Pesquisar este blog

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Escolha ser feliz de verdade


Mais um ano se inicia. E você tem conseguindo parar um pouco para refletir sobre a sua vida, e como coisas boas tem acontecido? Como foi o seu balanço? Não, não precisamos pontuar os problemas, as faltas e os tropeços se lembram por si só. Parece incrível como somos dotados de perscepção para as coisas que nos abalam de maneira negativa. Mas hoje, vamos refletir sobre a nossa vida, o lado bom da nossa vida.
Sugiro que nos dediquemos a viver de uma maneira diferente, vamos exercitar o poder do otimismo, da alegria compartilhada, da esperança de dias melhores de uma hipótese alcançável de um futuro brilhante.
Vamos abandonar a ideia de praticar as queixas cotidianas e nesse início dedicarmos a observar. Observaremos as pessoas ao nosso redor, observaremos o que nos dá ânimo, alegria, o que nos faz feliz. Sim, é inevitável trabalhar, estudar, nos desenvolver, mas escolher viver a nossa vida de maneira carrancuda e queixeira também é uma escolha, qual será a sua? Que tal nos propor a substituir nossos atuais pensamentos? Tornando-nos pessoas crentes em um futuro com uma melhor qualidade de vida. O que lhe faz feliz? Essa pergunta tem uma resposta tão abrangente que fica difícil respondê-la com meias palavras. Proponho que adotemos uma reflexão do nosso estado. Você tem agradecido por trabalhar com saúde a meio de tantas notícias, às vezes tendenciosas, de desastres no planeta? Nos seus relacionamentos, você mantem frequentemente a ideia de dizer verdadeiramente o quão é bom estar vivendo esses momentos cercado por essas pessoas que lhe fazem bem? Se pensarmos que a rotina nos consome, que o dia não é suficiente para resolver nossos problemas cotidianos e que o fruto dessa correria serve apenas para pagar as nossas contas, seria uma maneira horrível de pensar que a nossa vida tão passageira, é tão barata.
Durante esse tempo, do nosso nascimento até a nossa idade adulta, realizamos muito feitos. Você é capaz de se relembrar como era divertido sair pra brincar na rua, na época da escola? De como foi tenso e às vezes parecíamos que iríamos enlouquecer na adolescencia com tantas mudanças e medos? E o nosso primeiro emprego, o nosso primeiro amor, as brigas idiotas com os nossos pais. Essa retrospectiva é necessária para que possamos parar para analisar que somos adultos completos e que não paramos, estamos lutando para sermos mais felizes. Agradeça o favor feito pelo seu colega, irmão, companheiro, amigo. Silencie-se quando alguém não está preparado para dialogar, ouça as suas músicas preferidas, saia para caminhar com o seu cachorro, converse com o seu gato, entre na natação, se atreva a dizer o que você pensa com educação, seja mais humilde, tente entender que o outro também pode ser fraco e desconhecer o significado de companheirismo, lealdade, equilíbrio.
O difícil é começar, mas quem disse que é pra acelerar esse processo? Não é competição, é desenvolvimento pessoal, único e só depende de uma escolha, a sua. Repire, tenha calma, se ao acordar, pela janela você observar que há um dia de céu azul e ensolarado na manhã de segunda-feira, ótimo; caso não exista esse dia pintado, o faça. Não é porque você nasceu em um ventre, cercado e protegido, que quando saiu de lá você não conseguiu respirar. Se você realmente quer, você consegue, ninguém disse que seria fácil. Tudo é possível. Que nesse novo ano, se não der pra exercitar o ano todo, proponemos pouco a pouco nos conhecer. O autoconhecimento nos ajuda a sermos mais felizes, através dele podemos realmente saber o que nos faz feliz e esse ideal que buscamos de felicidade poderá ser mudado. Faça escolhas, escolha ser feliz de verdade.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

El miércoles



.: Nadie aprende, nadie aspira, nadie enseña
a soportar la soledad
:.

Friedrich Nietzsche, filófoso Alemán 1844 - 1900



Para mi:



A veces la tristeza me pega fuerte, con todo. Justo donde más duele, donde la herida no termina de sanar. No sé en qué momento empecé a inventarme o a creerme que en realidad soy una mujer muy fuerte.

Mi vida ha dado un giro de 360°, de pronto me encuentro viviendo en otra ciudad, lejos de mis hijos, de mi familia, de mis amigos. Durante casi tres años postergué este momento por que yo sabía que tarde o temprano la soledad habría de alcanzarme.

Es duro llegar a casa y no tener a nadie con quien conversar, a nadie con quien compartir lo que me sucede día con día. Los logros, los fracasos, los proyectos a corto y a largo plazo. Mientras más lo pienso más me convenzo, he dejado que se me acumulen los sentimientos, las emociones, las palabras calladas, los pensamientos negados. He dejado que se me acumule la tristeza. He dejado que me alcance la soledad.


Para ti:



Buenos días, cariño!

Creo que debo admitir que me pasa lo mismo. Leerte me hace llorar, estoy emocionado. Por que tus palabras son tan verdaderas, me llenan. Ah Cariño, que haremos con nuestras vidas, con tantas rutinas, tantas responsabilidades. Quiero decirte que nunca he olvidado a ti y que siempre estas en mi pensamiento. Pero sé que estas palabras no logran hacerte mejor lo cuando si yo estuvieras allá abrazandote.

Espero que un día yo pueda visitarte, quiero muchisimo que eso suceda, quiero verdaderamente. Quiero que me mires, que me toque, que me bese, en la mejilla, en la frente, para que sientas que soy el ser humano que siempre conversaste de lejos.

Aunque la distancia es grande y nuestras manos no se toquen, el olvido nunca va a pasar a nosotros. El hilo que desconozco como creció nos une hace años nunca romperá.

