu afastamento involuntário, assim para que eu leia cuidadosamente cada linha sua obtendo a mera opinião individual, por que o meu se é tão pertencente as minhas linhas, tal que o meu se é uma alusão ao que eu confio. Pura imaginação.

domingo, 8 de novembro de 2009

As gérberas do meu jardim


Eu amo você mãe, e as suas carinhas de corpo estremecendo quando vem querendo me abraçar. Dos seus “esquecimentos” do dia-a-dia e da sua maneira carinhosa de me dar tanto amor.
Eu amo você Pi. Gosto do seu jeito de pensar e a sua esperteza e inteligência, me orgulho dos seus resultados no trabalho, da sua simpatia em tratar as pessoas, embora como irmãos, às brigas aconteçam, elas compõem nosso universo fraterno.
Eu amo as meninas da faculdade, as meninas do trabalho. Dos temperamentos de cada uma.
Posso estar equivocado em descrevê-las assim, mas é a minha perspectiva que tem observado a maneira que eu me divirto com elas. São as cinco meninas mais “completantes” que existem.
Da faculdade tem a dançarina, a Hippie, que é fã de gatos, a pacificadora e diplomata, a leitora de séries infanto-juvenis, e da quase que não participa de nada. Vocês são o equilíbrio do Angelo, vocês são peças ímpares. Obrigado meninas, são amizades assim que o mundo precisa para fortalecer os laços de afeto e amor. Talvez o meu conhecimento sobre vocês seja limitado, mas é o que julgo o suficiente para dizer que adoro quando entro em uma conversa sobre Potter com a Mari e os livros e filmes que vimos ou daqueles que iremos ver, ou ainda quando discutimos sobre o delgado corpo da protagonista de Orgulho e Preconceito.
Das conversas entre seis e sete da noite, que a Elis e eu sempre trocamos, recheadas de injúrias do trabalho, lapsos da faculdade, desesperos e alegrias salpicadas, repetidas vezes, das nossas particularidades comuns. Gosto quando nos comunicamos por papeizinhos Lu, sempre é uma risada garantida, você se mostrou ótima desenhista, achei incrível o desenho da adaga fatal.
Da Flávia, a mocinha de letras grandes, de vestidinhos estilo hippie e da praticidade de escrever, capaz de resumir tudo em poucas palavras. Das expressões: “você é um sucesso” “Oi, pessoa” “você é exclusivo nosso”.
Da Marina, mesmo não aceitando nossos convites, é uma daquelas que fica quietinha, mas tem certa travessura no olhar, faz piada se cutucada. Enfim das nossas idas ao bar, das conversas paralelas na classe e da maneira como eu chamo vocês de mulheres e vocês me chamam de homem, do Adoro e Delícia.
Das outras mulheres... As com quem trabalho.
É o animo matutino. Criaturas que ajudam você a reconhecer a segunda-feira como o primeiro dia de trabalho e não desanimar. São mulheres simpáticas, bonitas e mandonas.
Da engenharia tenho a Dani, a Ana, a Monise e a Elis. (D.A.M.E). Elas me oferecem os melhores dias úteis que eu posso ter, são mulheres fantásticas, por isso todas comprometidas. Por que será?
Da Lançadoria tem as duas: Angelita e Monise. As maquiadoras, portadoras da beleza engarrafada, e competentíssima no que fazem. Às vezes milagres.
Da mulher de longe. Tem a Mariann que eu amo de paixão, dos nossos vocabulários pessoais, nossas histórias entrelaçadas, nossas músicas compartidas. Nosso, é o nosso pronome. Das cartas que trocamos, das músicas que ouvimos, do período que sentimos, tudo fazemos juntos, a quilômetros de distância.
Da minha vizinha, amiga de rua e infância. Da Amandoca. Sou muito feliz por conhecê-la, das conversas de fim de semestre na calçada, na sorveteria, gosto do nosso modo de falar do passado, dos planos do futuro. Ainda que a vida seja para nós, muito agitada, é impossível esquecer você.
Contudo são mulheres, cada uma com uma particularidade, como são inovadoras, espertas. É incrível que nenhuma tenha o mesmo brinco, o mesmo sapato, a mesma roupa e às vezes não compartilham das mesmas idéias. São mulheres fantásticas assim, que vivem na minha vida, me dá alegria gratuita, amizade necessária e uma vontade imensa de agradecer todo dia a Deus por ser tão abençoado.
Havia tempo que eu queria escrever isso, mesmo agora, nessa tarde de domingo nublado de céu cinza. Escuto músicas e dividido o olhar entre o computador e o comportamento do tempo, tardando as coisas da faculdade.
Escrevo a vocês para que saibam, aqui existe um ser humano, um menino bobo de atos impensados, de alegria nos olhos e feliz por nascença, que deseja o melhor a cada uma de vocês e que espera sinceramente que aconteçam somente coisas boas, e se inevitável aconteça as ruins, eu talvez possa ajudar. Sorriam mulheres, vocês são as gérberas do meu jardim. Eu as amo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

No varal dos meus pensamentos


Às vezes eu me pergunto, tantas e divertidas vezes, o porquê dos pensamentos bobos que vem de repente e sem razão. Dos assim, olha só: Por qual razão eu gosto de digitar com letra de tamanho 12 e Tahoma, se qualquer outra fonte, a meu ver, não seria o meu registro. O porquê de achar engraçado caminhar os meus 20 minutos diários com os ouvidos ligados no fone, religiosamente sincronizados com os cantores do mp3, cantando junto e provocando risos nos caminhantes que escutam a minha versão desafinada, porém autêntica e audaciosamente feliz.

Se o dia é cinza e chove pouco, sempre me dá vontade de escrever impulsionado pelo ligeiro sentimento de nostalgia. As músicas do Maná, Reik, Sin Bandera, Enrique Iglesias, Roberto Carlos, Enya, Era, Luis Fonsi, Capital Inicial, e outras tantas são as que me mais me legitimam.

Não sou adepto dos palavrões e não me estabeleço pelas expressões inglesas mal traduzidas, adoro o português e as suas raízes, me encanta o espanhol e aquele sotaque das canções latinas, os mariachis me fazem rir inocentemente assim como as músicas me transformam e são poderosas osciladoras de humor.

As canecas de louça, mesmo que nem todas elas, as minhas preferidas são as de cores lisas sem personagens infantis, dos amantes das cores, sou do grupo dos verdinhos, gosto de verde quanto gosto de cheiro de limpeza. Outra particularidade minha, era que quando criança adorava ficar no quintal abaixo do varal de roupa úmida, secando naquele sol de começo de tarde, sob um agradável cheiro de amaciante misturado a sabão em pó, que me atrai até hoje.

Faz tempo que não escrevo detalhando o dia, se é noite depois das seis, se é tarde de sol forte; agora pretendo me deter a outros tipos de detalhes, reflito sobre a cumplicidade, que para mim é algo fascinante. Quando eu tinha você, eu sentia que você podia me tocar somente com aquele olhar de espreita que fazia quando eu fingia dormir naquela cama de casal sobre os lençóis listrados de preto e branco, e só sentia isso porque eu e você éramos cúmplices. Ser explícito é o último caso, para quando você não me entender através dos meus gestos introvertidos ou das minhas idéias subliminares.

Culpar ou rotular as pessoas por aquilo que elas acreditam, usam, consomem, gostam, a meu ver, é de uma mediocridade imensa, embora eu aceite que intimamente eu não compartilho das opiniões e dos gostos vizinhos, e quem concorda com a opinião alheia 100% não é feliz, eu sou feliz.

