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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Xícara de ânimo


Hoje eu careço dos seus beijos, das suas carícias, dos seus abraços, nessas noites frias de julho. Careço do silêncio compartido nos seus suspiros, da mão leve que me tocava, do sorriso que me alegrava.
Saio em cada entardecer para perceber como o dia se distancia e como morre por entre os edifícios, por entre as árvores. Por aqui há uma escura noite iluminada artificialmente, por aqui existem desejos desprezados, cartas publicadas em um blog azul. Hoje o dia foi tão monótono, o ânimo se afastou de mim e há tempos não me contagia, vivo estimulado pela cafeína e trabalho por obrigação. Converso pouco, o inevitável, curto os dias, como pimenta em potes de azeite, as minhas músicas melancólicas são toleráveis, sou escravo, um ser dependente das províncias ilhadas das marcas dos seus dedos. Entre as ruas que caminho, percebo a tristeza me fazendo guia, ainda que companheira e rotineira, eu não a suporto.
Já me faltam palavras para descrever o sentido do passado me conjugando no presente. Mudo, calado, taciturno, sigo respirando em um movimento que leva e traz a sensação de um perdedor silencioso, pleno de recordações perturbadoras, pescando pensamentos de olhos fechados.
Observo o tempo carregando as lembranças a passos lentos, pouco a pouco elas perdem cor, forma, até desaparecerem completamente.
Estou envergonhado e a cada linha eu estremeço por saber que você estará lendo cada palavra e me julgando, tomando as suas conclusões baseadas nas suas experiências empíricas. Eu sou tão contraditório que às vezes eu sou valente, ou assim penso, por que eu tenho coragem de ter a audácia de escrever a você, sou atrevido e sou tímido.
Por aqui não vejo rosas, permanecem no chão as folhas secas de árvores cansadas, sinto você debochar das minhas frases bobas, e sofro, porque sua atenção é voltada ao deboche e você não se prende aos meus encantos.
Quero uma pausa de uma vírgula, assim como os otimistas que refletem as esperanças de amores utópicos, ou de conclusões didáticas que nada me valem. Dizem que isso vai passar, eu sei! Porém agora é presente, e o vai passar, é futuro, e ele tarda muito.
Pergunto se os seus olhos são fontes de águas mornas, assim como são os meus diante das minhas mãos frias, você saberia me dizer se a ilusão é pausa da razão, ou confirmar se a minha decisão é primitiva ou imbecil, sou contraditório quando falo ou escrevo, devo ser amador nessa peça de teatro tão platônica. Penso que já é hora de me deitar, por que sinto o sono me fazendo clemência, me levando para o lugar onde os sonhos são possíveis.

8 comentários:

  1. Obrigada pela visitaaa! E encontrei teu blog pelo da tassy (palavras de fato), sou amiga dela.
    Beijão

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  2. se a distância não for uma opção, as coisas se ajeitarão por si mesmas. se não, deixe que o tempo cure, afinal como diz o (meu) adorado Alencar: tudo passa sobre a Terra.

    Escreve demais, como sempre.
    abraços e boa semana.

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  3. Adorei! Simples assim. É de uma sensibilidade que me toca.

    Parabéns!

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  4. Oi, garoto.
    Encontrei eu blog através da comunidade da Florbela Espanca (que eu simplesmente adoro) e fiquei encantada com tua sensibilidade ao escrever.
    Virei tua seguidora, pois fico feliz quando leio coisas tão belas.
    Parabéns pelo talento.
    BeijO*

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  5. Moço...dá uma xícara pra mim de ....de....você de novo? huahuahua!
    Ficou muito bom meu doce, muito mesmo!
    Eu esta semana, voltei a produzir....enfim..

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