Pesquisar este blog

domingo, 22 de setembro de 2019

Flexão e derivação: o grau


            A presente atividade tem por objetivo elaborar uma síntese reflexivo-comparativa, associando as ideias do texto teórico: “Flexão e derivação: o grau” (2008) de Carlos Alexandre Gonçalves em relação ao conteúdo dos capítulos 1 e 2 do livro didático: “Português Contemporâneo: diálogo, reflexão e uso” (2016), referente a “flexão de grau dos substantivos” (pág. 36) e a “flexão de grau dos adjetivos” (pág. 57).
Conforme o linguista e pesquisador brasileiro Mattoso Câmara Jr. (2009, p. 83): “A expressão de grau não é um processo flexional em português, porque não é um mecanismo obrigatório e coerente, e não estabelece paradigmas exaustivos e de termos exclusivos entre si”. Para Carlos Alexandre Gonçalves (2008), também pesquisador e professor brasileiro, a resposta à pergunta: ‘o grau é flexão ou derivação em português?’ tem uma perspectiva analítica, pois “em resumo: o ‘é’ ou o ‘não é’ dependem do ponto de vista (ou critério empírico) que se tem em mente” (p. 164).
            Para esta atividade, o critério empírico (máxima) escolhido é o “vi”, conforme o texto de Gonçalves (2008, p. 159): “A flexão é semanticamente mais regular que a derivação. Dito de outra maneira, há coerência semântica nas operações flexionais, o que pode não acontecer nas derivacionais”.
            O livro didático escolhido, referente a flexão, apresenta o seguinte sumário:

Figura 1 - Sumário, capítulo 1, pág. 8


Figura 2 - Sumário, capítulo 2, pág. 8

            Em uma primeira leitura do sumário podemos deduzir que os autores do livro didático, Cereja, Vianna e Damien (2016), consideram a variação de grau como sendo flexão, porém ao adentrarmos o livro, especificamente para a página 29, figura 3, em que consta o enunciado “Flexão dos substantivos”, temos a seguinte conceptualização:


Figura 3 - Capítulo 1, pág. 29

Tendo em conta essa conceptualização, podemos entender que os autores do livro didático tratarão o “grau” como derivação enquanto “gênero” e “número” por flexão. Mais adiante, na página 33, os autores irão explicar, ainda que rapidamente, a sua abordagem em relação ao “grau” atrelando a ela um quadro explicativo coerente e alinhado à perspectiva de Gonçalves (2018), referente ao critério vi.
Vejamos a seguir a abordagem que os autores fazem para o “grau” (figura 4) e posteriormente o quadro (figura 5) “Valores semânticos do aumentativo e do diminutivo”, ambos na página 33:


Figura 4 - Capítulo 1, pág. 33

                Conforme consta na figura 4, os autores descrevem a ocorrência da derivação sufixal, apoiando em exemplos a sua argumentação. Tal descrição pode ser entendida à luz do critério empírico “i” descrita por Gonçalves (2008, p. 154): “a expressão de grau constitui processo derivacional em português porque não envolve mecanismo exigido sintaticamente”.

Podemos relacionar o critério vi, escolhido para esta atividade, com o quadro (figura 5) “Valores semânticos do aumentativo e do diminutivo”. Nele os autores explicam a “função atitudinal” (GONÇALVES, 2008, p. 160) em que “a semântica dos afixos tipicamente derivacionais pode se alterar em função do contexto ou da interação linguística” (GONÇALVES, 2008, p. 159). Ainda conforme Gonçalves (2008, p. 165) “a principal função da morfologia do grau é a expressão da subjetividade: afixos dimensivos e intensivos revelam o impacto pragmático do emissor sobre o referente”.

Nesse sentido, além do texto como um todo aqui analisado, as marcações feitas em vermelho (figura 5), podem enfatizar a construção da relação de conformidade teórica entre o material didático e o critério empírico “vi” de Gonçalves (2008).
Em relação a “Flexão dos adjetivos” (pág. 57) os autores mantêm o mesmo raciocínio em relação a “Flexão dos substantivos”, ou seja, “da mesma maneira que os substantivos, os adjetivos apresentam flexão de gênero e número” (CEREJA, VIANNA, DAMIEN, 2016, p. 57) enquanto o grau dos adjetivos, indicam sua natureza derivacional sufixal ou pelo acréscimo de outra palavra. Como a natureza da explicação é limitada e posta apenas com três frases, em caráter exemplificativo, abaixo da conceptualização, os autores adotam novamente o recurso de um quadro (figura 6) para ampliar o entendimento em relação aos aspectos formais e semânticos do comparativo e do superlativo. Por fim, esta atividade tentou demonstrar, por meio de uma síntese reflexivo-comparativa, a abordagem do livro didático, referente a expressão do grau em português, com o critério “vi” do texto teórico.

Referências

CEREJA, William Roberto; VIANNA, Carolina Assis Dias; CODENHOTO, Christiane Damien. Língua e Linguagem: O substantivo. In: CEREJA, William Roberto; VIANNA, Carolina Assis Dias; CODENHOTO, Christiane Damien. Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso. São Paulo: Saraiva, 2016. Cap. 1. p. 29-33. PNLD 2018, 2019, 2020.

CEREJA, William Roberto; VIANNA, Carolina Assis Dias; CODENHOTO, Christiane Damien. Língua e Linguagem: O adjetivo. In: CEREJA, William Roberto; VIANNA, Carolina Assis Dias; CODENHOTO, Christiane Damien. Português Contemporâneo: Diálogo, Reflexão e Uso. São Paulo: Saraiva, 2016. Cap. 2. p. 57-58. PNLD 2018, 2019, 2020.

VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S.F. Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2008.


Nenhum comentário:

Postar um comentário