Vai, me irrita. Abusa dos inconstantes erros gramaticais, dos meus as sem crase, das frases sem acento que eu me policio tanto para evitá-las, embora sempre escondidas saiam festejando depois de publicadas. Ridicularize-me da minha não adaptação a nova reforma da língua portuguesa.

Não venha tomar café comigo hoje, fora ontem, no almoço, que ouvi de você que preferiria berinjela a bife à cavalo. Vai, continue... Ria de mim, enquanto demoro quase vinte minutos preparando suco de acerola durante o tempo que você consome o seu segundo copo de coca-cola.

E se eu nunca fui a um show com você, daqueles de barzinhos com luz baixa e banquinhos confortáveis tocando músicas alternadas entre um pop/rock nacional e MPB conhecidas, eu digo que eu sinto falta daquilo que não existiu e que tanto idealizei.

E sempre é assim, eu escrevo e sempre deixo para outra oportunidade, não de propósito, de tentar descrever aquele sentimento que eu acho terno e sensível; dos dias que vivo, das palavras que digo e dos sorrisos que sustento.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fragmentos


Treze de outubro se foi e encaro os meus pensamentos com vontade de romper aquilo que incerto tenho... Sobre os dedos nessas teclas negras, dentro de um quarto pouco iluminado e cheio de música, dito às coisas que sinto para compor essas linhas de dramas congênitos, sem significado para qualquer outra pessoa que leia isso através de lentes emprestadas da razão.

Odeio seus atos impensados que machuca e que sustento em silêncio para não personificar um bebe chorão, com birra e manha.

Sorrio ironicamente pelas minhas advertências inúteis e idiotas detendo os direitos de só a memória refazer as lembranças pela ótica da razão ridicularizando-me medíocre.

Não me interessa se a verdade é branda e tampouco é interessante por que já não existem mais questionamentos, renunciei a eles para obter uma condição de par, mas cansei.

Sinto dizer que vou sair da sua vida, assim como entrei. Devagar. Assim como entrei, de repente.

Eu nem sei o que escrever, ainda assim o faço. Pensei em deixar que o branco refletisse por mim, contudo isso não se assemelha ao meu gênio: descritivo e detalhista, ao tolo e idealista, aquele que sonha e espera. Entrego a você o ponto final, para que essa idéia não sobrevoe nos pensamentos condensados da dúvida. Que seja explicado por esta visão, restrita e estreita, dos olhos do menino de cabelos castanhos escuros.

Espero que os momentos vividos comigo tenha provocado em você satisfações desconhecidas, por que certifico que os aproveitei ao máximo, os melhores, os impares.

Peço que por enquanto não me ligue nem escreva. Esqueça-me. Todo final, todo fim é um adjetivo, classifique-o.

Indisposto estou a permanecer nessa vida partidária, aleatória, de mãos duplas, sem identidade definida.

Há coisas que você não conheceria através das minhas cartas, elas se revelariam no cotidiano, nos sorrisos modestos, nas manhãs acompanhadas, nas festas com os amigos.

Foi agradável, incomum, idealizado e prazeroso, tudo. Portanto eu não me tomo de arrependimento por nada, tampouco me desfaço do aventureiro que me tornei nessa nova modalidade de relacionamento, ainda que não me caísse tão bem, eu vivi.

O tempo é o consolador da ansiedade, ela castiga, ele preserva.
Então vou parando por aqui, sem a preocupação de me sentir frustrado adiante, eu escolhi o certo, por que o certo é o que eu agora quero.

E esses são fragmentos de uma carta descompassada, deslocada, sem ritmo nem forma; lapidada pelo menino que agradece, ainda que indevidamente, a felicidade de semanas, dos meses que jamais apagados serão da memória do amante das gérberas.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

No caminho das sibipirunas


Aqui observo uma primavera recheada de amoras doces, que tinge de roxo as calçadas cimentadas e a mistura da terra molhada dos caminhos meus sem calçamento. No fim da tarde o asfalto é morno, e em algumas vezes a garoa fria me faz andar com pressa se fazendo comparsa do relógio que corre a passos largos. Por aqui já saboreio as primeiras acerolas azedinhas, as pitangas vermelhas, e lá no alto, a mangueira segura suas mangas verdes. Através das minhas lentes de armação, às vezes embaçadas, outras nem tanto, vejo como me sobra pouco o tempo perto de você, como eu sinto a sua falta nesses dias de semana nublados e cinzas, quando venta muito e a chuva faz companhia se tornando tempestade, eu brinco com a idéia de estar conversando com você em pensamento.
Naquele último domingo de setembro às poucas nuvens brancas pareciam rasgadas no céu azul iguais rendas. Sentia um ar fresco que deslizava sobre mim enquanto andava ao seu lado em meio as enormes sibipirunas de copas verdes e pequenas flores amarelas, dividindo-as, fazendo-se caminho, havia um retilíneo e sem acostamento asfalto preto, que até onde o alcance da visão permitia, gerava uma imagem parecida a imagens da área de trabalho de um computador pessoal. Gosto de sorvete de frutas assim como você goste de bolacha de morango, gostamos de queijo e parece que os empanados de frango nunca abandonam a sua geladeira, assim como os dois litros de coca-cola zero. Gosto ainda mais dos nossos beijos individuais, aqueles que apenas um se movimenta enquanto os lábios do outro brinca de estátua. Gosto tanto de caminhar conversando e discordando das conversas de análises botânicas e opiniões divergentes de natureza lingüística. Não consigo perceber o que te faz me olhar tanto quando estamos no sofá, a idéia de estar sendo observado não me faz sentir confortável e por isso eu te questiono tanto, acredito que você já conheça os meus hábitos, ao menos alguns deles, já até os classificou de “cri-cri”, viu só, sou um menino “cri-cri”. Quando você está dirigindo percebo o toque da sua mão esquerda sobre a minha mão normalmente fria, eu fico feliz quando você em seguida sorri, ainda que depois eu estrague o clima perguntando, insistidas vezes, se você vai colocar o cinto de segurança. É engraçado.
Mesmo sentindo saudade disso tudo, eu entendo. Conheço os efeitos da distância, sei que é profissão da nostalgia preencher um coração solitário de lembranças fazendo sentir à falta das mensagens noturnas pelo celular, dos e-mails que não chegam, da voz mansa pelo telefone que conforta, de cócegas provocadas, de risadas frouxas. Sinto falta de um ser que parece ter a felicidade engarrafada, sinto falta de você.

domingo, 20 de setembro de 2009

Partindo


Ainda que finito seja, eu escrevo para que a nossa oração tenha um ponto final. Você vai reparar que as minhas descrições me desamparam, não estou em um estado para compor tão bem sem elas, já sinto a falta das conversas, delas, das nossas conversas.
Preciso defender a idéia desse menino que sofre por antecipação, da distância que não permite estar ao lado, dos afazeres cotidianos que constroem as piores barreiras para aqueles que necessitam de pontes.
Conheço as idéias dos rejeitados, dos inconsoláveis, das pessoas que amam, conheço a aflição do desejo inatingível, do beijo solitário, da vontade unitária, consumidoras da esperança de um ser que ama.
Parto daqui, com a vontade de não tê-lo feito, parto deixando explícito esse recado, que deveria dizê-lo ai, segurando a sua mão e mirando você. Não se perca, estarei aqui ,como disse a música:
“You're never gonna be alone From this moment on If you ever feel like letting go. I won't let you fall. You're never gonna be alone. I'll hold you 'till the hurt is gone”.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma Pinha