Te quiero, buen miércoles.

Besos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Por aqui cai uma cortina fina de água

Por aqui cai uma cortina fina de água transparente, encharcam as ruas e são a alegria dos que desfrutam desse maravilhoso presente da natureza. Escrevo nessa manhã escutando músicas, com a janela entreaberta e você nos meus pensamentos. Hoje me reconheço um covarde que esconde seus sentimentos daqueles que precisam conhecê-lo. Sinto por tardar tanto em retornar as suas ligações e estou constrangido em admitir que fingia desconhecer as suas mensagens instantâneas quando eu não estava conectado. Vou expressar a minhas ilusões e o meu desejo sem censuras. Vou deixar que você conheça as minhas intenções. Tenho vontade de desfrutar momentos simples como este, de poder lhe escrever fazendo que a distância não seja incômodo algum para estreitarmos nossos corações. Quero narrar o meu cotidiano, quero saber do seu. Quero que sinta meu pensamento como telepatia. Carinho! Descobri tantas músicas por pensar em você freqüentemente, exercitei o poder da saudade, da iniciativa e da melancolia. Caminhei pelas calçadas pensando como seria se eu abandonasse essa minha ignorância, esse medo, por isso que estou aqui, escrevendo a você as mais sinceras verdades de um amedrontado, de um apaixonado. Ainda não lhe disse que os momentos que passamos juntos foram as mais agradáveis horas vividas, que sentindo a sua pele roçando a minha foi à certeza abstrata se materializando. Confesso que a insegurança me domina e aqui eu tento me desvencilhar para não me arriscar em perder mais tempo sem você. Não quero voltar pra casa sem a confiança que você me aceita, embora eu seja recheado de defeitos, mediocridades e escasso de astúcia, que às vezes a ingenuidade me perturba e eu fico imaginando como seria perfeito se você estivesse por aqui. Sei que você também precisa ouvir a minha felicidade, que precisa senti-la, você anseia pelo meu sorriso, pelos meus abraços longos, meus beijos demorados, meus sorrisos entre eles, tudo compartido com você se torna tão incrível. Mas você não teve coragem de escrevê-la e essa carta eu a fiz por você, como eu gostaria de tê-la recebido. Teria a lido com uma vontade ainda desconhecida.

“But I set fire to the rain,
Watched it pour as I touched your face,
Well, it burned while I cried,
'Cause I heard it screaming out your name, your name!”.
- Set Fire To The Rain – Adele -

sábado, 12 de novembro de 2011

Aconteceu no inverno de 2010



Àquela hora da tarde eu quieto espera, para minha surpresa ali reconheci o amor. Sob sorrisos tímidos e conversas rotineiras, de conteúdo comum, confortei-me com o seu olhar e fui intimidado pela sua iniciativa. Vacilei várias vezes e perto de você não consegui me explicar, talvez isso seja fruto da sensação de tempestade que vivemos quando algo de muito bom nos acontece, nos deixa paralisado, nos deixa bambo.
Amanheceu e o que passou não foi sonho. Caminhamos por uma rua comprida e passamos por uma passagem secreta, descemos o morro devagar sentindo o vento gelado das tardes de inverno. Parecendo um bobo, eu imaginei as árvores altas dando graças, porque chacoalhavam de felicidade por ver que o menino estava beirando o paraíso.
Recordo da tarde de ontem com alegria, da respiração entre centímetros que compartimos e da sensação de leveza que fiquei ao seu lado. Confesso que a apreensão em instantes tomou conta de mim e a partir dai à ansiedade decidiu comportar-se. A minha alma foi alimentada pelos seletos sentimentos e a paixão me toma por completo e o desejo de ver você é constante, como a respiração que é vital, como as piscadelas que são involuntárias.
Seus olhos, oceanos pacíficos, me cativaram, seu sorriso me devolveu o brilho esperançoso de horas prazerosas. Pesquisei sobre você e percebi que tivemos os mesmos professores, li a maioria dos seus livros, assistimos as mesmas séries, mas onde você estava enquanto passávamos por processos semelhantes? Agora as palavras já são detalhes inviáveis, que só podem ser substituídas quando eu beijo você devagar, onde eu estava? Eu pensei que estava preparado, tinha tudo esquematizado, e você bagunçou tudo. E eu adorei. Talvez se procurasse bem, você estaria nos livros que lemos, nas séries que vimos, nas noites que dormimos separados.
Quero que desperte com os meus versos emprestados, todos envoltos pelo sentimento que você me deu de presente, por isso eu compartilho com você. São eles que me inspiram hoje, nessa manhã fria de quarta-feira e timidamente peço: busque os seus beijos nos meus lábios hoje, eu preciso do seu silêncio me tocando. Não me importa que tudo seja precoce, por que: ¹ "Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões". E aconteceu comigo: ² "Os outros eu conheci por ocioso acaso. A ti vim encontrar porque era preciso.". E não seria diferente: ³ “Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem". No silêncio da noite, entre cobertas e sobre uma cama confortável eu beijaria você ouvindo: “Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar... Ai, que bom que isso é meu Deus, que frio que me dá o encontro desse olhar, mas se a luz dos olhos teus, resiste aos olhos meus só pra me provocar. Meu amor juro por Deus, me sinto incendiar”. E por vir, eu finalizo com o Caio F. Abreu, que representa perfeitamente como me sinto. “Como se tivesse retomado a um anterior estado de pureza depois de muitas marcas”.
______________________________________________
¹ Graciliano Ramos.
² Guimarães Rosa
³ Caio F. Abreu
Pela Luz dos Olhos Teus - Tom Jobim e Miucha.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O único para outubro




