Escrevo para
você nessa noite ao som de músicas agradáveis e de um vinho que comprei no
mercado ao lado de casa. Sinto saudades, se eu estivesse perto eu não duvidaria
que em seus braços sentiria aquele calor aconchegante. Ah, mas estou a um atlântico
de distância e isso dificulta o contato físico. Sinto sua falta, do seu ouvido
a me escutar tão atentamente, dos seus olhos a me mirar lentamente quando estou
assim, como hoje.
Escrevo para
contar nada além do meu estado emocional, pois já nos falamos sobre a minha
rotina e ela está cada vez mais "se ajeitando", ainda com algumas novidades, mas
nada que me impulsiona a escrever a você para que me tenha perto, para que eu
me sinta perto de seus ouvidos a não sei o que sinto hoje.
Temo por essa
carta se estender longamente, mas te peço paciência para que leia até o final,
pois só por meio dela eu consigo fazer chegar a você os meus mais íntimos
sentimentos.
Ela partiu. Sim,
agora sinto que definitivamente, e sinto um vazio aqui dentro como se fosse uma
gérbera que permaneceu naquele solitário de vidro que eu te dei há semanas. Ai,
nossas metáforas! Sabe, eu tenho
um sentimento de gratidão por ela, ainda que eu sofra um pouco, ainda que eu
tenha abraçado o eufemismo nessa situação para tentar não te preocupar tanto.
Tenho em minha companhia as nossas músicas e um vinho nacional de 2014 e entre
essas coisas o meu relato.
Eu cozinhei para
ela, para nós. Gosto de vê-la comer macarrão e tomar vinho, da maneira que
passa o guardanapo de papel nos lábios e o seu sorriso, da maneira que sorri e
pergunta: - O que você está olhando? Gosto quando os seus dedos finos e brancos
de suas mãos passeiam em meus cabelos curtos, me faz sentir um arrepio e eu
confesso que sinto tanta ternura que fecho os olhos e sorrio. Gostamos de grama,
gostamos de nos deitar nela e sentir o vento gelado passear por nossos corpos,
gostamos de conversar embaixo das árvores, tiramos fotos e depois comentamos
que estamos estranhos, isso é tão mágico e me causa uma alegria que nasce ali
perto da barriga e cresce até o peito, acho que isso aquece meu coração esse
momento.
Hoje estou
sozinho e imagino estando aí, no seu quarto, acompanhado de umas cervejas e
nossas músicas. Essa imaginação me faz escrever a você como se estivéssemos frente
a frente. Sinto saudades de poder te abraçar e chorar sem ninguém nos ver, pois
é aí no seu "colinho" que eu sou o mais livre dos homens.
Bom, ela beijou
outro cara. Sim, e eu vi. Eu não sou capaz de descrever aquela cena e tampouco
dizer como eu me senti. Estávamos em um bar cheio e ela me disse: - Vou ali e
já venho. Eu esperei, ela demorou, eu fui procurá-la, não devia ter feito isso.
Não estou a
culpando, tampouco dizendo que isso é errado. Não, ela é livre e deve fazer o
que gosta, pois é linda, livre, bonita, sensível, mulher, autônoma,
inteligente. Sou eu que tenho que perceber que aquela ilusão foi a minha
imaginação. Eu quero dizer que não estou bem com isso, mas estou feliz por me
sentir vivo.
Ela reviveu em
mim a capacidade de gostar de alguém. Foi ela que com seu carisma, suas
palavras, seu toque me despertou. Hoje eu sei que aquilo que eu pensara era um
mito. Eu sou capaz de sentir atração, desejo, paixão, sofrer, sorrir por ouvir
a música dela (aquela que toca na minha playlist do youtube e eu acho que é dela).
Ah, ela me permitiu ler Mário Benedetti outra
vez e sentir toda aquela poesia, foi por sua permissão que sei que a vida é
breve, que nada é para sempre, que sentimentos não morrem, só estão
adormecidos. Ah, eu nunca pensei que escreveria novamente algo assim, tão meu.
Hoje pela manhã
eu a vi, ela estava com um jeans azul justo, uma camiseta (que o meu daltonismo
me priva de saber a cor exatamente), e seus cabelos cacheados úmidos dançando e
exalando aquele cheiro de shampoo que denunciava um banho matinal.
Ah, eu não
sei o que sinto, acredito que o Neruda me explicaria melhor nos seus versos do
poema XX: “Yo la quise, y a veces ella también me quiso.” Isso, você pode
entender? Eu já a quis, e às vezes (eu acho) que ela também me quis, hoje não!
Acabou, ufa! Só
escrevo essa noite a você para contar o que sinto e como é bom sentir tudo isso
novamente. Não sofro muito, apenas sinto as amenidades de uma relação efêmera.
Bom, first!! Que delícia le-lo de novo. Second! Esse amor a que se refere talvez seja o mais lindo e terno dos amores. O seu 'desinteresse' nos outros labios beijados denotam: seja feliz, mas as vezes voe pra mim.
ResponderExcluirMe dêem licença, mas hoje preciso falar sobre meu amor sem amarras!
Lindo,perfeito,profundo e tão seu.... chorando rios!!!
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