Era manhã de segunda-feira quando, meia hora mais cedo, eu chegava para trabalhar, sobre uma grama verde viva descansava uma porção de paina branca como se o jardim do parque parecesse um jardim de inverno da América do norte, ao lado da paineira, um pinheiro, não tão grande quanto a sua vizinha, parecia intocável pelo vento que o cobria de uma fibra sedosa que parecia neve, os ipês roxos e amarelos ajudavam colorir o ambiente dando a paisagem um aspecto ligeiramente parecido a um filme de comédia romântica americana. Escrevo para dizer a você que me surpreendeu essa sua iniciativa, você me tem surpreso, feliz e encantado, e mais uma vez releio, como tenho lido repetidas vezes, àquela carta perfumada que chegou sexta-feira passada dentro de um envelope azul composto de uma pequena folha de bordo e de uma caligrafia tímida com letras manuscritas verdes brilhantes. O final de semana foi divertido, o sábado foi de uma manhã rápida, de uma tarde de estudo na faculdade e uma noite agitada com música eletrônica e amigos. O domingo foi tranqüilo alternado entre cochilos repentinos, caminhadas recheadas de conversas maldizendo a segunda-feira e esfihas de queijo e carne. Agora anseio a sua presença, os dias da semana obviamente não serão iguais como os passados ao seu lado, espero que em breve possamos nos ver, talvez você desconheça as coisas que mais me chamam atenção em você e para evitar que eu fique constrangido admitindo isso, eu as cito como que em tópicos de um livro de receitas: gosto tanto dos seus olhos quando fixados nos meus a uma distância curta de um respiro. Gosto da maneira diferente como você fala o meu nome, de como adotou espontaneamente as minhas brincadeiras infantis, e da prática da sua generosidade, a incrível sensação de segurança que você me proporciona, mesmo quando a verdade é inaudívelmente dolorosa. Quando me toca, parece querer de verdade estar comigo, quando diz que ainda tem muito pra fazermos juntos e que a pretensão de me apresentar aos seus amigos é eminente. Acho tão atraente seu corpo, me perco entre seus braços aconchegantes, entre nossos beijos apaixonados. Caminhar com você é tão prazeroso, assim como deitar e ficar conversando até que o sono chegue, se for deitar sozinho que seja para te ouvir tocar. Aquele dia que você comprou um suco de pêra para jantarmos, pra mim foi gesto tão delicado, porque você soube, pela minha língua comprida, que prefiro suco a refrigerante. Dos nossos gostos em comum tem aquele queijo de trança e do óleo de oliva. Das nossas incompatibilidades há a carne de porco, que eu acho deliciosa e o tempo diante da tv que você aproveita.
Ainda que eu tenha muito a observar, eu só tenho a dizer que esse tempo tem sido maravilhoso, que não passe um só dia que eu não pense em você e que é a saudade que domina as minhas noites solitárias. Eu não me esqueço dos momentos vividos, até uma lembrancinha eu tenho das nossas caminhadas, aquela pinha eu guardo-a em cima da minha mesa de trabalho, para me lembrar cada dia como ela foi escolhida, no caminho dos nossos passos ela me esperava.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Manta de bebé

Hola mi niña, espero que te encuentres bien, me siento avergonzado a veces por no escribirte desciendo como estoy y que me esta pasando, también extraño tus cartas y nuestras cosas compartidas, aun que estamos lejos en la distancia, creo que siempre estaremos cercanos en nuestro mundo.
Ahora hace sol, porque pienso que Dios ya se canso de nos regalar tanta agua, los días hace calor y las noches son frías, lo asfalto se ve negro cuando llego de la universidad, a veces mojo en camino hasta mi casa y eso no me gusta, pero me hace pensar que a ti le gusta la lluvia. Pienso frecuentemente en ti, si pasa bien, y como estas todo en tu vida. Tengo salido en los finales de semana con mis amigos, bailado, escribido, y extrañadote. Ayer leí tu mail, wow! Una coberta de bebé, pienso que se quedo muy tierno.
Cambie de lugar de trabajo, ahora estoy en una casa en un parque, como una plaza vasta llena de árboles, es una casa amarilla, ¿puedes creer que significa eso? Aquí es el punto más alto de la ciudad, puede mirar la ciudad entera de aquí, me gusta, aunque la sala es pequeña y todo se quedo desarreglado y apretado, estamos con cinco personas en una sala, tengo una mesa con mi computadora, un teléfono, sellos, clip, lapicera y tantas otras cosas para trabajar. En el final de semana fue al supermercado, y tú lo sabes como me gusta, compre una taza de cerámica blanca con hojas verdes, hermosa, pase en el pasillo de limpieza, organicé mi cuarto, tomé vino en la noche, como siempre, escuchando canciones.
Los días hay sido tan distinto, de tiempos detrás, ya no amo como antes, se fue, ya pasó, y a cada día mis cicatrices ya se ven con marcas menos profundas, pero el recuerdo me hace temer la idea de un futuro con otra persona, siempre pienso en mis errores y las cosas que tiento evitar, no quiero ser un niño perfecto, solamente no sufrir tanto por amor, ¿algo inevitable?
Sabes, idealizo tanto las cosas niña, que sonrío de mí mismo muchas veces, en la calle camino escuchando músicas y canto con Reik, Sin Bandera, James Blunt, Laura Pausini, Djavan, Luis Fonsi y tantos otros cantantes de mi mp3 rojo.
Me hace feliz saber que tu vida profesional camina a pasos largos y que a cada día experimentas nuevos desafíos, con entusiasmo y dedicación, aun sí que té falta el tiempo, sé que es feliz.
Mi madre sigue enamorada, pero creo que eso no la afecta tanto, al menos no como me afectaría, se muestra más vanidosa y aplicada, ya quiere volver a estudiar. Mi familia de Campinas, se queda igual, Mateus aun es un niño travieso, Cauê es un chico tierno y calmo, en lo sábado me regaló una remera negra con rayas naranjas, y me dices feliz cumpleaños tío Beton, jijiji... lindo! Hosana esta llena de tareas nuevas en el banco, en la escuela se ve muy bien y en con su novio no pelean tanto.
Felicitaciones a Carlos y a Loreto por la iniciativa del trabajo, participo de la misma opinión que la tuya, van ser niños mejores, mas responsables y maduros. Mande mis saludos a ellos.
Mi cumple fue un día de jueves muy bueno, gañe un zapato negro que cambie por un “zapato-tenis” marrón, gañe besos y abrazos de mis compañeros de trabajo, las niñas de la universidad me invitaron a ir al bar, tomamos cerveza, reímos, conversamos y escuchamos músicas. En el sábado fue a bailar con otros amigos, jeje... fue una noche muy divertida, pensé en ti, juntos bailando las canciones de “puts-puts”. Gañe un libro que se llama Para siempre – cincuenta cartas del amor. Es una elección de cartas de 50 autores adentre ellos brasileños, portugueses, ingleses, etc.
Hoy vuelvo a escribirte, escribo a ti de poco, por que no tengo mucho tiempo, y las veces pasean y son tibias. Ya es viernes, una mañana caliente de día azul, con poco viento y una sensación buena que el “finde” esta llegando. No tengo idea lo que decirte sobre Samuel, solamente quiero que sepas que todo lo que haces, creo que hace lo cierto, solamente el tiempo vas decir lo que es mejor para ti, sigue viviendo, pero no deje que eso cambie su manera de ser, o te transforme en una esclava o quizá que te haga mentir. Vives tu vida. Seas feliz, tú lo merece.
Creo que nosotros somos la pareja perfecta, jeje... escribiría eso igual que tu, por que lo siento y llena mi vida: “... el lenguaje creado por las canciones, NUESTRAS canciones son infinitas, es bello y sobre todo es compartido, merci por hacerme recordar que no todo en mi vida debe ser trabajo, debo tomarme un respiro y un momento para compartir contigo, para hacerte saber que NO TE HE OLVIDADO, que vives en mi, que siempre pienso en ti, no-pasa un día en que te recuerde y sonría o me ponga triste”.
Deseo ansiosamente que me conteste con frecuencia, aun que lo sabes, quiero que sepas que me encanta leerte, ahora ya me voy comer. Es viernes, tengo clases mañana en la universidad y eso me gusta por que platico con personas que no son de mi clase normal. Deseo que tengas un finde muy bueno, y que pronto volvamos a estar juntos, aunque en las cartas, en los mail, en nuestras canciones, en nuestro corazón. Te mando besos al cubo y al cuadrado. Sabes como te quiero y como eres importante en mi vida. Saludos a todos. Cuídate. Hasta pronto.