E se pensamos na vida, existem tantos motivos para nos focar, pensamos nas nossas relações, na família, nos amigos, pensamos no trabalho, nos estudos e quanta coisa estamos por pensar cotidianamente.
Às vezes não estamos livres para escolher algo diferente, às vezes nem estamos com vontade de seguir outro caminho senão aquele que recheia a nossa agenda dia a dia.
Hoje por aqui faz um dia nublado, de sol oculto, de garoa que vem e vai, sem chuva torrencial, mas respingos que caem sem avisar. E se fosse final de semana? Se não estivessemos que ir ao trabalho, ou se estivéssemos de férias? Seria algo realmente diferente? O que preenche o seu dia, é o que você gostaria que fosse? Às vezes nos ocorre sonhos falsos, daqueles que sempre colocamos a partícula se em tudo. Por que sempre estamos condicionados a evitar as mudanças ou não nos prontificamos a mudar algo radicalmente? Cheio de indagações futuras e nada de concreto fazemos no presente. Devemos pensar que o presente é a base do futuro, é só nele que podemos agir, é nele que delineamos o caminho que percorreremos. Queria tanto tomar uma energia hoje, se fossem vendidas, acredito que a vida seria fácil demais. Preciso absorver o que Érico Veríssimo disse, preciso contruir moinhos. “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.” O que fará com o que o meu outubro seja diferente dos demais dependerá das minhas ações, que o meu presente seja mais criativo, agitado, responsável, interessante... Ai ai, pode ser amanhã?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Último dia de Setembro




Hoje acaba setembro, espero que esse mês tenha sido tão bom pra vocês como foram pra mim. E que Outubro seja melhor ainda. Feliz outubro pra nós meus amigos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Evaporar


E você nem imagina quantos poemas de amor li por causa de você, que mesmo sendo palavras escritas, de alguma maneira preencheram esse vazio criado em mim. Queria tanto que soubesse que aqui estou desamparado e sentindo a sua ausência, esperando pouco a pouco o desprezo desse sentimento que me golpeia e rompe as paredes frágeis do meu coração. Sinto vontade de torná-lo cada vez mais solitário, para que se solte de mim e desapareça. Como nada é tão simples assim, espero você evaporar-se, ainda que isso seja impossível.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Efêmero


Eu acho que estou ficando louco. Eu estou pensando mais em você do que poderia dizer que é comum. Talvez seja porque eu me simpatizei por você e é involuntário eu sentir algumas coisas e postergar outras. Talvez eu esteja imaginando essas coisas e gostaria de ser sincero. Eu acho que talvez seja precoce dizer isso, mas eu já conheço esse caminho, passei por eles algumas vezes. Quando você diz...
Tanto faz, o faz brincadeiras que eu nao conheço, eu fico estranho.
Eu talvez nem saiba se isso é uma brincadeira.
Quando eu perguntei se você quer continuar me vendo, eu também perguntei se vamos continuar nos vendo pessoalmente.
Gostaria de saber se você pensa em mim, ou se está passando como algo efêmero. Gostaria que você me falasse, porque eu ainda não entendi. Ainda que me apeteçam as coisas ocultas, as explícitas me volta a razão e delas eu me conforto. Que se distancie logo essa dor com cara de felicidade.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Beijos




Era uma noite agradável, véspera de feriado e meus amigos e eu saimos para dançar. Eu não imaginava que lhe encontraria, tampouco imaginava que seria tão prazeroso. O bar estava se enchendo e eu já estava empolgado por estar ali com eles, dançando aquelas músicas que fazem o corpo da gente se agitar e bebendo caipirinha de limão. Como é comum, sempre observo as pessoas que estão ao meu redor e ali, a poucos metros, você estava dançando, curtindo a música de olhos fechados e pernas saltitantes. Aproximei de você, e acredito que nem fui percebido, fiquei na sua frente e você ainda nem me observava. Nessas horas pensamos coisas óbvias: “Será que estou atraente, sou bonito, vou levar um fora, e se não der certo”. Fiquei ali dançando durante duas ou três músicas, prefiro acreditar que a vergonha lhe assaltou de supetão e você não conseguia se desvencilhar dela, tentando me nutrir de coragem para chegar até você e começar a conversar. Na esperança desse pensamento eu me atrevi a tocar você. Com um tímido toque no braço eu acerquei do seu ouvido e perguntei: “Oi, qual é o seu nome?” confesso que nada entendi, porém fiz uma cara que entendi perfeitamente. Continuei dançando, procurando perceber alguma inclinação sua ao meu respeito, eu não a encontrei.

Um pouco depois e ainda ansioso eu pensei, vou perguntar, se não der certo eu saio daqui e vou dançar em outra parte. Acerquei-me novamente, sorri e perguntei: “Rola um beijo?”.
Para minha surpresa você consentiu e nos beijamos. E esse foi o nosso primeiro beijo, dos outros que seguiram me lembro das risadas entre eles, do seu senso de humor peculiar e da sua agradável simpatia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Manhã de Quinta-feira



Escrevo a você com a vontade de lhe falar aos olhos, porém careço de coragem e o maior grau de valentia que disponho resiste a essas poucas linhas. A manhã dessa quinta-feira estava cinza, grandes nuvens cobriam a minha janela e através dela eu observava a rua se enchendo. Despertei como uma anagrama, como desenhos mal feitos de cadernos infantis, meio agitado, inquieto. Esquentei um pouco de leite, enchi uma caneca de louça e parei em frente a janela para dar boas vindas ao sol que chegaria alí por volta das seis. É voluntário o meu desejo de amanhecer ao seu lado, de sentir o seu coração encostado ao meu, batendo em ritmos diferentes. Sinto saudades suas e é sobre esse sentimento que descansam os meus desejos que são alimentados pelo silêncio cotidiano que recheia esse meu dia.
Poderia você perceber como na natureza nada é igual? É perceptível que as coisas iguais são de natureza humana. Veja que somos parte de um universo grandioso e singular, cada qual distinto entre si. Pensando nisso lhe peço que não me julgue, não busque alguém como reflexo, por que não há de encontrar. Comprometa-se a aceitar a diferença. Sou um desses seres imperfeitos, um ser que aprende a arte de amar, amando, que sabe por prática e não por teoria. E hoje a minha alegria sente falta do seu sorriso e todas essas lembranças vão tecendo dentro de mim uma experiência que não quero me afastar. Por aqui a sua lembrança rouba o meu dia e a concentração se afastou de mim. Pode, por favor, pedi-la que volte?

