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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um menino de virgem




Ele nem acreditava em signos, mas, às vezes, se perguntava porque buscava a combinação entre virgem e sagitário no horóscopo. Um menino tão racional que ficava irreconhecível quando tomava uma atitude tão peculiar em comparação ao seu jeito metódico. Era uma coisa incrível, ele começou a recortar os trechos de músicas que o agradavam e singelamente escrevia em post-it e colava no seu computador como forma de recordar o que ele estava vivendo a semanas. Ficava esperando o seu celular soar aquele barulho de mensagem e sorria ao imaginar que fosse ela, mas não, era apenas mais uma mensagem da operadora avisando que seu celular precisava de créditos. Pablo Neruda, Mario Benedetti e Jane Austen faziam com que ele entrasse em um mundo de fantasia e romantismo, ele queria escrever a ela com trechos que o faziam voar, mas tinha cautela, o medo o fazia prender a vontade de enviar, pois não queria parecer “meloso” demais. As músicas que ouvia, no seu quarto antes de dormir, eram poemas cantados aos seus ouvidos e seus pensamentos eram como vontade incessante de estar ao seu lado. Ele se sentia feliz e se sentia triste, seus sentimentos eram como montanha russa, às vezes se sentia completo e apaixonado, outrora frágil e solitário. E esse turbilhão de emoções, não sabia explicar. E tudo que ele fez foi pensar, até que decidiu alterar o seu modo de vida. Não mais viveria na ânsia de imaginar, daria o que tinha, só receberia o que fosse entregue, não faria exigências, ainda que a intenção era fazê-las. “Que seja eterno enquanto dure”, pensou. Conheceu o monte Brasil, pois ninguém sabia dizer o que seria isso, descobriu que esse lugar ficava na freguesia da Sé, Angra do Heroísmo, nos Açores, em Portugal, na costa sul da ilha terceira. Aquela imensidão azul e verde, que lhe transmitiu grande felicidade em contato com a natureza. Assistiu o filme 50/50 e se identificou com o estilo de vida do protagonista, tão igual ao seu. Ouviu Ricardo Arjona todas as noites de terça e se matriculou em um curso de espanhol, para tentar entender melhor as metáforas do artista. Nas noites de sexta ouvia Carla Bruni, estudou o francês online, aprendeu como se dava bom dia e como agradecer, e dizia essas pequenas expressões mentalmente quando falava com alguém. Tentou ler a versão original de Orgulho e Preconceito, parou no segundo parágrafo e releu a versão em português. Experimentou Subji, um prato feito com vegetais cozidos e arroz, e acabou por perder a sua antipatia pelos legumes. Mudou a estratégia, resolveu adotar uma maneira diferente de viver a vida, não mais queria fazer o típico, o trivial, passou a encarar a vida como uma aventura cotidiana. Tornou-se mais gentil, aprendeu a recusar quando não desejava fazer alguma coisa e passou a ser mais paciente. Essas novas atitudes tornaram-se exercícios diários. E depois de todas essas novas experiências seguiu o seu caminho com mais ânimo e vontade de modificar o seu futuro, afinal se temos um presente, por que não torná-lo especial?

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