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segunda-feira, 29 de junho de 2009

A minha outra metade.

Acordei um pouco depois do de costume, estou de férias, poderiam ser diferentes esses dias. Pela janela não havia sol, estava chovendo e o asfalto molhado, as árvores pingavam como se expressasse alegria, na rua não se viam mais nenhum espaço seco. Estava te buscando em pensamentos, ao parar na frente da banca de jornal para tomar o ônibus até ao centro, estava lá um senhor encolhido com sua blusa de flanela cinza ouvindo rádio e aquela música tocou. Aquela música que você me fez escutar para descrever o seu amor por mim. Por que eu ainda busco respostas para minhas perguntas sem nexo?
Hoje eu descobri, embora tentasse reprimir, o que sinto é mais forte que eu. Não acredito que eu possa mentir para mim e me agüentar nessa vontade de te ligar e perguntar como você está. Mas a dúvida persiste, o que você vai pensar de mim? “Ele ainda não me esqueceu?” Talvez você dissesse. Não quero mais a saudade como companhia, quero a mão morna que cobria a minha fria e como esse desejo é sufocante, você não me ama mais, ou talvez não como eu te ame? Como pode ter acabado um sentimento que duraria para sempre, como acabou para você se ainda floresce em mim? Porque Vinícius de Moraes escreveu algo tão certo, “Que seja eterno enquanto dure” ou Cássia Eller cantou “Que o pra sempre, sempre acaba”, ou ainda o Titãs tenha dito nos versos das suas canções “... entrego-me como um soldado cansado e faminto, a verdade explode se eu minto, não posso mais viver em conflito”.
Queria mais tempo, ou menos tempo sem você, mais uma chance de te beijar lentamente, de recordar as noites frias que nos abraçávamos, das noites quentes que ficávamos esperando o sono chegar, da janela aberta que de mansinho penetrava aquela brisa morna. Ai amor me ensina a te esquecer como você me esqueceu assim tão rápido. Qual é o segredo de esquecer as nossas madrugadas, me diga a sua maneira que te faz imaginar o tempo correndo sem eu te ligar ou seus olhos longe da minha caligrafia, ou o seu ouvido sem ouvir a minha voz, ou ainda a minha insistência de não comer legumes, tão peculiar nos nossos almoços de domingo. Como você aprendeu tão rápido dormir sozinho nos finais de semana? Posso afirmar que você não imagina como me sinto, minha existência não significa nada para você e por que a sua é a minha significância?
Se apaixonar é tão doloroso e gostoso, é uma mescla de dor e satisfação, afinal não há nada perfeito que caiba dentro do peito e se reflita na alma, não te vejo desde aquele domingo, mas é tão desnecessário, você vive aqui dentro, se fecho os olhos eu me deparo com aquele amor que gostaria que estivesse aqui, ao lado, iríamos sorrir? Com certeza seria feliz, ainda que sou, mas com a dependência da minha outra metade que precisa me completar, porém a minha outra metade já não me pertence, partiu e há meses não tenho noticias suas.

2 comentários:

  1. Beto,

    Não tem como passar pela vida imune aos sofrimentos de um (ou mais) amor(es) acabado(s) de forma abrupta! Se alguém consegue passar, ou é porque não amou ou é porque não tinha sentimentos!
    Vejo reflexos disto no seu blog, faça um panorama com meus "amores" mal-acabados, mas no final, tudo é história, tudo é amadurecimento e crescimento amoroso... Que venham os próximos, mas que doam menos... hehehe
    Abraços Querido!
    Outro belo texto!

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  2. Cada vez que entro no seu blog me surpreendo com a maneira tão bela que você aborda a temática do desencontro amoroso. Parabéns pelo texto.

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