Não precisa mudar,
Vou me adaptar ao seu jeito,
Seus costumes, seus defeitos,
Seus ciúmes, suas caras,
Pra que mudá-las?

Não precisa mudar,
Vou saber fazer o seu jogo.
Fazer tudo do seu gosto
Sem guardar nenhuma mágoa,
Sem cobrar nada.

Se eu sei que no final fica tudo bem.
A gente se ajeita numa cama pequena,
Te faço poema, te cubro de amor
.

Então você adormece
Meu coração enobrece
E a gente sempre se esquece
De tudo que passou.
(Não precisa mudar - Ivete & Saulo)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Para atravessar Agosto


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro — e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções — úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade… Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques — tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas — coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.

(“Para atravessar Agosto”. Caio Fernando Loureiro de Abreu, 1948-1996. Crônica publicada no jornal O Estado de São Paulo em 6 de agosto de 1995)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Perdi



Por aqui amanheceu um dia nublado sob um sol preguiçoso e um vento caprichado. Faz frio e as pessoas caminham pelas ruas agasalhadas com a finalidade de se proteger, eu tento me desvencilhar desse sentimento que me entristece temporariamente. São elementos comuns ao ser humano, poucas palavras, simples situações, desiluções amorosas tão inerente à nos. Fico feliz por analisar essas relações e perceber que há um lado positivo, ainda que eu permaneça descontente. Poderia escrever como é suave o seu sorriso ao me cumprimentar, de como seria o futuro se me aceitasse, porém racionalmente eu entendo como me custa esquecer você. Nessa vida, tudo tem uma razão, embora eu não saiba instantaneamente essa, eu confio nessa palavra: “Tudo tem o seu tempo, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Vou praticar os conselhos dos poetas, escrever um pouco, externar essa emoção efêmera. É difícil acreditar que com o passar dos dias eu esquecerei desse sentimento que você, agora, conhece tão bem. Sou daqueles que se simpatizam pela conversa informal, das palavras diretas, das coisas compreendidas facilmente, descomplicadas. Obrigado por me satisfazer e dizer um não rápido e direto, encerrando assim as minhas ambições imaginárias. E parece que sempre quando estamos assim, sentindo assim, temos as músicas certas para nos ajudar, eu tenho essa:

“Eu me perdi, perdi você, perdi a voz, o seu querer.
Agora sou somente um, longe de nós um ser comum.
Agora sou um vento só, a escuridão, eu virei pó, fotografia, sou lembrança do passado.
Agora sou a prova viva de que nada nessa vida é pra sempre até que prove o contrário.
Estar assim, sentir assim, um turbilhão de sensações dentro de mim.
Eu amanheço, eu estremeço, eu enlouqueço, eu te cavalgo embaixo do cair da chuva eu reconheço: Estar assim, sentir assim, um turbilhão de sensações dentro de mim.
Eu me aqueço, eu endureço
Eu me derreto, eu evaporo
Eu caio em forma de chuva eu reconheço: Eu me transformo”. (Paula Fernandes - Sensações)

domingo, 21 de agosto de 2011

Imagino

Gosto de imaginar situações, daquelas, como domingo de manhã, céu nublado e um vento gélido nos tocando. Daqueles ventos velozes que você fica descabelada e tenta, sem sucesso, arrumar o seu cabelo. Gosto de imaginar você dirigindo e eu a observando do lado do passageiro. Imagino a sua atenção no trânsito, de como você a dividiria comigo e sorriria em seguida, mesmo eu desacreditando daquelas piadinhas fajutas que faria a você. Seria uma sensação que não consigo descrever como o seu cheiro ao amanhecer, como o seu toque macio, do seu perfume no seu pescoço, da sua orelha pequena. Não me importo se você se interessa por horóscopo, ou se desconhece as minhas intenções, isso não me importa. Seria importante se você olhasse pra mim daquele jeito todos os dias, apaixonada.


domingo, 14 de agosto de 2011

Ócio

Hoje por aqui o vento me visita, entra pela janela como uma criança sapeca. Aproveito para me dar o prazer de exercitar o ócio. Há tempo que estava procurando esse momento sozinho, aquele que você não tem que trabalhar, nem estudar, somente ouvir música e refletir, cantar junto, pensar. Conversei com uma mocinha que me disse para eu não deixar o Asas tão abandonado, prometo que assim o farei. Tentarei escrever mais e exercitar esse hábito que eu gosto tanto. Embora a vida cotidiana seja tão repleta de atividades e o momento pós-trabalho tenha suas obrigações, eu vou conseguir. Escreverei pouco, nada muito longo, coisas simples, porém necessárias para me fazer feliz. Quero estar mais junto de você Asas.

sábado, 13 de agosto de 2011

Claridade



E pernoito por noites perturbadas escutando músicas até adormecer. Desvelo-me entre clássicas e contemporâneas sentindo as sensações maravilhosas que elas nos traz. Sinto que em pouco tempo me envergonharei de contar tais situações, porém hoje me encorajo para dizer a você que sofro entre lençóis esperando o seu toque sutil e o roce da sua pele delicada. Penso a cada estrofe nas maneiras que poderia cantar a você entre sussurros compridos e entre toques cuidadosos. Reflito nessa noite de sábado a maneira como receberei você nas manhãs cotidianas que compartimos, sem ao menos você perceber que a desejo. Sem esforço acredito que a luz dos seus olhos são como pequenas lamparinas que decoram a minha vida, enchendo-a de claridade e felicidade. Sei que um dia respiraremos o mesmo ar e nesse dia você poderá me confidenciar o que fez para eu me apaixonar por você.


sábado, 6 de agosto de 2011

Ya extraño todo.


