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sábado, 17 de abril de 2010

Restos de Abril

Enquanto o sol dessa manhã de sábado me desperta eu tento driblar a pretensão de escrever a você. Escutando Just a like a pill eu escrevo as coisas recordando das tolices que me provocam receio. Acho que o meu carinho é proposital com o objetivo de acompanhar mutuamente um jogo de risco na qual envolve os meus carinhos ávidos de sensações intensas, e seus de pares de beijos molhados e apertões premeditados.
Se me decidi, detalhar e cobrar um juízo sobre os meus atos pensados, eu resolvo não rotular a nossa relação. Ainda que o meu desvaneio e a minha ansiedade me corrompam, eu me controlo. Se eu criticar você, não leve a mal, são características individuais, personalidade de um virginiano sistemático e louco, levemente torpe, ridiculamente calculista.
Eu observei você enquanto velava seu sono, eu notei a interpretação das suas palavras, seus diálogos rápidos de espantosa espontaneidade, aparentam semelhança nos reflexos do meu comportamento, como você eu ambiciono as informalidades e não me apetecem os mal entendidos. Pareço ser um jovem tímido e aparentemente introvertido, e você me parece um gato doméstico, preguiçoso por natureza, que provoco o seu riso com barulhinho de porco, mesmo que inicialmente eu julgasse uma atitude infantil e precoce, eu o sustentei.
Agora caminho sobre as folhas verdes de um outono atípico, tentando descrever as horas nessa carta que só uma ampulheta consegue medir. Eu presenteei você com música, ao invés das tão óbvias flores, eu aprisionaria vaga-lumes em um pote de vidro transparente para dar a você uma luz única e talvez isso esteja refletido nesses últimos dias, restos de abril, que me comporto de uma maneira diferenciada. Até plantei uma árvore de beijos, que estão me ajudando a suprir a falta dos seus, e casualmente eu os colho e carrego no bolso da minha calça social preta no caminho para o trabalho, na volta da faculdade. Eu não imaginaria como é forte, impenetrável e envernizada a sua carapaça, se você não a descrevesse. Pra mim é simplesmente um escudo que esconde a fragilidade de uma ansiedade mal encarada de vontades reprimidas, é um reflexo de uma covardia conhecida de um sofrimento futuro. Não ouso julgar, só sei que sou o ladrão do seu sono, roubo as suas madrugadas para que em suas costas largas eu soletre beijos escrevendo em você o meu nome em letras maiúsculas, sentindo seus músculos, o seu sabor tão envolvente e tão próximo de mim que sinto sua circulação acelerada.
Quando você olha nos meus olhos e me faz encarar o seu olhar hipnotizador, daquela maneira, eu liberto o meu riso frouxo pecando contra a aposta de um tempo fixo que não se concretizou.
E vou vivendo o outono da minha vida, na trilha sonora da qual escuto todas as manhãs, que me faz ansioso na saudade e na vontade de ver você desprovido de pudor em breve, para que todo o meu corpo esteja em contato com o seu. E se ao fechar os meus olhos à ausência prevalecer, eu recorro à memória, ilusão que me priva, mas que me apóia no desejo de recordar a satisfação que é estar com você.

2 comentários:

  1. olha so ....para variar vc mandou muito bem nas palavras!!! pessoa de sorte p quem vc escreveu isso!

    abraços

    Olicio

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