Con todo mis cosas verdes.

Sapito.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Choro por você, choro sem você.


Esse é o meu segundo post de músicas, um post diferente daqueles que publico em Asas de Angelo. Essa música me toca profundamente, para mim é fantástica, ainda mais na voz do Sin Bandera. Quero compartilhar com vocês.
Espero que meus leitores entendam a minha escolha e aos mais sensíveis estou seguro que adorarão essa música.
Vou tentar aqui descrever um pouco a essência dela, com uma leve inclinação das minhas melhores partes, uma delas diz assim: “Talvez você pense que eu estou louco e é verdade um pouco tenho que aceitar, mas se eu não te explicar o que eu sinto, você não vai me entender quando me ver chorar”. Aqui ele almeja ser totalmente explícito em relação ao seu amor, quer ser interpretado conforme imagina, ainda que ele sofra em fazê-lo.
Outra parte que é fantástica segue: “A vida me disse a gritos, que eu nunca te tive e nunca te perdi, e me explicava: Que o amor é uma coisa que se dá de repente de forma natural cheio de fogo, se você o força ele se vai, sem ter principio chega a seu final.” Ele instruiu-se à aceitar que não se reivindica algo que nunca possuiu, porém aprendeu que tudo provém do natural de uma maneira espontânea sem pressões, caso contrário acaba.
Tão importante quanto as outras partes é a explicação que ele dá para a pessoa amada sabendo ‘… que é uma coisa que se dá de repente de forma natural cheio de fogo’ ele diz sobre a conseqüência que o amor provocou nele, que somente agora ela pode entender o que o causou enquanto o tocava, e enfatiza na frase ‘... e não volte se não quer ver’ ele a espera, mas também espera que ela tenha a decência de não voltar a vê-lo se nada sentir: “Agora talvez você pode entender, Que se você me toca, queima a minha pele, Agora talvez você pode entender, E não volte se não quer ver...”. Agora sim ela entenderá que quando o toca, a pele dele se queima, como ele sugere, o amor é feito de fogo.

Abaixo na íntegra:

(Que lloro – Sin Bandera)

Quedate un momento asi no mires hacia mi, que no podre aguantar.
Si clavas tu mirada que me hiela el cuerpo, me ha pasado antes que no puedo hablar,
Tal vez pienses que estoy loco y es verdad un poco tengo que aceptar, pero si no te explico lo que siento adentro no vas a entender cuando me veas llorar.

Nunca me senti tan solo como cuando ayer de pronto lo entendi mientras callaba.
La vida me dijo a gritos que nunca te tuve y nunca te perdi y me explicaba, que el amor es una cosa que se da de pronto en forma natural lleno de fuego,
Si lo forzas se marchita, sin tener principio llega a su final.
Ahora tal vez lo puedas entender que si me tocas se quema mi piel, ahora tal vez lo puedas entender y no te vuelvas si no quieres ver...

Que lloro por ti, que lloro sin ti, que ya lo entendi, que no eres para mi, y lloro”.

Mi Regalo

Agitado, abri aquela caixa amarela do correio com meu nome impresso sobre um retângulo branco, no verso um destinatário de uma caligrafia apreensiva azul me fazia sorrir rápido e ansioso. Descobri ali dentro um cartão, uma carta e um livro. Ainda ignoro qual desses detalhes me fez tão feliz naquele instante, são particularidades que significam muito pra mim, do mesmo modo que as canecas de louças, os tons de verde, as músicas latinas, as gérberas e outras tantas que não substituem a minha identidade individual, tão característica desse menino que cresceu. Ontem choveu a noite inteira, pela manhã caminhei de havaianas e bermudas, tão de mansinho como um gato tranqüilo, sob um sol tímido até o supermercado, era uma terça-feira, feriado municipal. Como é prazeroso andar paralelo as gôndolas do espaço destinado aos produtos de limpeza, ainda que para alguns, isso soe ridículo ou incabível, para mim é um prazer inigualável, mesmo que eu desconheça da onde venha esse prazer tão peculiar, eu vivo.
Igual a ontem, agora chove e eu posso ler repetidas vezes esse cartão decorado de folhas verdes com dourado escrito felicidades, que descansava em cima da minha cômoda de cinco gavetas que encontrei abrindo agitado. O cartão era dotado de uma das minhas citações favoritas - Aos Corintios 13:1,2 que me encanta tanto, um inglês fácil e um espanhol rabiscado compondo uma mensagem de aniversário, datada e assinada.
Ganhei também uma carta de quatro páginas impressa em um texto justificado de cor vermelha tudo sobre em um sulfite A4 branco de bordas cinza, você narrava o cotidiano, o passado de uma forma tão sua, com seus minuciosos detalhes recheados dos meus livros, meus filmes e das minhas músicas preferidas. Acredito que propício seja, eu transcrever uma das partes que mais me chamou a atenção, assim eu lia um pouco abaixo da metade daquela segunda página: “Quero ser um ‘Caçador de Pipas’ saber que ‘O Amor está no Ar’ descobrir os ‘Segredos’ do ‘Enigma do Príncipe’, lutar contra o ‘Orgulho e Preconceito’, recuperar ‘As relíquias da Morte’, passar por tudo, por milhares de ‘Kilometros’, dizer a ti ‘Angelo mio’, Tocar ‘O Piano’ e sonhar em ser um milionário e dizer ‘Jai Ho’... em uma ‘Primavera in Anticipo’”. Reconheço como foi difícil calibrar esses detalhes tão íntimos em um texto, eu me sinto muito feliz por ter dedicado um tempo para me fazer feliz.
Junto dos meus outros livros há agora um novo companheiro, de 165 páginas composto na fonte fairfield e impresso em pólen bold 90 g no inverno de 2009.
Depois disso, escuto uma das minhas canções italianas favoritas, imortalizadas nas páginas dessa carta, ainda que em português não desvie do seu total significado que escrito estava: “E desculpe se te amo e se nos conhecemos uns dois meses ou pouco mais. E desculpe se não falo baixo, mas se não grito, morro. Não sei se sabe que te amo”. (Imbranato – Tiziano Ferro).