Extraño las mañanas que llegaba y saludaba todas, extraño nuestras bromas, los printes, todo. Poco a poco me acordaré y reiré solo, de las bromas que hice con Ari, Pri, Poli, Rai, Inês. La mejor generación de auditores SSA.

Siempre quedo pensando de la ventana invisible que teníamos, yo y Ari, así pegado a nuestras mesas. La manera que reíamos por nada, solamente por ser feliz. Siempre preguntaba cosas a Pri y mismo con muchas cosas por hacer, nunca fue contestado con rabia. En el principio preguntaba a Poli las cosas de Colombia, después ella se fue y nació una nueva auditora de Colombia, tan competente y hermosa. Pronto llego al nuestro cuadrado la chiquita Rai y todo se paso en un ratito de tiempo, tres meses. Como era sencillo tenerlas al lado cotidianamente. Era agradable reír de cosas que ahora nadie entiende. Aprendí mucho, pregunte demasiado, fue un niño feliz compartiendo momentos con las mas bellas, inteligentes y indomables mujeres. “No me regañes, no me pegues” “Que fuerte, tio”, “Gays boys, bitch”, “No me aguanto”, “En tierra de bruja…”, “besitos, chao”, “SLA”, “TVC”, “Soltar drafts”, “Fup”, “Horas extras” y muchas cositas mas.

Dios pone cada persona en nuestra vida para que podremos vivir intensamente, ser feliz, aprender, construir, alimentar, y ahora puedo decirlas que soy feliz por tenerlas conocido. Cada una con su particularidad, sus miedos, sus defectos. Los amigos son amigos por que no los importa los errores que hacen, más si lo que significan. Muchas gracias cariños! Siempre estaremos en contacto, aunque lejos, pero nunca olvidaremos de todo lo que construimos y el hilo que tejemos.

Vontade


Há tempos que desconheço esse lugar, parece meio abandonado. Estive desprovido de emoção e gana para escrever. A vida mudou um pouco nesses últimos meses que ainda estou me adaptando com as minhas novas responsabilidades. Conheci pessoas, estou construindo novas amizades e descobrindo novas músicas. Sinto saudades de coisas da rotina do passado, dos amigos da faculdade e de momentos que não retrocederão. Às vezes a ansiedade me invade e eu tenho vontade de pedir ao tempo que acelere, mas pensando bem isso não seria uma maneira de aprender, seria uma fuga para não me desenvolver. Então seguimos passo a passo, dia a dia, sorrindo e aprendendo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma inclinação momentânea

Você deve se lembrar de como é isso, uma ansiedade exagerada sem razão, uma situação meio Camões? O vento tem mais significado e as noites são portos seguros para a reflexão. Você se torna mais simpático com os livros e as músicas constantes que você ouve são telepatas de seus pensamentos tortuosos. As manhãs de outono são acolhedoras, ali, por volta das oito, um gentil sopro lhe toca, acariciando. Você se protege, mas ele não lhe abandona. Poderia falar do seu cabelo, mas é o seu sorriso que me fixo. Seria fácil descrever as suas mãos tão diferentes das minhas, no entanto são seus lábios que eu me dirijo, são eles, na ausência dos meus que me fazem tão pensativo. Entretanto um menino acredita que talvez não seja nada, apenas uma inclinação momentânea.

domingo, 8 de maio de 2011

Respirar

O relógio anuncia a aurora, embora eu não esteja convencido em me recolher.

Suspiro, maquiando os meus anseios, nessa madrugada de sábado. Espero ainda o seu telefonema, de noite tardia, de frases feitas, de sutileza contestável. O passado se tornou memórias saudáveis, combustível para a minha sensibilidade. Por aqui os minutos seguem horas improvisando o tempo, arremessando brisas, ajuizando lembranças.

Quem disse que sou um precursor do futuro, acredito que a minha estratégia me arruinou. Fui um papel sob a sua assinatura e agora desejo suas mãos me escrevendo, desenhando em um rascunho tão rabiscado.

E se respirar, um evento óbvio, fosse como metáfora para adicionar açúcar nas minhas horas amargas, assim eu faria delas palavras repetidas refletindo idéias embaçadas, um preço acordado por tanta distância. Seria por falar de amor que confesso que a frieza do outono desse ano me parece precoce e ilegítima.

Legião Urbana - Quase Sem Querer

terça-feira, 3 de maio de 2011

O tempo






Escrevo em uma noite fria, de brisa esperta que paira, que entra, que brinca, acariciando-me. A natureza está cada vez mais bonita, nas ruas as árvores estão completando o quadro perfeito que fora pintado sem registro. Sinto vontade de gastar tempo sem aprisioná-lo na circunferência do meu relógio de pulso. Caminho por ruas movimentadas pelas manhãs e respiro esse ar frio típico de um outono modesto. O céu azul em conjunto com o sol das nove me faz tão bem que sinto a felicidade se desenvolver lentamente dentro dos meus lábios que sorri sem eu perceber. Gosto tanto de recordar das pessoas que eu quero bem, dos meus amigos que não estão perto, da minha família que anseia pela minha presença no final de semana. Sou um jovem feliz, animado e realizado, sou um abençoado por tantas coisas invisíveis que me acontecem, de coisas que não posso mensurar. Conservo os sonhos com data para realizá-los, vivo o meu dia feliz sempre lembrando as pessoas ao meu redor que a felicidade existe e dependem da nossa força de vontade. Reflito com os problemas e tento solucioná-los, os obstáculos estão aos montes e os montes são escalados por pés corajosos e determinados. E penso que só podemos oferecer aquilo que temos, seria injusto exigir amor daqueles que não o possuem, seria infantil ditar regras e enquadrar tudo em uma fórmula específica, o tempo se encarrega de amadurecer o verde, às vezes o deixa podre, às vezes o transforma em admirável.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. - Eclesiastes 3:1

