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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desejo


Tenho recebido e-mails, compartilhado discussões e até rido, embora não por maldade, sobre a gripe suína, Influenza A, H1N1 ou quem sabe as outras denominações que eu desconheça. Um receituário preventivo sempre é o mais disseminado, um cogumelo shiitake mostra-se excelente antiviral combinado com um delicioso chá de gengibre, água natural em abundância, água gelada não é indicada, assim como a cebola, abuse. Esqueça os óleos vegetais poli-insaturados, evite óleo de milho e girassol, ah... O de soja também, mantenha as mãos e os dentes limpos, assim com esses simples cuidados os vírus nem ousarão chegar perto de você. Apesar de não me preocupar tanto com isso, me sinto um pouco culpado, são pessoas morrendo fragilizadas por esse novo surto, mas pensando bem, eu nem sei o que pensar e o que realmente estive pensando há pouco tempo é que desejo comprar, financiar ou ganhar uma casa, ou um apartamento, e no meu quarto haja uma parede pintada de verde claro e que nela haja frases impressas sob a cor verde escura ou preta, talvez escrita pela minha caligrafia inclinada de vogais arredondadas, ali reunidas estarão as melhores frases que eu criar e encontrar, dos meus autores favoritos, dos meus filmes prediletos, das minhas inspirações “pseudo-poéticas”, para que um dia qualquer, frio e chuvoso, ou naquelas manhãs de domingo eu possa ler essas frases e me emocionar com elas, rir delas, me envergonhar delas dizendo: “Gente! Como pude fazer isso? São tão minhas”.
Quando criança, desejamos muito, isso não quer dizer que ficamos proibidos de desejar em qualquer idade, quando criança havia uma grande expectativa no começo de janeiro, as reuniões de família enchia a casa da avó Maria, ela cozinhava naquele fogão de alvenaria que era cúmplice do muro de divisa recolhido lá no fundo do quintal, nas panelas de ferro preto as minhas tias e a minha mãe ajudavam-na, era um clima tão saboroso e divertido, elas conversavam sorrindo e gritando, eu e os meus primos alternávamos em correr gesticulando, como biruta de posto de gasolina, ou caindo e chorando. As perspectivas de altura e tamanho eram diferentes, a casa parecia enorme, no meio de um quintal gigante e atrás de um jardim frontal. Em fevereiro as aulas começavam, toda a manhã antes das sete estava eu, minha irmã e mais dois primos nossos na cozinha da avó Maria, bebíamos o morno, às vezes pelando, leite de cabra com café e comíamos um pedaço de bolo caseiro, de lá íamos à escola e só saíamos por volta do meio dia. Desejava sem censura a vontade de quebrar o braço, de usar óculos, de voar. Não compreendia como um dia o meu coleguinha chegava usando aquelas lentes transparentes sustentadas pela armação azul ou preta que eu tanto desejava; o gesso que todos escreviam gozações, frases afetuosas, parecia tão divertido em viver aquilo tudo também. E como eu invejava os pássaros ou aqueles mágicos da cartilha que flutuavam no ar. Desejos lúdicos.
Hoje tenho outros anseios de intenções diferenciadas e por ora, escrevo para ao meu amigo Ton um feliz aniversário, um feliz dia feliz desejando que alcance; confiança em si próprio, destreza e paciência para contornar os caminhos oblíquos que provavelmente ocorrerão, e um medo moderado para racionalizar seus impulsos. Desejo ao meu amigo Ton a felicidade instantânea, daquelas que passam rápido, pela qual a lembrança compensa vivê-las. E aos muitos desejos que nascerão ao que me é devido por ora, é de continuar essa nossa amizade, talvez não nos encontremos com freqüência, isso acontece, talvez exista imprevistos, à distância, mas acredito que ao nos encontrarmos novamente, depois daquele tempo sem nos falar, sentiremos que sempre estivemos vizinhos. Meus parabéns garoto.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Me ahoga el silencio en un mar de recuerdos.

Escrevo a você, mais um dos meus maus tratos delineados e assim o faço, para que conheça minhas idéias soletradas. Ainda que eu esperasse, eu não poderia imaginar como eu reagiria, não previa como aceleraria as batidas do meu coração ao te abraçar como amigos que não se viam há semanas, partilhar de perguntas prontas de respostas feitas, saberia que era provável ocorrer o encontro, como era de esperar, nem tanto pela perspectiva do acaso, a minha vida não parou, o tempo não congelou e nada foi anulado através da estação. Continua nascendo o sol depois das seis, faz frio nas madrugadas e se eu penso em você consigo lágrimas perdidas, isoladas. Escuto músicas e a maioria canta você as outras nos cantam. Ligar-te? Sou covarde em fazê-lo, desejo uma conversa que dure um pouco mais de uma hora, porém não tenho iniciativa de oferecer um convite, ainda que para ouvir as palavras definidas, a certeza confirmada pela minha opinião inadequada, que me falta, que me causa, que me fere nas solitárias madrugadas vividas na minha cama de solteiro.
"Preste atenção! Escute com a mesma prudência. Eu te esqueci, aquele amor que vivemos foi bom até que decidimos colocar um ponto final naquela história, viva a sua vida sem mim, eu não posso contribuir para sua felicidade se ela for aplicada a minha presença. Aprenda conjugar o verbo no passado, vivemos, passamos, fomos, e adote um novo verbo nas suas frases curtas e estreitas, acabou. Acabou o par, as mãos dadas, o silêncio compartido, o escuta e respondi já não existe mais, confidencie com a sua alma que vive atrelada ao passado ou a sombra abstrata que, o hoje é o tempo que passa e transmite o agora, acorde e respire o presente que não é ao meu lado". Que sejam essas as suas palavras, para que eu consiga conviver com a realidade que não percebi vivendo esses meses longe dos seus olhos, longe do seu toque, longe dos seus pensamentos. Eu volto a querer essa presença insensata, por que permito que o meu mundo gire através das minhas lembranças idealizadas, condensadas ao tempo que vivi e desapareceu.
Para ocultar mentiras me afoga o silêncio em um mar de lembranças, com o objetivo de nada buscar. E foi como uma piscadela, foi-se o sábado que lentamente fora domingo e que hoje já é segunda-feira. E continuo atento escutando uma de Isabela Taviani que canta “... eu e você podia ser, mas o vento mudou a direção, eu e você e esta canção, para dizer adeus ao nosso coração”.