Folha de Bordo


Já é terça-feira, prometi que escreveria para você, é meia noite e ainda não fui dormir. Era sete de setembro um pouco depois das oito da manhã, abri os olhos devagar enquanto eu sentia que seu braço direito cobria o meu peito sem camisa, a sua cabeça levemente inclinada parecia apoiar-se na minha, a serenidade participava do seu sono e eu espiava você dormir te velando.
Você conheceu como sou pela manhã, e como é diferente dormir com um menino que é espaçoso, com pés frios e mãos geladas, que pouco a pouco se esquenta dormindo rápido. Depois de amanhecer, nos vestimos e logo depois de tomarmos aquele capuccino forte com algumas bolachas de chocolate, caminhamos por ruas largas e desconhecidas, fiquei fascinado pelo lago verde enorme, rodeado por árvores dançantes e pessoas animadas e ativas, correndo e andando ao lado dele. Encontramos aquela árvore de folhas recortadas que tem na bandeira do Canadá, se chama folha de bordo, plantada na calçada de uma bela casa no final daquela rua íngreme que subimos sob um sol quente daquela manhã de segunda-feira.
Conversamos sobre a maioria dos assuntos, ouvia atento, me revoltei quando você comentava sobre assuntos que tratamos somente com amigos, embora as suas idéias sejam inaplicáveis eu ri enquanto você classificava as minhas como quadradas e pré-históricas. Ah não me importo, ainda que haja opiniões adversas, defendo as minhas como parte de mim, do que sou, ainda que elas sejam pequenas e estreitas, aquilo que creio não renuncio. Não desejo dividir lábios, mesmo que não haja envolvimento emocional, equilibro minha libido, meu instinto. A distância separa, atrasa, porém presenteia com a calma e cautela. “A ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes, assim como o vento apaga as velas, mas atiça as fogueiras”, assim escreveu Machado de Assis.
Observei como você data as suas folhas de música, naquela noite no cyber café, de como carimba seus livros ainda não lidos, a maneira simples com que você usa aquela camisa branca puída pra dormir, a sua preocupação em usar o secador depois do banho, a sua inibição de nudez, o desgosto em ir ao supermercado, sua paixão por óleo de oliva, fotografias, músicas americanas. Apresentei a você músicas de Isabela Taviani, Djavan, Adriana Calcanhoto, Colbie Cailat, e cantamos Sin Bandera, o meu gosto por músicas latinas é incomum, mas elas me fazem justiça quando tocadas por você, são sensíveis, e cheias dos meus atos inventados. Mais uma vez estou separado do seu abraço quente, compartilhando o tempo com a saudade embalada pelas minhas canções que recorda ao passado que acariciava seu corpo e beijava seus lábios dividindo um sofá de três lugares da sala invadida pelos raios solares daquela tarde maravilhosa.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Gérberas - são a beleza, inocência e pureza.







Um Presente Emocionante!

Anjo,
Antes que amanheça o dia,
Quero que você durma como se estivesse deitado nas nuvens,
E sonhe comigo,
E me abrace,
E me beije...

E quando amanhecer o dia três de setembro,
Um dia de inverno, mas próximo da primavera,
Que todos os raios de sol o lembrem de como você é querido,
E amado,
E desejado...

E quando terminar a quinta-feira,
Tenho tantos desejos que não caberiam aqui,
Mas que você tenha tido,
Um mágico e especial e maravilhoso
DIA DE ANIVERSÁRIO

Parabéns meu lindo!
[J]²


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Together

“I can’t see me loving noboby but you. For all my life.
When you’re with me, Baby. The skies will be blue for all my life.
So happy together”.
-
É noite fria de domingo, estou aqui no computador, de rádio ligado escutando aquelas variadas músicas minhas. Escrevo para você um pouco exausto, de vista cansada, levemente deprimido, faço você saber que foi muito divertido o final de semana, fui feliz ao seu lado e adotei os seus amigos como meus, dancei as melhores músicas e juntos compartilhamos a agitada madrugada de sábado. A última vez que eu o vi, ao crepúsculo desse fim de domingo ensolarado, você sustentava aquele sorrisinho largo que marcava as suas bochechas brancas, logo acima, seus olhos miúdos refletiam ternura comovendo-me. Desfaço das minhas ilusões idealizadas que construí enquanto cotidianamente pensava em você, serei aquela boa lembrança registrada no passado que perpetuará, se assim você quiser recordar de mim, enfrentarei a culpa com valentia, se a minha decisão for interpretada como precoce e impensada, por minha defesa me tomo de razão e digo que impensada nada há, ainda que precoce seja.
Acredito consciente que meu desejo de abandonar seus braços e não mais tocar seus lábios com os meus, é uma tarefa difícil e dolorosa, porém cabível e sensata. Embora essa decisão seja apenas para me preservar daquilo que vivi, o futuro me amedronta por que uso parâmetros do passado, de experiências empíricas, adotando a despedida como forma de minimizar esse apreço que tenho por você. Sinto uma imensa vontade de chorar, então que elas rolem, não vou inibi-las, são autênticas demonstrações de renúncia.
Ainda que eu espere juras de amor, cartas direcionadas a mim, ou talvez algumas gérberas vermelhas, laranjas ou amarelas, não conseguiria me privar do ciúme incontrolável, da possessividade momentânea, da vontade de saber como foi o seu dia, se sente a minha falta, se me trai.
Momentos memoráveis com você eu vivi, impossível esquecer. Trago agora as palavras, no momento que eu deveria trazer o contato físico, espero que me perdoe, mas o que me impede de te tocar agora é somente a distância geográfica, por que nos meus sonhos venho te tocando a cada noite solitária.
Sem conhecer você profundamente reflito, cansado e deitado, sobre a agradável maneira que me toca, o carinho com que se preocupa, o brilho dos seus olhos quando se aproximam dos meus, as mensagens recíprocas. Em compensação aborreço-me com o tempo que a nos é disponibilizado, a sua agitada vida social, a sua característica de libertinagem.
“Together” é a sua palavra favorita em inglês, que atípico, eu não tenho uma definida, mas eu gosto bastante da palavra em espanhol “Te extraño”. Espero que “together” possamos ficar bem, embora eu vá “extrañarte” um bocado.
-
“Esto llegó a su final, cuanto te voy a extrañar.
Jamás podré remplazar tu amor ni repetir lo que logramos sentir.
Siempre estaré agradecido, amor. Tú me has dado lo que siempre soñe.
Y hoy te digo adiós”.