sábado, 30 de abril de 2011

Te lo escribo



Escribo ahora para decirte que estoy bien, que ahora me siento feliz.
Quisiera tanto mirarte, tocarte las manos y hablar todo despacio. Quisiera decirte que aquí hace una noche linda, no hay frió, tampoco calor. Escucho nuestras canciones y me acorde de ti, te echo de menos, cariño. No lo sé como estas, ni tengo noticias tuyas, eso me causa daño y vivo un poco lejos, así como tu también lo hace. Mira, ven conmigo, quiero tenerte en cada parpadeo mío, tenerte cerca. La distancia es costumbre, pero lo haga de eso disculpas. Escríbame amor. Deseo saberte, cuéntame como son las mañanas que despiertas, como son las calles que siempre caminas, cuales son las canciones que escuchas y cual es la ración de tus pensamientos tan lejanos.

Te lo escribo aquí, por supuesto esperándote.

Nada quero





Ouço toques de solo de piano e o tempo acelera, com a vida mirando o tempo dentro de um carro veloz. Fugi da saudade e do passado que volta como fugitivo aprisionado em algemas invisíveis. Restauro hoje as canções que você fez pra mim, e tudo por aqui é tão diferente, como se esquecesse das coisas que você me falou. E por incrível que possa parecer eu acredito que você esqueceu dos meus olhos e o toque das minhas mãos a cerca. E eu sorrio, com uma alegria triste.
Já me fez sorrir e agora me deixa entre reticências, tudo inesperado e um estúpido talvez eu caminho entre pensamentos longínquos, pensamentos orgulhosos e quebrados, revejo o meu amor, todo o meu ser desnudo e mal acabado.
Escrevo para que essa dor não volte nunca mais para mim, como se um remédio milagroso ingerido fosse a solução dos meus problemas amorosos. Nunca mais.
E pelo óbvio, retrato soletrando a chegada em um novo caminho, na linha do recomeço, sinto uma nova brisa e será por ela que entrarei e do passado, apenas sobrará às lembranças imortais e pertinentes. Não registrarei os dias que passei entre momentos como esses, seria eu, não exigindo da esperança do amanhã, construindo e tornando real, por isso digo: Do fundo do meu coração, não volte nunca mais para mim.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Substantivos


E a casa não havia cortinas, paredes lisas em um tom pastel sustentavam um telhado de telhas de barro sem forro aparente. Suspirava entre cantos vazios sem mobília, sentia o frescor do vento que invisível entrava pelas janelas escancaradas. E todos os substantivos eram inúteis, porque nada mais seria exato ao descrever. E se os clichês são maus vistos, aqueles desconhecidos são tão pertinentes, eu recuo ao usá-los com o medo de empobrecer aquilo que jamais tive. Reinava a modéstia e a delicadeza do impalpável, uma atmosfera simples que me ajudava a preencher de ilusões flutuantes. Confesso acreditar que a saudade esqueceu de ir embora, acho que ela pensa que aqui é a casa dela.

Solo un rato.

Te quiero tanto, pero las cosas están un poco difíciles. Hay tempos que no le escribo y no tengo noticia tuyas, eso me lastima un poco. Siento falta de tu atención y tus palabras, el sonido de tu voz me calienta y busco siempre tú entre mis pensamientos. El tiempo cambio un poco, hay días con lluvia y muchas nubes negras por aquí. Las noches son un poco frías y me entristece a veces. Quisiera solo un rato contigo. Pero todo, pronto va a ser otra cosa, me quedo esperando, con esperanza y fe en Dios.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Pobrezinho

Porque ainda escrevo com a esperança que você me leia com cuidado. Que perceba a simplicidade das minhas palavras e a fragilidade das minhas atitudes, que conheça o significado entrelinhas. O futuro é tão imprevisível e eu me amedronto perante a ele e me recuo como uma criança no seu primeiro dia de aula. Tímido, quieto, taciturno. Por que me deu o privilégio de amar você? Talvez eu seja forte à distância e enternecido à espreita, escolho estradas sem asfalto e caminho descalço, forneço alegria e gero entusiasmo, porém esqueço de me abastecer de tais sentimentos importantes, aqueles que é impossível comprar. Vivendo recordo o passado e deixo o presente abandonado, pobrezinho!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Prestes a adormecer


Escrevo em uma sexta-feira à noite escutando Carla Bruni e acompanhando o som das águas de março a cair mansa lá fora. A brisa refrescante que entra sem convite pela veneziana se instala confortavelmente por todo o meu quarto e “Quelqu’um M’a Dit” me parece ainda mais melodiosa.
O outono ainda não se aproximou, porém consigo perceber que lento ele se torna vizinho. Sozinho imagino dias diferentes, mais alegres, menos nostálgicos. Sinto como se a companhia de outra pessoa me fosse meramente desnecessária por ora e aproveito esse estado de espírito explorando os sons, a magia e a natureza.
Essa noite as estrelas estão encobertas e felizes, aproveitam o anonimato celestial, ocultas por nuvens d’água.
As agulhas finas do relógio, que mensuram o tempo invisível, são parceiras por aqui, as evito brincando de fingir que não pertenço esse compasso real. Afasto essa ampulheta precisa e me presenteio com o sabor delicado do desconhecido, das horas que cercam os meus pensamentos flutuantes.
Venho me embriagar como o prazer da música, desfaço a lei natural da escassez e da pressão do tempo, venho tecer pensamento e cedo gratuitamente ao prazer de escrever. Soletro essas coisas simples, que me ocupam e agradam, as sentindo intensamente.
Nessa noite solitária eu desfruto do aguçado poder da audição e inesperadamente eu me surpreendo ouvindo você, como se fosse algo simples e natural, como se fosse isso algo censurável prestes a adormecer.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Nossa formatura

