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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Mi Regalo

Agitado, abri aquela caixa amarela do correio com meu nome impresso sobre um retângulo branco, no verso um destinatário de uma caligrafia apreensiva azul me fazia sorrir rápido e ansioso. Descobri ali dentro um cartão, uma carta e um livro. Ainda ignoro qual desses detalhes me fez tão feliz naquele instante, são particularidades que significam muito pra mim, do mesmo modo que as canecas de louças, os tons de verde, as músicas latinas, as gérberas e outras tantas que não substituem a minha identidade individual, tão característica desse menino que cresceu. Ontem choveu a noite inteira, pela manhã caminhei de havaianas e bermudas, tão de mansinho como um gato tranqüilo, sob um sol tímido até o supermercado, era uma terça-feira, feriado municipal. Como é prazeroso andar paralelo as gôndolas do espaço destinado aos produtos de limpeza, ainda que para alguns, isso soe ridículo ou incabível, para mim é um prazer inigualável, mesmo que eu desconheça da onde venha esse prazer tão peculiar, eu vivo.
Igual a ontem, agora chove e eu posso ler repetidas vezes esse cartão decorado de folhas verdes com dourado escrito felicidades, que descansava em cima da minha cômoda de cinco gavetas que encontrei abrindo agitado. O cartão era dotado de uma das minhas citações favoritas - Aos Corintios 13:1,2 que me encanta tanto, um inglês fácil e um espanhol rabiscado compondo uma mensagem de aniversário, datada e assinada.
Ganhei também uma carta de quatro páginas impressa em um texto justificado de cor vermelha tudo sobre em um sulfite A4 branco de bordas cinza, você narrava o cotidiano, o passado de uma forma tão sua, com seus minuciosos detalhes recheados dos meus livros, meus filmes e das minhas músicas preferidas. Acredito que propício seja, eu transcrever uma das partes que mais me chamou a atenção, assim eu lia um pouco abaixo da metade daquela segunda página: “Quero ser um ‘Caçador de Pipas’ saber que ‘O Amor está no Ar’ descobrir os ‘Segredos’ do ‘Enigma do Príncipe’, lutar contra o ‘Orgulho e Preconceito’, recuperar ‘As relíquias da Morte’, passar por tudo, por milhares de ‘Kilometros’, dizer a ti ‘Angelo mio’, Tocar ‘O Piano’ e sonhar em ser um milionário e dizer ‘Jai Ho’... em uma ‘Primavera in Anticipo’”. Reconheço como foi difícil calibrar esses detalhes tão íntimos em um texto, eu me sinto muito feliz por ter dedicado um tempo para me fazer feliz.
Junto dos meus outros livros há agora um novo companheiro, de 165 páginas composto na fonte fairfield e impresso em pólen bold 90 g no inverno de 2009.
Depois disso, escuto uma das minhas canções italianas favoritas, imortalizadas nas páginas dessa carta, ainda que em português não desvie do seu total significado que escrito estava: “E desculpe se te amo e se nos conhecemos uns dois meses ou pouco mais. E desculpe se não falo baixo, mas se não grito, morro. Não sei se sabe que te amo”. (Imbranato – Tiziano Ferro).

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