domingo, 23 de agosto de 2009

Algodão Cru


Protegido das águas de agosto e sentindo o ar frio que entra pela janela nessa manhã cinza de domingo, escrevo registrando os momentos marcantes do meu encontro com a felicidade. Bendita tecnologia que permitiu as trocas de recados via internet, de mensagens via celulares e longas conversas via telefone.
Aos seus olhos espero parecer sensato e que a tolerância esteja presente se interpretar essas linhas como uma confissão de brejeiro ou uma exibição cafona e desalinhada. Ainda que eu recuse a ser explícito e oculte o óbvio, confesso cobiçar o poder de ler mentes com o objetivo de conhecer com que freqüência os pensamentos seus são direcionados a mim. Você vestia aquela justa camisa de verão e tremia interiormente afetada pelo vento frio daquela noite que anunciava o final de semana. Dotada de um sorriso contagiante de lábios largos e olhos brilhantes, você abanava a mão por cima dos ombros para indicar que ali estava, rompendo o ar frio que sugava o pouco calor que existia dentro da minha jaqueta azul eu fui ao seu encontro retribuindo com um abraço tímido. Como exploradores sagazes de vidas particulares, conversamos. Eu te interroguei moderadamente e conheci seu cotidiano, sua paixão pelo inglês, a sua inclinação por músicas americanas e o desconhecimento desprevenido do encantador idioma espanhol.
Caminhei sobre um porcelanato bege e percebi uma combinação discreta com largas cortinas brancas parecidas de algodão cru. Bebemos aquela sua bebida favorita, dançamos, conversamos e nos beijamos sob uma fraca luz branca que eu desconhecia.
A noite era silenciosa, fria, aconchegante, envolvida pelos abraços carinhosos compartidos, despida pelas nossas poucas roupas, enevoada pelo nosso desejo e embalada pelas músicas de Frank Sinatra. Eu ainda me pergunto de onde é que vem esse dom de tocar, usando mãos de dedos delgados e brancos, um Celviano de três pedais, pousando o pé direito sobre o último pedal e extraindo dali: Aline, Roberta, Bach... Escutei atento como se fosse um concerto particular encontrando um espaço singelo recheado de um sentimento indescritível e novo que me invadiu e foram transformados em legítimas lágrimas mornas que chegaram sem apresentações. O Sol aqueceu a janela amanhecendo, e a noite se foi rápida. Naquele sábado de manhã fui pra aula, um pouco depois das dez, cheguei em uma rodoviária ampla, rodeada por árvores agitadas e de placas amarelas compostas por letras garrafais, fui de ônibus pensando, escrevendo e sentindo algo diferente sem designação.
Você entrou na minha vida insistente e apressada, contive você exibindo o poder da paciência, me surpreendi com a sua sensibilidade e a sua iniciativa de atos verdadeiros. Você se apresentou como uma pessoa encantadora e versátil, generosa e amável, confiou em mim me libertando e dentre as várias descrições que possa vir suceder de você, uma delas é de um exímia “jogadora de confete”. Imperdoável seria se eu esquecesse de agradecer as suas gentilezas em classificar o meu sorriso como lindo e a maneira como a minha prosa é escrita. E depois de tudo, as palavras me abandonam e eu penso que estarei ai presente se você conseguisse sentir o meu cheiro que adormeceu sobre os seus travesseiros de capas brancas e de uma colcha de letras pretas japonesas.

Angelo Ribeiro

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A escassez do tempo


É manhã chuvosa de uma terça-feira, ontem começou a chover, o tempo estava seco e o sol quase desaparecendo enquanto as nuvens escureciam o céu pintando-o de cinza escuro. Depois das férias ainda não me acostumei a dormir tarde e acordar cedo, ontem voltei às aulas, ontem voltei à rotina, ontem mais uma vez senti a sua falta.
Li seu e-mail na hora do intervalo, depois de tempo sem receber notícias suas, reconheço a sua falta de tempo, a intensa vida de trabalho misturada as viagens cotidianas. Fico feliz pelos meninos estarem bem e por você está se realizando, cada vez mais contente e esperançosa, ainda que a sua vida profissional tome o seu tempo todo, isso é bom se te faz feliz. Como fazíamos, eu te enviei uma música do Luis Fonsi e outra do Sin Bandera, combinamos de trocar textos, de publicá-los na segunda, mas eu entendo, o tempo é escasso e vai consumindo e espremendo, desprovendo oportunidades. Espero que em breve você consiga encontrar um lugar novo para morar, que sua casa seja confortável e que você se sinta bem evitando o ir e vir de todos os dias. Sempre é bom conversar com alguém que não esteja relacionado ao trabalho, gargalhando sentindo a felicidade caminhar pelo corpo, ainda que por pouco tempo ou uma ou duas horas na semana, conversar por telefone e ser feliz nas poucas horas estando junto de uma pessoa nova, secreta, que no primeiro momento, observamos com olhos receosos e exploradores, sentindo precocemente que compartimos de poucas coisas em comum. Aprovado, continue.
Pude perceber então que compartimos dessa tristeza do silêncio e do espaço que nos separa, sentimos falta dos diálogos freqüentes, e não compreendemos a falta de interesse que pensamos existir, que as respostas curtas esfolam machucando as expectativas.
Porém esquecemos por momento, que somos dotados de passado e história, de tristeza e alegria, de espaço e tempo, portanto não permitiremos pensar na solidão como companhia da saudade, nem que exista a falta de interesse ou que a nossa amizade seja abalada, somos mais que isso, pensemos então que estamos felizes atarefados, que os dias são recheados de organização e controle, imprevistos e desequilíbrios, lágrimas e risos, momentos de estresse, momentos de calma.
Aqui estarei como sempre, assim como eu sei que você estará sempre ai, como eu esperando novas notícias, como você pronta a recebê-las, talvez não respondendo imediato, mas tranqüilo por saber que não estamos longe mesmo que a distância prove que sim.
Um beijo.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desejo


Tenho recebido e-mails, compartilhado discussões e até rido, embora não por maldade, sobre a gripe suína, Influenza A, H1N1 ou quem sabe as outras denominações que eu desconheça. Um receituário preventivo sempre é o mais disseminado, um cogumelo shiitake mostra-se excelente antiviral combinado com um delicioso chá de gengibre, água natural em abundância, água gelada não é indicada, assim como a cebola, abuse. Esqueça os óleos vegetais poli-insaturados, evite óleo de milho e girassol, ah... O de soja também, mantenha as mãos e os dentes limpos, assim com esses simples cuidados os vírus nem ousarão chegar perto de você. Apesar de não me preocupar tanto com isso, me sinto um pouco culpado, são pessoas morrendo fragilizadas por esse novo surto, mas pensando bem, eu nem sei o que pensar e o que realmente estive pensando há pouco tempo é que desejo comprar, financiar ou ganhar uma casa, ou um apartamento, e no meu quarto haja uma parede pintada de verde claro e que nela haja frases impressas sob a cor verde escura ou preta, talvez escrita pela minha caligrafia inclinada de vogais arredondadas, ali reunidas estarão as melhores frases que eu criar e encontrar, dos meus autores favoritos, dos meus filmes prediletos, das minhas inspirações “pseudo-poéticas”, para que um dia qualquer, frio e chuvoso, ou naquelas manhãs de domingo eu possa ler essas frases e me emocionar com elas, rir delas, me envergonhar delas dizendo: “Gente! Como pude fazer isso? São tão minhas”.
Quando criança, desejamos muito, isso não quer dizer que ficamos proibidos de desejar em qualquer idade, quando criança havia uma grande expectativa no começo de janeiro, as reuniões de família enchia a casa da avó Maria, ela cozinhava naquele fogão de alvenaria que era cúmplice do muro de divisa recolhido lá no fundo do quintal, nas panelas de ferro preto as minhas tias e a minha mãe ajudavam-na, era um clima tão saboroso e divertido, elas conversavam sorrindo e gritando, eu e os meus primos alternávamos em correr gesticulando, como biruta de posto de gasolina, ou caindo e chorando. As perspectivas de altura e tamanho eram diferentes, a casa parecia enorme, no meio de um quintal gigante e atrás de um jardim frontal. Em fevereiro as aulas começavam, toda a manhã antes das sete estava eu, minha irmã e mais dois primos nossos na cozinha da avó Maria, bebíamos o morno, às vezes pelando, leite de cabra com café e comíamos um pedaço de bolo caseiro, de lá íamos à escola e só saíamos por volta do meio dia. Desejava sem censura a vontade de quebrar o braço, de usar óculos, de voar. Não compreendia como um dia o meu coleguinha chegava usando aquelas lentes transparentes sustentadas pela armação azul ou preta que eu tanto desejava; o gesso que todos escreviam gozações, frases afetuosas, parecia tão divertido em viver aquilo tudo também. E como eu invejava os pássaros ou aqueles mágicos da cartilha que flutuavam no ar. Desejos lúdicos.
Hoje tenho outros anseios de intenções diferenciadas e por ora, escrevo para ao meu amigo Ton um feliz aniversário, um feliz dia feliz desejando que alcance; confiança em si próprio, destreza e paciência para contornar os caminhos oblíquos que provavelmente ocorrerão, e um medo moderado para racionalizar seus impulsos. Desejo ao meu amigo Ton a felicidade instantânea, daquelas que passam rápido, pela qual a lembrança compensa vivê-las. E aos muitos desejos que nascerão ao que me é devido por ora, é de continuar essa nossa amizade, talvez não nos encontremos com freqüência, isso acontece, talvez exista imprevistos, à distância, mas acredito que ao nos encontrarmos novamente, depois daquele tempo sem nos falar, sentiremos que sempre estivemos vizinhos. Meus parabéns garoto.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Me ahoga el silencio en un mar de recuerdos.