Talvez seja essa a última carta que escrevo a vocês cinco.
Espero ter demonstrado nesse tempo o quanto foi importante a presença de vocês na minha vida, e a estima de todo esse sentimento que eu guardo. Sentimento de alegria que compartilhei nesses quatro anos com todas vocês.
Um sentimento chamado amizade que nos uniu e nos fez amigos durante esses anos e mesmo com a distância cotidiana, não será fácil apagar tudo o que vivemos nessas noites universitárias. Cada um de nós recordará às lembranças do tempo bom e vamos carregá-las por toda a vida. Nesse período tão fugaz, que é a vida, podemos exercitar o amor através de nossas ações.
O silêncio irá tocar as nossas vidas e será um pouco difícil manter contato cotidiano, como havíamos fazendo nesses últimos anos, porém não será preciso, afinal o essencial é invisível aos olhos. Quero agradecê-las pelos risos e alegrias que me proporcionaram, pela amizade que senti nesse período e a sinceridade de cada uma. E hoje vamos selar essa nossa caminhada, é a nossa formatura, e daqui para frente estaremos ligados pelo amor de Deus. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (João 15:13).
Mulheres! Não se esqueçam, se um dia vocês estiverem sem resposta para a vida, não se inquietem, sejam pacientes, por que está escrito: “Eu te darei resposta, a ti e aos teus amigos contigo”. (Jó 35:4).
O amor de Deus é grandioso e Ele é o nosso alicerce, às vezes as nossas escolhas são precipitadas e o que queremos não acontece, na vida somos um instrumentos na mão do Pai, por isso não fiquem tristes se algo que vocês buscaram não aconteceu, o caminho é outro e não tenham medo do futuro e se o medo nos tocar, Deus nos confortará dizendo: “Não tenha medo, pois eu estou com você. (Isaías 41:10)
E não percam a fé: “Confie em Javé com todo o seu coração, e não se fie em sua própria inteligência. Pense Nele em todos os seus caminhos, e Ele aplainará as suas trilhas”. (Provérbios 3:5-6)
Lembrem-se: “As coisas impossíveis para os homens são possíveis para Deus”. (Lucas 18:27). “E Tudo posso naquele que me fortalece”. (Filipenses 4:13). Obrigado Luiza, Marina, Flávia, Elis, Mariane. Obrigado pelo simples gesto de vivermos sem a preocupação de agradar, por vivermos sendo apenas nós mesmos e alcançarmos a amizade verdadeira, aquela que não se compra e não se vende.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Entre músicas


E parece que ela veio pra ficar. Por aqui já não se vê o céu estrelado, tampouco aquele calor suportável de noites quentes sobre o vento artificial do ventilador. A chuva tomou conta das ruas e do tempo, e vejo flashes constantemente trazendo trovões que me fotografam sem avisar. Escrevo acompanhado por uma chuva ligeira e por músicas deliciosamente prazerosas. Sinto a ansiedade me preenchendo e estou fazendo pouco caso dela, ainda que eu saiba que ela não me abandonará por completo. Com esse clima, entre quatro paredes, vem aquela sensação de fragilidade, tão comum aos que apreciam a solidão generosa.
E escuto, na entrada e saída de faixas, os pingos da chuva e sinto falta do passado que até outro dia era presente.
E como um garimpeiro, que busca as pedras preciosas eu encontro isso:
"Vou confessar, então, meu coração não quer mais existir e os meus olhos vermelhos cansados de chorar querem sorrir. Ah, por isso foi que eu decidi não fico nem mais um minuto aqui, eu vou buscar o meu amor".
É engraçado como as músicas nos fazem bem, e como são ideais para descrever o complexo sentimento de amar, tudo ali, em letras de músicas.
Escuto isso: “Cheguei a tempo de te ver acordar eu vim correndo à frente do sol, abri a porta e antes de entrar revi a vida inteira... Falar da cor dos temporais do céu azul, das flores de abril. Pensar além do bem e do mal, lembrar de coisas que ninguém viu. O mundo lá sempre a rodar e em cima dele tudo vale. Quem sabe isso quer dizer amor”.
E tecendo pensamentos, aqui dentro eu acredito no natural e poético dessas músicas: “São sorrisos largos, lagos repletos de azul, os corações atentos ventos do sul. São visões abertas, certas, despertas pra luz. A emoção alerta que nos conduz... Sonhos, aventuras, juras, promessas dessas que um dia acontecerão. Todos estes versos soltos dispersos no meu novo universo serão palavras do coração”.
E como se fosse um convite, o fim, acrescento um ponto final nesses meus escritos e termino com uma clássica. É emocionante se você for tocado por ela.
“Cartas já não adiantam mais, quero ouvir a sua voz. Vou telefonar dizendo que eu estou quase morrendo de saudades de você”.
Pensando bem, retifico, é melhor encerrar com essa: “Mesmo que você tenha ido você segue comigo. Chega a noite e percebo como foi eterno o que houve entre você e eu”.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Caminhando na Chuva


