Faz algum tempo que não escrevo pra
você, não fique triste, embora eu tenha um blog paralelo, você sempre será o
lugar onde posso escrever verdadeiramente sobre mim.
Essa é a primeira postagem do ano
de 2017 e estou aqui para contar a você como foi a minha vida até agora.
Aconteceram muitas coisas, algumas, bem pequenas, quase nem muito sentidas de
ruim, ao contrário das coisas boas e essas merecem lembranças. Por isso vou
deixar aqui registrado para quando, lá no entardecer do futuro eu possa reler e
me acariciar com esse fenômeno divino que é a vida.
Tenho assistido entardeceres
belíssimos, ouvido histórias incríveis e compartilhado de momentos
indescritíveis. Conheci pessoas fantásticas, algumas passaram em minha vida
como brisa leve, efêmera, porém marcante. Acredito que estou um pouquinho melhor
que antes, tenho aprendido coisas e outras se mantem enraizadas em mim.
A vida é engraçada, se assim você
a enxerga. Esse engraçado é leve, nostálgico, fino, gentil e maravilhoso.
Acompanho a vida dos meus amigos por meio de janelas que se abrem e fecham, os saúdo
por mensagens instantâneas e compartilho com eles memórias de um tempo que estávamos
juntos fisicamente.
Tenho escrito cartas a minha
família e isso é um dos grandes presentes que a distância proporciona. A espera
de uma carta, a leitura atenta, a observação da caligrafia, os rabiscos que a
velocidade da escrita e do pensamento causam são alguns das minhas observações mais prazerosas.
Em Aveiro faz uma manhã fria de inverno, acompanhado por uma xícara de café escrevo essa carta a você, nela eu posso tentar eternizar
esse momento com a esperança de reler depois.
A Amanda se casou, fui padrinho
junto com a Octávia, e isso me deixou imensamente feliz. Preservamos essa
amizade de anos, que pra mim é tão cara e valiosa. Gosto de conversar com ela,
ainda que estejamos sempre longe e raros são os momentos que podemos nos
abraçar, parece que estamos sempre em sintonia, sempre juntos. Ela me conta
sobre as coisas do trabalho, sobre os desafios cotidianos e os planos para o
futuro. É uma amizade muito gratificante em que eu sou feliz por ter o prazer
de cultivar.
A minha vida mudou um pouco,
estou estudando na Universidade de Aveiro em Portugal desde setembro de 2016.
Estou fazendo uma Iniciação Científica na área de variação linguística e isso é
desafiador. Às vezes fico com medo de não conseguir atingir as expectativas, de
ser incompetente e até imerecedor. Mas aí entram os meus amigos, eles dizem que
esses pensamentos são bobagens comuns e que eu tenho que olhar diferente para
as circunstancias. Dizem que tudo é parte de um caminho a se trilhar e por meio
de paciência e trabalho eu conseguirei, e ao invés de alimentar tais
pensamentos, que eu pense no caminho e olhe pra frente. São muito queridos
esses amigos.
Dentre os professores que conheci
aqui, dois deles me fez enxergar algo novo na minha profissão, essa que quero
trabalhar. São duas professoras de literatura, uma me deu a oportunidade de
enxergar na educação literária e nas obras de Infantojuvenil a presença da
mudança da sociedade por meio dos pequenos e como iniciar esse caminho. A outra
professora que eu também tenho um grande carinho é também de literatura. Ela é
alegre, atenciosa, inteligente e suas aulas são verdadeiros prazeres. Ela me
mostrou um novo lado da Florbela, me fez conhecer autores portugueses
grandiosos e me deu a oportunidade de olhar a vida sobre outras lentes, um
pouco menos embasadas.
Sai da IBM em junho de 2016 e
deixei lá os mais amáveis amigos que pude encontrar na vida profissional, ainda
falo com eles pelo Facebook, curto suas fotos e comento. Às vezes nos falamos
por chat e relembramos a árdua rotina na qual vivíamos, mas tudo com uma grande
alegria e um sorriso verdadeiro.
Passei o primeiro natal longe de
casa. A Universidade organizou uma ceia para os alunos que não poderiam voltar
para seus lares e eu participei como voluntário na organização. Lá conheci
outras pessoas muito generosas e prontas a ajudar. Conheci um garotinho de
aproximadamente 9 ou 10 anos e dei para ele um livro chamado: A Baleia. Esse
livro foi comprado para a minha aula de Literatura Infantojuvenil em que fiz uma
recensão crítica. Gostei tanto de oferecer a ele, foi como se eu estivesse
presenteando o meu sobrinho. Ele sorriu e agradeceu. Espero que ele goste tanto
da história como eu gostei.
Viajei para Espanha, França,
Inglaterra, Irlanda e foram experiências riquíssimas, houve algumas aventuras,
como passar pela imigração em Londres com um inglês bem perneta. Nesses lugares
pude ver muitas diferenças e algumas semelhanças. Desmitifiquei a idealização europeia
que tinha e pude constatar, metaforicamente falando, que todos estamos sobre o
mesmo céu, buscando oportunidades de ser feliz, ainda que nem todos estão
preparados para enxergar a simplicidade da vida, todos estão no caminho, cada
um ao seu tempo.
Aprendi que a distância física não
é obstáculo para o amor, não existe essa desculpa de falta de tempo, isso é uma
muleta para você se entregar ao comodismo e a preguiça. Existe sim a vontade de
estar perto seja qual for o mecanismo que você adote. As conversas que tenho
pelo Skype com a minha família é um verdadeiro bálsamo para as minhas
inquietações cotidianas, para os meus pensamentos infrutíferos e ansiedade
desnecessária. Tenho tentado ser um exemplo de estímulo e positividade para os
que me cercam, embora eu não consiga apresentar o melhor discurso, tenho feito
com amor e demonstrado que tudo podemos, se temos fé e ação.
Tenho escrito cartas, as coloco
no correio nas manhãs de segunda-feira, pois penso que assim chegará mais
rápido ao destino. Vibro ao caminhar pelas ruas daqui e a perceber a brisa fria
me tocando, é a vida demonstrando um carinho afável.
Deus está sempre constante em
meus pensamentos, Ele me guia com uma mão generosa e me abraça nas noites solitárias
comovidas por ideias incertas acerca do futuro. Ele sempre diz para que eu
tenha calma, pede que eu caminhe, um passo por vez, que eu sorria sempre, que
tenha prudência, e que tente transmitir paz e serenidade. Confesso a Ele tudo
e Ele me ouve com ouvidos atentos e um silêncio tranquilizador. O nosso diálogo
é mais um monólogo, mas por ser um Pai experiente ele diz: Dorme, amanhã é um
novo dia. Hora de ir pra cama.
Bom, meu querido blog. É isso!
Espero voltar aqui mais vezes para compartilhar esses momentos da minha vida. Vemos-nos
bem breve. Feliz 2017!
As palavras de um menino grande �� Adorei o texto!!
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