Escrevo a você, mais um dos meus maus tratos delineados e assim o faço, para que conheça minhas idéias soletradas. Ainda que eu esperasse, eu não poderia imaginar como eu reagiria, não previa como aceleraria as batidas do meu coração ao te abraçar como amigos que não se viam há semanas, partilhar de perguntas prontas de respostas feitas, saberia que era provável ocorrer o encontro, como era de esperar, nem tanto pela perspectiva do acaso, a minha vida não parou, o tempo não congelou e nada foi anulado através da estação. Continua nascendo o sol depois das seis, faz frio nas madrugadas e se eu penso em você consigo lágrimas perdidas, isoladas. Escuto músicas e a maioria canta você as outras nos cantam. Ligar-te? Sou covarde em fazê-lo, desejo uma conversa que dure um pouco mais de uma hora, porém não tenho iniciativa de oferecer um convite, ainda que para ouvir as palavras definidas, a certeza confirmada pela minha opinião inadequada, que me falta, que me causa, que me fere nas solitárias madrugadas vividas na minha cama de solteiro.
"Preste atenção! Escute com a mesma prudência. Eu te esqueci, aquele amor que vivemos foi bom até que decidimos colocar um ponto final naquela história, viva a sua vida sem mim, eu não posso contribuir para sua felicidade se ela for aplicada a minha presença. Aprenda conjugar o verbo no passado, vivemos, passamos, fomos, e adote um novo verbo nas suas frases curtas e estreitas, acabou. Acabou o par, as mãos dadas, o silêncio compartido, o escuta e respondi já não existe mais, confidencie com a sua alma que vive atrelada ao passado ou a sombra abstrata que, o hoje é o tempo que passa e transmite o agora, acorde e respire o presente que não é ao meu lado". Que sejam essas as suas palavras, para que eu consiga conviver com a realidade que não percebi vivendo esses meses longe dos seus olhos, longe do seu toque, longe dos seus pensamentos. Eu volto a querer essa presença insensata, por que permito que o meu mundo gire através das minhas lembranças idealizadas, condensadas ao tempo que vivi e desapareceu.
Para ocultar mentiras me afoga o silêncio em um mar de lembranças, com o objetivo de nada buscar. E foi como uma piscadela, foi-se o sábado que lentamente fora domingo e que hoje já é segunda-feira. E continuo atento escutando uma de Isabela Taviani que canta “... eu e você podia ser, mas o vento mudou a direção, eu e você e esta canção, para dizer adeus ao nosso coração”.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A minha outra metade.

Acordei um pouco depois do de costume, estou de férias, poderiam ser diferentes esses dias. Pela janela não havia sol, estava chovendo e o asfalto molhado, as árvores pingavam como se expressasse alegria, na rua não se viam mais nenhum espaço seco. Estava te buscando em pensamentos, ao parar na frente da banca de jornal para tomar o ônibus até ao centro, estava lá um senhor encolhido com sua blusa de flanela cinza ouvindo rádio e aquela música tocou. Aquela música que você me fez escutar para descrever o seu amor por mim. Por que eu ainda busco respostas para minhas perguntas sem nexo?
Hoje eu descobri, embora tentasse reprimir, o que sinto é mais forte que eu. Não acredito que eu possa mentir para mim e me agüentar nessa vontade de te ligar e perguntar como você está. Mas a dúvida persiste, o que você vai pensar de mim? “Ele ainda não me esqueceu?” Talvez você dissesse. Não quero mais a saudade como companhia, quero a mão morna que cobria a minha fria e como esse desejo é sufocante, você não me ama mais, ou talvez não como eu te ame? Como pode ter acabado um sentimento que duraria para sempre, como acabou para você se ainda floresce em mim? Porque Vinícius de Moraes escreveu algo tão certo, “Que seja eterno enquanto dure” ou Cássia Eller cantou “Que o pra sempre, sempre acaba”, ou ainda o Titãs tenha dito nos versos das suas canções “... entrego-me como um soldado cansado e faminto, a verdade explode se eu minto, não posso mais viver em conflito”.
Queria mais tempo, ou menos tempo sem você, mais uma chance de te beijar lentamente, de recordar as noites frias que nos abraçávamos, das noites quentes que ficávamos esperando o sono chegar, da janela aberta que de mansinho penetrava aquela brisa morna. Ai amor me ensina a te esquecer como você me esqueceu assim tão rápido. Qual é o segredo de esquecer as nossas madrugadas, me diga a sua maneira que te faz imaginar o tempo correndo sem eu te ligar ou seus olhos longe da minha caligrafia, ou o seu ouvido sem ouvir a minha voz, ou ainda a minha insistência de não comer legumes, tão peculiar nos nossos almoços de domingo. Como você aprendeu tão rápido dormir sozinho nos finais de semana? Posso afirmar que você não imagina como me sinto, minha existência não significa nada para você e por que a sua é a minha significância?
Se apaixonar é tão doloroso e gostoso, é uma mescla de dor e satisfação, afinal não há nada perfeito que caiba dentro do peito e se reflita na alma, não te vejo desde aquele domingo, mas é tão desnecessário, você vive aqui dentro, se fecho os olhos eu me deparo com aquele amor que gostaria que estivesse aqui, ao lado, iríamos sorrir? Com certeza seria feliz, ainda que sou, mas com a dependência da minha outra metade que precisa me completar, porém a minha outra metade já não me pertence, partiu e há meses não tenho noticias suas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Manhã de Segunda-feira