Pela janela do quarto entra sem avisar uma luz do apartamento a frente e me priva da escuridão, que por ora, seria ideal.
O sol já se foi e aguardando a noite chegar o céu é cinza, há nuvens carregadas ainda por aqui, a chuva da tarde não conseguiu eliminar toda a carga d’água que existia. Como se fosse eu que anunciasse, ela chegou, e é feroz, há relâmpagos e raios, como flash em uma discoteca lotada, como pisca-pisca em noites de dezembro.
Sinto aqui dentro uma saudade conhecida, daquelas que revivemos as lembranças e as colocamos como se fossem tesouros. Imagino o tempo passando lento e eu sob o toque macio das suas mãos e o doce sabor dos seus lábios quentes. Quando penso que hoje não foi um bom dia, eu reflito que sou muito egoísta ao pensar assim, por que se o dia não foi bom para mim é porque eu o transformei assim, cadê a minhas perspectivas de futuro, e a minha alegria estocada, onde está a vontade de ser feliz que prezamos tanto, é fácil culpar as circunstâncias pelo nosso mal estar, é tudo complexo, parte de cada indivíduo a vontade de ser feliz, e se eu tenho a vontade eu vou sorrir mais, ser educado e gentil e tentar driblar os obstáculos, pedindo ajuda para os meus amigos e lendo um pouco para equilibrar a minha alma. Um dia eu ouvi que ler é divino, precisamos estar atentos para absorver o que lemos, e esse estágio é complicado, se você está tão perturbado por aquelas bolas de neve que não passam de bolinhas de gude. Hoje à tarde eu postei uma carta para uma moça do Rio de Janeiro, Macaé. Quando sai do correio estava uma tempestade lá fora e eu fiquei com preguiça de esperar, no começo eu corri, ai percebi que as minhas havaianas verdes estavam escorregadias, também percebi que não havia porque correr, eu não estava com documentos, não estava atrasado e não era noite. Parei embaixo de um toldo azul de uma padaria que servia de abrigo para outras pessoas e pensei por que cargas d’água eu não vou andando, e fui. Os pingos das chuvas de verão são mornos, porém hoje estavam geladíssimos e densos, as ruas se molhavam rapidamente e já não havia lugares secos nas calçadas. A cada passo que eu dava, me escondendo entre os beirais dos imóveis centrais, eu via pessoas correndo, e eu caminhando na chuva. Claro! Foi uma sensação meio incômoda, afinal é água fria e vento gelado a todo o momento, mas foi divertido, e lembrando nisso já havia tempo que isso não me acontecia, eu fiquei feliz.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Ele não quer sair pra passear


Por aqui a noite de sábado é silenciosa, recheada por um clima ameno de brisa leve que sinto ao olhar pela janela. Dá pra sentir o mar se você estiver com bastante imaginação, se contar com a ajuda de um solo de piano ou violino fica ainda melhor, feche os olhos e imagine.
Sinto desencorajado de olhar nos seus olhos e fazer um diálogo entre lágrimas. Revivo o passado de modo nada natural e percebo que as lembranças só me servem para acreditar que o futuro é incerto e não me cabe desejá-lo com perspectivas tão funestas.
É precoce ainda descrever o que há aqui dentro, se há vazio maltratado ou uma ferida em um estado lento de cicatrização. As músicas que ouço por aqui me fazem companhia e são tão generosas. É no silêncio que me sinto flutuar entre os meus suspiros e os meus constantes batimentos cardíacos.
Agora pela janela há uma noite iluminada pela iluminação pública e no horizonte há diversos edifícios de janelas acesas, cada uma com sua história, tudo tão complexo, tudo imperceptível.
Já faltam as palavras necessárias para aliviar essa sensação de mal estar, que se fosse física qualquer remédio ajudaria. O tempo se encarrega disso, ele é um remédio santo, porém o enfermo tem que ter o dom da paciência e me falta essa virtude milagrosa. Estou tão imediatista e ansioso ultimamente.
Já beira as dez e ainda estou escrevendo aos poucos, como se não tivesse aprendido conjugar verbos e fazer orações. Por fim, acho que termino aqui, essas linhas soletradas de um mau humor passageiro e suave, que reclama, mas não sai pra passear.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Esfumaçados


E você não mirava as músicas que tentei enviar a você indiretamente, aquelas inúmeras como “Falando de amor” “A rosa” “A banda” “I Say a Little Prayer for You” assim, como essas, o meu comportamento não satisfez e o medo estreitou fisicamente aqueles corpos que já estavam distantes pela desacreditada conduta. Os detalhes já não eram simples e fácil de assimilar, o final estava iminente, embora a coragem se desvanecesse ao tentar tocá-lo. Sofria por uma ilusão que eu sustentava como sólida, controvérsia, esfumaçada a cada passo que os dias se transformavam em semanas, em meses.
Ainda desconheço o caminho de apaziguar brigas inúteis de relacionamento calcados no egocentrismo e nas atitudes sem fundamento, agitadas por elevação de vozes e gesticulação excessiva. Por ora, escrevo as coisas que domino, diferentes dos mistérios que rondam um relacionamento amoroso.
E sobre o prazer nada posso dizer aos outros, apenas o que sou e o que me apetece. São as noites chuvosas regadas a um vinho tinto e músicas que me alegram. Uma boa conversa sobre a vida e talvez um cigarro seja prazeroso, compartilhado por uma brisa noturna que entra sem se apresentar, pelas venezianas abertas, é tudo tão invisível, é tocante.
O tempo dá sinais de um verão chuvoso, de ruas molhadas e árvores verdejantes, de pessoas com suas capas de chuva seguindo um ano novo repleto de esperanças. E é o tempo de imaginar coisas boas, e os problemas serão solucionáveis à medida que acontecerão, serão fumaças frente ao sopro, um nada. E vamos soprando, tecendo, amando, vivendo.