Ele nem acreditava em signos,
mas, às vezes, se perguntava porque buscava a combinação entre virgem e
sagitário no horóscopo. Um menino tão racional que ficava irreconhecível quando
tomava uma atitude tão peculiar em comparação ao seu jeito metódico. Era uma
coisa incrível, ele começou a recortar os trechos de músicas que o agradavam e
singelamente escrevia em post-it e colava no seu computador como forma de
recordar o que ele estava vivendo a semanas. Ficava esperando o seu celular
soar aquele barulho de mensagem e sorria ao imaginar que fosse ela, mas não,
era apenas mais uma mensagem da operadora avisando que seu celular precisava de
créditos. Pablo Neruda, Mario Benedetti e Jane Austen faziam com que ele
entrasse em um mundo de fantasia e romantismo, ele queria escrever a ela com
trechos que o faziam voar, mas tinha cautela, o medo o fazia prender a vontade
de enviar, pois não queria parecer “meloso” demais. As músicas que ouvia, no
seu quarto antes de dormir, eram poemas cantados aos seus ouvidos e seus
pensamentos eram como vontade incessante de estar ao seu lado. Ele se sentia
feliz e se sentia triste, seus sentimentos eram como montanha russa, às vezes
se sentia completo e apaixonado, outrora frágil e solitário. E esse turbilhão
de emoções, não sabia explicar. E tudo que ele fez foi pensar, até que decidiu
alterar o seu modo de vida. Não mais viveria na ânsia de imaginar, daria o que
tinha, só receberia o que fosse entregue, não faria exigências, ainda que a
intenção era fazê-las. “Que seja eterno enquanto dure”, pensou. Conheceu o
monte Brasil, pois ninguém sabia dizer o que seria isso, descobriu que esse
lugar ficava na freguesia da Sé, Angra do Heroísmo, nos Açores, em Portugal, na
costa sul da ilha terceira. Aquela imensidão azul e verde, que lhe transmitiu
grande felicidade em contato com a natureza. Assistiu o filme 50/50 e se
identificou com o estilo de vida do protagonista, tão igual ao seu. Ouviu
Ricardo Arjona todas as noites de terça e se matriculou em um curso de
espanhol, para tentar entender melhor as metáforas do artista. Nas noites de
sexta ouvia Carla Bruni, estudou o francês online, aprendeu como se dava bom
dia e como agradecer, e dizia essas pequenas expressões mentalmente quando
falava com alguém. Tentou ler a versão original de Orgulho e Preconceito, parou
no segundo parágrafo e releu a versão em português. Experimentou Subji, um
prato feito com vegetais cozidos e arroz, e acabou por perder a sua antipatia
pelos legumes. Mudou a estratégia, resolveu adotar uma maneira diferente de
viver a vida, não mais queria fazer o típico, o trivial, passou a encarar a
vida como uma aventura cotidiana. Tornou-se mais gentil, aprendeu a recusar quando
não desejava fazer alguma coisa e passou a ser mais paciente. Essas novas
atitudes tornaram-se exercícios diários. E depois de todas essas novas
experiências seguiu o seu caminho com mais ânimo e vontade de modificar o seu
futuro, afinal se temos um presente, por que não torná-lo especial?
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