Manhã de 15 de junho de 2009

Faz sol e no céu azul há poucas nuvens brancas, na sombra faz frio e são pouco mais de onze e meia, ainda não tirei o sueter. Já me vêem sem aliança, e eu enrubesço, me investigam por que não deu certo, porque são tão indiscretos? Esperam uma resposta de culpados, quem foi que se despediu de quem? Não vejo necessidade numa resposta, apenas sorrio envergonhado tentando explicar que fui feliz durante o tempo que nossos olhos se viam com freqüência e nossos corações pulsavam mais rápido quando nos tocávamos. Cada vez que eu me recordo do passado me toma em nostalgia a saudade, nasce uma sensação de aperto na minha garganta, os olhos ficam marejados e elas são mornas e caem sobre o meu travesseiro, sobre as minhas mãos, sobre a manga do meu pijama, percorre um caminho pelo meu rosto, você não está aqui pra evitá-las, não está aqui pra me abraçar dizendo que nunca vamos nos separar e que nosso amor é para sempre. Que utopia adolescente!
Devo aparentar ser o garoto forte que não pode reconhecer, perante a você, a sensibilidade interna que persiste e atormenta quando revejo as nossas fotos, quando nos caminhos percorridos por nossos pés descalços eu refaço, pelas músicas que tocam sem eu desejar ouvi-las.
Alguém já te chama de amor? Confesso que ainda tenho vontade de fazê-lo, de ir te ver toda à tarde das minhas férias, de te acordar com um beijo no rosto, de poder me comunicar com você através do toque silencioso das minhas mãos, de chegar naquele “lugarzinho” que você sentia cócegas, de sorrir junto, de brincar abrindo as mãos e fechando os olhos.
Que feio! Ainda não te esqueci por completo, por que sou tão fraco? Mas você não sabe amor, talvez você pense que já não mora mais aqui dentro. Você não sabe nada de mim. Antes eu conhecia a imensidão do infinito eu quase chegava por perto quando nos beijávamos. Agora eu me perdi, os dias são cinza se penso constantemente em você, tento imaginar o tempo passando ligeiro para que essa nebulosidade que abrigo passe instantaneamente e que eu liberte você de dentro de mim.

A.R.

domingo, 14 de junho de 2009

Algo assim...

Num só instante
Uma brisa insistentemente constante
Sobre seu sorriso brilhante
Me faz diferente, excitante
Me mostra o que é ser amante
Realiza todos os meus desejos
Materializa todos os meus segredos
Engrandece todos os meus medos
Atravessa da minha cabeça a ponta dos dedos
Me faz ver o que hoje vejo
Hoje sei o que quero, você
Sei o que tenho, esperança
Sei o que espero, o ter
Sei o que desejo, aliança
Me pegou de surpresa
Me deixou sem defesa
Me levou a outra natureza
Me fez urrar de tristeza
Me fez esperar uma vida intensa.
Escrito por Gabriel Rodrigues em fevereiro desde ano.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Feliz Dia Dos Namorados

Experiência Religiosa
Um pouco de você para sobreviver nessa noite que vem fria e estou sozinho. Um ar de êxtase na janela para me vestir de festa e cerimônia. Cada vez que estou com você eu descubro o infinito, treme o chão, a noite se ilumina, o silêncio se torna melodia. É quase uma experiência religiosa sentir que ressuscito se me toca. Subir ao céu preso ao seu corpo é uma experiência religiosa. Com você em cada instante em cada coisa, beijar a sua boca merece um aleluia.
Volte logo meu amor preciso de você aqui, porque nesta noite tão profunda me dá medo, preciso da música da sua alegria para calar os demônios que tenho dentro de mim, cada vez que estou com você não há sombra nem perigo e as horas passam melhor entre seus braços me sinto novo com esse grande amor.
_______________________Música de Enrique Iglesias.

domingo, 7 de junho de 2009

Ainda tenho dúvida se você lerá.

Manhã de sexta-feira, 5 de junho de 2009.

Há 26 dias não tenho recebido notícias suas, e há 26 dias tenho vivido dias distintos. Resolvi esta manhã te escrever. Embora receoso, animado escrevo a última carta que leria, como tantas outras que enviava a você pelo correio ou entregava nas madrugadas de sexta-feira naqueles envelopes coloridos. Apesar do Outono esta presente, parece inverno, um frio que castiga quem não se acostumou a senti-lo, são esses dias que aguardo solitário um telefonema seu, uma mensagem, um sinal. Parecem bobagens, mas ainda espero, por enquanto, até hoje.
Faltaria com a verdade se dissesse que tudo que ofereci a você foi apenas para te fazer feliz, também seja a conseqüência, mas o que fiz foi para me tornar mais completo, ser intenso, demonstrar aquela energia que existia dentro de mim e a motivação dos dias felizes que transformava ela em atos que às vezes você não entendia.
Era uma felicidade caminhar com você sempre ao meu lado direito, ali inventava uma vida que nunca soube que existiria, eu desejava. Você deve lembrar da casa de campo que teríamos para seus pais, ou a nossa casa que deixaríamos nos finais de semana pra visitá-los? das paredes verdes que teríamos na sala e o seu vermelho no quarto? Queria um filho você recusava, apesar de eu saber também que teríamos muito caminho a percorrer antes disso, eu me contentava em aludir a idéia, como sempre você dizia que eu era uma pipa, e que teria que me ajudar a voltar ao chão. Era fantasias idealizadas que eu gostava de conversar com você, não precisava encarar como real ou certo, te chamava de amor, agora nem sei o seu nome, seus pensamentos eram previsíveis, sua fadiga depois de comer era cotidiana, eu evitava a TV. você a almejava. Filmes de terror era difícil pra mim com você era um passatempo, você dizia que os meus filmes eram tristes, não, não eram, eles narravam sentimentos, os mesmos que você até aqueles dias não conseguia entender.
Essa carta não é motivo para se lastimar por minha razão, eu tenho amigos maravilhosos, e como eles são essenciais em momentos assim, eles fazem maravilhas. Tenho ido a igreja, você não gostava de me acompanhar nas missas, tem sido tão bom. A faculdade está indo bem, final de semestre e como sempre um pouco conturbado.
Foi naquela manhã de 10 de maio, ensolarada pouco antes das dez. Seria injusto dizer que eu não te amei, ou não me entreguei de corpo e alma, foram doze meses vivendo você e não era sacrifício algum, afinal era alimento, adorava te ligar e dizer que tinha uma surpresinha, e sentir aquela sensação indescritível no peito. Guardo naquela caixa verde as poucas cartas que ganhei de você, os cartões que eu te ensinei a retribuir e a insistência que tive para você sempre datar e escrever dentro deles. Recordo dos sucos de manga e goiaba, do pote de 1 kg de sorvete que sempre tinha na geladeira, das brincadeiras bobas que eu fazia, de como eu dizia, “fecha o olhinho,” e suspirava no seu ouvido, pelas costas, “eu te amo”, as conversas intermináveis do seu trabalho que eu ouvia e participava, quando me beijava, eu insistia em me elevar nas pontas dos pés nem sei por que, te abraçava te protegendo e te beijava por todo o rosto, por todo o corpo, adorava te olhar de frente até que nossos narizes se encostassem, sentir a sua respiração era tão confortável e te acordava com “bafinho” de leão e com um bom dia Coração.
Nestes últimos dias sinto as saudades previsíveis, e a vontade de saber como você está, se sente a minha falta, se eu te fiz feliz.
Sei que você nunca foi feliz com as palavras, sua caligrafia era linda, mas era tímida quando se tratava de escrever. Acabou e hoje eu te escrevo, talvez a despedida necessária que eu deveria expressar naquela manhã de Domingo que as palavras faltaram, mas que os olhos não deixaram de expressar a falta que eu sentiria. Adeus.
A.R.