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domingo, 29 de setembro de 2013

Canções torpes


É madrugada de terça-feira e ainda sem sono, penso em você. Sim, é inevitável, brota em um instante o seu sorriso na minha mente e nos segundos seguintes meu sorriso também aparece. Ontem eu ouvi aquela música sem chorar. Tudo bem; confesso, fiquei saudoso, melancólico, pensativo, em silêncio, até ela terminar. Qual música? Ué! Aquela que decidimos ser nossa, que agora é apenas minha, porque você não está. Fui pego de surpresa, queria pedir para desligar o som, mas quem sou eu para impedir que ela tocasse o coração de outros apaixonados. Uma música bobinha, mas quem tem o poder de julgar uma canção que nunca teve um significado? As músicas são perfeitas para fazer isso, transformar seu sentimento em melodia. O estranho ou o natural disso tudo, desse turbilhão de sensações que sinto, é que ainda penso em como eu gostaria que fôssemos, usávamos os verbos conjugados no futuro e eu agora os conjugo no passado.
Sim, dói um pouco, mas logo passa. Como escreveu o escritor Caio Fernando, "vai passar não minto", mas sinceramente, desejaria que você cantasse Vambora da Adriana Calcanhoto. Apesar dessas reflexões eu acho que está passando, e essa sua ausência está me fazendo bem, já não mais encontro você nos meus sonhos e as noites têm sido mais calmas, ainda que continue escrevendo sobre você, porém, isso deve ser natural. No silêncio, finjo ser forte e me refugio na leitura como escudo emocional. Tenho pensado menos em você e espero que o tempo cuide dessas minhas esperanças ilusórias. A curiosidade me toca quando beira às dez e penso no que você está fazendo, no que ocupa seus pensamentos. Talvez apenas o trabalho ou um novo amor brotando em um solo do qual fui removido. Cumpro os afazeres cotidianos por obrigação, e sigo respeitando o seu silêncio como forma de agradecimento por me tornar tão sentimental. Embora gostaria que fosse diferente, que você me ligasse, que me fizesse suspirar novamente, porém compreendo, nada me fará esquecer que gostava de como você reagia às minhas cócegas, da comunicação graciosa do seu sorriso com os meus lábios, do meu olhar a encontrar você. Aquele brilho está aqui, um pouco apagado, mas vivo, belo e adormecido. Racionalmente já não consigo te descrever com adjetivos de coragem, astúcia, verdade, sinceridade, qualidades que lhe serviam tão bem, no entanto, agora, seria incapaz de usá-los para tal fim. Continue assim, longe de mim, até que esse sentimento evapore, liberte-se e eu consiga ouvir novamente essas canções torpes sem pensar em você.

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